Por Jeorge Cardozo
Umas das questões emblemáticas
dessa crise política e econômica atual perpassam pelo entendimento das máximas
de Marx e Engels a cerca do capitalismo e da burguesia, classe detentora do
capital, das ideias e, consequentemente, responsáveis diretos por todos os
males do mundo na atualidade.
Para o nosso entendimento, vou
aqui reproduzir parte de textos originais com as ideias e máximas desses
autores, a partir de grifos nossos, demostrando que esses dois autores tem
sempre razão a cerca do desenvolvimento e consequências do capitalismo, da
burguesia e de seus antagonismos posteriores.
Na página 5O, da edição 2OO2, do
Manifesto Comunista, Marx e Engels preconizam que “A burguesia suprime cada vez
mais a dispersão dos meios de produção, da propriedade e da população, suprime
na medida em que, através da compra, fusão ou fechamento de fábricas, elimina a
concorrência. Aglomerou a população, centralizou os meios de produção e
concentrou a propriedade em poucas mãos. A consequência necessária disso foi a
centralização política e o inchamento das cidades e seus guetos. Províncias
independentes, ligadas entre si quase que só por laços confederativos, com
interesses, leis, governos e tarifas aduaneiras diferentes, foram reunidas em
uma só nação, com um só governo, uma só legislação, um só interesse nacional de
classe, uma só barreira alfandegaria”.
Continuam eles, ainda na página
5O, “Em seu domínio de classe de apenas cem anos, a burguesia criou forças
produtivas mais poderosas e colossais do que todas as gerações passadas em
conjunto. Lembre-se que os cem anos referidos, refere-se ao tempo de publicação
da obra, ora comentada. Portanto, hoje são quase trezentos anos. Subjugação das
forças da natureza, maquinaria, aplicação da química na indústria e na
agricultura, navegação a vapor, ferrovias, telégrafo elétrico, exploração de
continentes inteiros, navegabilidade dos rios, populações inteiras brotadas do
solo como que por encanto – qual século anterior poderia suspeitar que
semelhantes forças produtivas estivessem adormecidas no seio do trabalho
social”? Veja que o avião e o carro ainda não existiam quando da publicação da
citada obra.
Continuam eles, “Vimos, portanto,
que os meios de produção e de troca à base dos quais veio se constituindo a
burguesia foram produzidos no interior da sociedade feudal. Refere-se ao
momento do desenvolvimento do capitalismo, quando ainda existiam resquícios do
antigo regime feudal. Num certo estágio de desenvolvimento desses meios de
produção e de troca, as condições nas quais a sociedade feudal produzia e
trocava, quer dizer, as organizações feudais da agricultura e da manufatura,
numa palavra, as relações feudais de propriedade, deixaram de corresponder às
forças produtivas já desenvolvidas. Entravavam a produção ao invés de
impulsioná-la. Transformaram-se em outras tantas cadeias. Precisavam ser
despedaçadas e foram despedaçadas”. Aqui é interessante observar que, segundo
os autores, há uma contradição. Essa contradição é o momento em que um modelo econômico
não consegue mais dar resposta a sociedade, ou seja, não consegue mais
alimentar e gerar riqueza, entrando em colapso e criando obstáculo para o “novo”
em andamento.
“Em seu lugar implantou-se a
livre concorrência, com uma constituição política e social apropriada, com o
domínio econômico e político da classe burguesa”. Livre concorrência no sentido
em que não há mais a mão do Estado na economia, a própria concorrência define
quem fica e quem sai da disputa do mercado.
“Assistimos hoje a um movimento
análogo. As relações burguesas de produção e de troca, as relações burguesas de
propriedade, a moderna sociedade burguesa, que fez surgir como que por encanto
possantes meios de produção e de troca, assemelham-se ao feiticeiro que já não
pode controlar as potencias infernais por ele postas em movimento. Há mais de
uma década a história da indústria e do comércio não é senão a história da
revolta das forças produtivas modernas contra as modernas relações de produção,
contra as relações de propriedade que são a condição de existência da burguesia
e de seu domínio. Basta mencionar as crises comerciais que, com seu periódico
retorno, põem em questão e ameaçam cada vez mais a existência de toda a
sociedade burguesa. Nas crises comerciais é destruída regularmente uma grande
parte não só dos produtos fabricados, como também das forças produtivas já
criadas. Nessas crises, irrompe uma epidemia social que em épocas precedentes
teria parecido um absurdo – a epidemia da superprodução. A sociedade vê-se
repentinamente reconduzida a um estado de barbárie momentânea; o comercio e a
indústria parecem aniquilados, e por quê? Porque a sociedade possui demasiada
civilização, demasiados meios de subsistência, demasiada indústria, demasiado
comercio. As forças produtivas disponíveis já não favorecem mais o
desenvolvimento da civilização burguesa e das relações burguesas de
propriedade; ao contrario, tornaram-se poderosas demais para essas relações e
passam a ser por elas travadas; e, assim que vencem esse obstáculo, desarranjam
toda a sociedade, põe em perigo a existência da propriedade burguesa. As
relações burguesas tornaram-se estreitas demais para conter a riqueza por elas
mesmas criadas. E de que modo a burguesia vence tais crises? Se um lado,
através da destruição forçada de uma massa de forças produtivas; de outro,
através da conquista de novos mercados e da exploração mais intensa dos
antigos. De que modo, portanto? Mediante a preparação de crises mais gerais e mais
violentas e a diminuição dos meios de evita-las. Aqui está a chave do momento
de crise atual, quando os autores mostram claramente as relações promiscuas
exercida pelo capital, “fabricando” crises, derrubando governo soberano que se opõem
a toda essa barbárie, derrubam moedas e bolsas, gerando crises, pois, o
capitalismo sobrevive das crises, por ele mesmo criadas e disseminadas, para
gerar novos ciclos e ganhar novos mercados.
AS armas de que se serviu a burguesia
para abater o feudalismo voltam-se agora contra a própria burguesia. Refere-se
ao antagonismo criado, ou seja, pobreza e miséria para a maioria e opulência para
uma minoria, gerando convulsão social e revoluções.
Mas a burguesia não forjou apenas
as armas que lhe trarão a morte; produziu também os homens que empunharão essas
armas – os operários modernos, os proletários, trabalhadores.
Na mesma proporção em que se
desenvolve a burguesia, ou seja, o capital, desenvolve-se também o
proletariado, a classe dos operários modernos, que só encontram trabalho na
medida em que o seu trabalho aumente o capital. Tais operários, obrigados a se
vender peça por peça, são uma mercadoria como qualquer outro artigo de comercio
e estão, portanto, expostos a todas as vicissitudes da concorrência, a todas as
flutuações do mercado. Pag. 5O e 51. O operário passa a se confundir com a própria
mercadoria por ele produzida, é o processo de alienação e coisificação do
operário.
O desenvolvimento da maquinaria e
a divisão do trabalho levam o trabalho dos proletários a perder todo caráter independente
e com isso qualquer atrativo para o operário. Esse se torna um simples
acessório da máquina, do qual só se requer a operação mais simples, mais
monótona, mais fácil de aprender. Em decorrência, as despesas causadas pelo
operário reduzem-se quase exclusivamente aos meios de subsistência de que
necessita para sua manutenção e para a reprodução de sua espécie. Mas o preço
de uma mercadoria e, portanto, o do trabalho, é igual ao seu custo de produção.
Logo, à medida que aumenta o tédio do trabalho, diminui o salário. Mais ainda:
à medida que crescem a maquinaria e a divisão do trabalho, cresce também a
massa de trabalho, quer através do aumento do trabalho exigido num certo tempo,
quer através da aceleração da velocidade das máquinas, etc. pag. 52. Com isso,
criam-se um excedente de mão de obra com o avanço da tecnologia aplicada na
produção, levando o salario, cada vez mais, para baixo e aumento dos produtos produzidos.
A indústria moderna transformou a
pequena oficina do mestre-artesão patriarcal na grande fábrica do capitalista
industrial burguês. Massas de operários, aglomeradas nas fábricas, são
organizadas militarmente. Como simples soldados da indústria, são postos sob a
vigilância de uma completa hierarquia de suboficiais e oficiais. Não são apenas
servos da classe burguesa, do Estado burguês, mas são também, a cada dia e a
cada hora, escravizados pela máquina, pelo capataz e sobretudo pelo singular
burguês fabricante em pessoa. Tal despotismo é tão mais mesquinho, odioso e
exasperador quanto mais abertamente proclama ser o lucro seu objetivo último. Suboficiais
e oficiais, refere-se aos chefes, subgerente, gerentes, diretores da
atualidade.Pag. 52.
Quanto menos habilidade e força
exige o trabalho manual, quer dizer, quanto mais a indústria moderna se
desenvolve, mais o trabalho dos homens é suplantado pelo das mulheres e
crianças. As diferenças de sexo e de idade não têm mais valor social para a
classe operária. Ficam apenas instrumentos de trabalho, cujo custo varia
conforme a idade e o sexo. Hoje o operário não é mais suplantado pelas mulheres
e crianças e sim, pela automação, pag. 52.
Uma vez terminada a exploração do
operário pelo fabricante, isto é, logo que o operário recebe seu salário, caem
sobre ele às outras partes da burguesia: o proprietário da casa, o merceeiro, o
usuário, as contas, etc. Refere-se as despesas que o operário tem que pagar ao
fim de cada mês, como aluguel, condomínio, água, luz, escola, saúde, taxas e
etc. pag. 52-53.
As que até agora fora, as
pequenas camadas médias – os pequenos industriais, os pequenos comerciantes e
os que vivem de pequenas rendas, os artesões e os camponeses -, todas essas
classes caem no proletariado; em parte porque sua habilidade é desvalorizada
pelos novos métodos de produção. Assim, o proletariado é recrutado em todas as
classes da população. Refere-se a classe média, o pequeno comerciante, o dono
da pequena oficina que, não conseguem competir no mercado tão desleal, que
voltam ao mercado em busca de emprego Pag. 53.
O proletariado passa por
diferentes fases de desenvolvimento. Sua luta contra a burguesia começa com sua
própria existência. Refere-se as lutas que o operário tem no dia contra o
patrão por causa das condições impostas por eles. Pag. 53.
No principio, luta, operários
isolados, depois os operários de uma mesma fábrica, a seguir os operários de um
mesmo ramo da indústria, numa dada localidade, contra o burguês singular que os
explora diretamente. Dirigem seus ataques não apenas contra as relações
burguesas de produção, mas contra os próprios instrumentos de produção;
destroem as mercadorias estrangeiras que lhes fazem concorrência, quebram as
máquinas, incendeiam as fábricas, procuram reconquistar pela força a
desaparecida posição do trabalhador da Idade Média. Pag. 53.
Nessa fase, os operários
constituem uma massa disseminada por todo o país e dispersa pela concorrência.
A aglomeração de operários em grandes massas ainda não é o resultado da sua
própria união, mas da união da burguesia, a qual, para alcançar seus próprios
objetivos políticos, é obrigada a colocar em movimento todo o proletariado, o
que por enquanto ainda pode fazer. Nessa fase, portanto, os proletários não
combatem os seus inimigos, mas os inimigos de seus inimigos, os restos da
monarquia absoluta, os proprietários de terras, os burgueses não industriais,
os pequenos burgueses. Assim, todo o movimento histórico está concentrado nas
mãos da burguesia; toda vitória obtida nessas condições é uma vitória da
burguesia. Referem-se na atualidade, as mediadas econômicas tomadas, são, em
geral, para beneficiar a burguesia. Pag. 53.
Porém, com o desenvolvimento da
indústria, o proletariado não apenas se multiplica; concentra-se em massas cada
vez maiores, sua força aumenta e ele sente mais tudo isso. Os interesses, as
condições de existência no interior do proletariado igualam-se cada vez mais, à
medida que a maquinaria elimina todas as distinções de trabalho e reduz, quase
por toda parte, os salários a um mesmo nível baixo. A crescente concorrência
dos burgueses entre si e as crises comerciais que disso resultam tornam os
salários dos operários cada vez mais instáveis; o aperfeiçoamento constante e
cada vez mais rápido das máquinas torna as condições de vida do operário cada
vez mais precário; os choques entre o operário e o burguês singular assumem
cada vez mais o caráter de conflitos entre duas classes. Os operários começam a
formar coalizões contra os burgueses; reúnem-se para defender seus salários.
Chegam até mesmo a fundar associações permanentes para estarem precavidos no
caso de eventuais sublevações. Aqui e ali a luta explode em revoltas. Refere-se
ao momento atual de crise, em que o operário começa a perceber a dominação do
capital sobre ele e aí, começa a reagir. Pag. 53 e 54.
De tempos em tempos os operários
triunfam, mas é um triunfo efêmero. O verdadeiro resultado de suas lutas não é
o êxito imediato, mas a união cada vez mais ampla dos operários. Tal união é
facilitada pelo crescimento dos meios de comunicação que são criados pela
grande indústria e que colocam em contato para centralizar as numerosas lutas
locais, todas do mesmo caráter, numa luta nacional, numa luta de classes. Mas
toda luta de classes é uma luta politica. E a união que os habitantes das
cidades da Idade Média, com seus caminhos vicinais, levaram séculos para
alcançar é hoje, com as ferrovias, aviação e demais inovações dos meios de
transportes conseguidas em poucos anos pelos proletários modernos. Refere-se as
vitorias isoladas conquistadas pelos operários, mas, para os autores só uma vitória
definitiva do operário contra a estrutura montada pelo capital e pela burguesia
levará o capitalismo e a burguesia a morte. Pag. 54.
Essa organização do proletariado
em classe e, com isso, em partido político, é incessantemente abalada pela
concorrência entre os próprios operários. Mas renasce sempre, cada vez mais
forte, mais firme, mais poderosa. Aproveita-se das divisões internas da
burguesia para força-la a reconhecer, sob a forma de lei, certos interesses
particulares dos operários. Foi assim, por exemplo, com a Lei das dez horas de
trabalho na Inglaterra. Refere-se às lutas travadas pelos operários no século XIX
para conseguir a jornada diária de dez horas. Lembre-se que na atualidade a
jornada é de oito horas e, já tem projetos para baixar para seis horas. Pag.
54.
Em geral, os choques da velha
sociedade favoreceram de diversas maneiras o desenvolvimento do proletariado. A
burguesia vive em luta continua; no inicio, contra a aristocracia; depois,
contra as partes da própria burguesia cujos interesses entram em conflito com
os progressos da indústria; e sempre contra a burguesia dos países
estrangeiros. Em todas essas lutas, vê-se obrigados a apelar para o
proletariado, a solicitar seu auxilio e arrasta-lo assim para o movimento
politico. A burguesia mesma, portanto, fornece ao proletariado os elementos de
sua própria educação, isto é, armas contra si mesma. A educação referida acima se
refere a elementos de sua própria educação politica e geral. Pag. 54 e 55.
Além do mais, como já vimos, com o
progresso da indústria, frações inteiras da classe dominante são lançadas no
proletariado, ou pelo menos ameaçadas em suas condições de existência. Também
elas fornecem ao proletariado uma massa de elementos de educação. Essa educação
refere-se a elementos de instrução e de progresso. Refere-se ao empobrecimento
de setores da burguesia, provocado pelas crises constantes do capitalismo. Pag.
55.
Finalmente, nos períodos em que a
luta de classes se aproxima da hora decisiva, o processo de dissolução da
classe dominante, de toda a velha sociedade, adquire um caráter tão violento e
agudo que uma pequena parte da classe dominante se desliga dela e se junta à classe
revolucionaria, à classe que traz o futuro nas mãos. Portanto, assim como
outrora uma parte da nobreza passou-se para a burguesia , hoje uma parte dos
ideólogos burgueses que conseguiram alcançar uma compreensão teórica do
movimento histórico em seu conjunto. Pag. 55.
De todas as classes que hoje se
opõem à burguesia, apenas o proletariado é uma classe verdadeiramente
revolucionaria. As demais classes vão-se arruinando e por fim desaparecem com a
grande indústria; o proletariado é o seu produto mais autêntico. Pag. 55.
As camadas médias, o pequeno
industrial, o pequeno comerciante, o artesão, o camponês, combatem a burguesia
para salvar da ruina sua própria existência como camadas médias. Não são portanto
revolucionarias, mas conservadoras. Mais ainda, são reacionárias, pois procuram
fazer retroceder a roda da história. Quando se tornam revolucionarias, é em
consequência de sua iminente passagem para o proletariado; defendem então seus
interesses presentes, abandonando seu próprio ponto de vista pelo do
proletariado. Refere-se a atual classe média que, em determinado momento de
crise, se alia ao operário e em outro, os traem, como o que acontece com a
crise atual aqui no Brasil. Pag. 55.
O Lumpemproletariado, setor do
operariado inapto para exercer trabalho regular, essa putrefação passiva dos
estratos mais baixos da velha sociedade, pode, aqui e ali, ser arrastado ao
movimento por uma revolução proletária; no entanto, suas condições de
existência o predispõem bem mais a se deixar comprar por tramas reacionárias. Refere-se
às miseráveis que não tem as condições mínimas de sobrevivência e, que,
portanto, são levados por interesse mesquinhos e imediatos. Pag. 55.
As condições de existência da
velha sociedade já estão anuladas nas condições de existência do proletariado.
O proletário é sem propriedade; suas relações com a mulher e os filhos nada têm
de comum com as relações familiares burguesas; o moderno trabalho industrial, a
moderna subjugação ao capital – idêntica na Inglaterra e na França, na América
e na Alemanha -, despojou-o de todo caráter nacional. As Leis, a moral, a
religião são para ele meros preconceitos burgueses, por detrás dos quais se
ocultam outros tantos interesses burgueses. Pag. 56.
Todas as classes que no passado
conquistaram o poder procuraram consolidar a posição já adquirida submetendo
toda a sociedade às suas condições de apropriação. Os proletários não podem se
apoderar das forças produtivas sociais a não ser suprimindo o modo de
apropriação a elas correspondente e, com isso, todo modo de apropriação
existente até hoje. Os proletários nada têm de seu para salvaguardar; têm para
destruir toda a segurança privada e todas as garantias privadas até aqui
existentes. Por não possuir nada de palpável, cabe ao operário destruir o
sistema capitalista e criar um mais humano, onde todos, sejam iguais. Pag. 56.
Todos os movimentos precedentes
foram movimentos de minorias ou no interesse de minorias. O movimento proletário
é o movimento independente da imensa maioria no interesse da imensa maioria. O proletariado,
estrato inferior da atual sociedade, não pode erguer-se, pôr-se de pé, sem que
salte pelos ares toda a superestrutura dos estratos que constituem a sociedade
oficial. Obviamente, que, para sobreviver e dominar, a classe burguesa
capitalista, cria os antagonismos de dominação, no caso, a superestrutura de
dominação, ou seja, o modo todo seu de dinamizar as suas ideias. Pag. 56.
Não por seu conteúdo mas por sua
forma, a luta do proletariado contra a burguesia é, num primeiro tempo, uma
luta nacional. O proletariado de cada país deve evidentemente acabar, antes de
mais nada, com sua própria burguesia. Pag. 56.
Esboçando as fases mais gerais do
desenvolvimento do proletariado, seguimos a guerra civil mais ou menos oculta
dentro da sociedade atual, até o momento em que ela explode numa revolução aberta
e o proletariado funda sua dominação com a derrubada violenta da burguesia. Pag.
56.
Toda sociedade até aqui existente
repousou, como vimos, no antagonismo entre classes de opressores e classes de
oprimidos. Mas, para que uma classe possa ser oprimida, é preciso que lhe sejam
asseguradas condições nas quais possa ao menos dar continuidade à sua existência
servil. O servo, durante a servidão, conseguiu tornar-se membro da comuna,
assim como o burguês embrionário, sob o do absolutismo feudal, conseguiu tornar-se
burguês. O operário moderno, ao contrario, ao invés de se elevar com o
progresso da indústria, desce cada vez mais, caindo inclusive abaixo das
condições de existência de sua própria classe. O operário torna-se um pobre e o
pauperismo cresce ainda mais rapidamente do que a população e a riqueza. Fica
assim evidente que a burguesia é incapaz de continuar por muito mais tempo
sendo a classe dominante da sociedade e de impor à sociedade, como lei
reguladora, as condições de existência de sua própria classe. É incapaz de
dominar porque é incapaz de assegurar a existência de seu escravo em sua
escravidão, porque é obrigada a deixa-lo cair numa situação em que deve
alimentá-lo ao invés de ser por ele alimentada. A sociedade não pode mais
existir sob sua dominação, quer dizer, a existência da burguesia não é mais compatível
com a sociedade. Pag. 56 e 57.
A condição mais essencial para a existência
e a dominação da classe burguesa é a acumulação da riqueza nas mãos de
particulares, a formação e o aumento do capital; a condição do capital é o
trabalho assalariado. O trabalho assalariado baseia-se exclusivamente na concorrência
dos operários entre si. O progresso da indústria, cujo agente involuntário e
passivo é a própria burguesia, substitui o isolamento dos operários, resultante
da concorrência, por sua união revolucionária resultante da associação. Assim,
o desenvolvimento da grande indústria abala sob os pés da burguesia a própria base
sobre a qual ela produz e se apropria dos produtos, A burguesia produz, acima
de tudo, seus próprios coveiros. Seu declínio e a vitória do proletariado são
igualmente inevitáveis. Pag. 57.