terça-feira, 17 de janeiro de 2017

-FILOSOFIA PARA CRIANÇAS!

por Jeorge Cardozo*

“... A consciência, hoje comum, da possibilidade da autodestruição humana. Tudo parece apontar, em sinistra evidencia, para o desaparecimento do homem” (Karl Jaspers, 1965, p. 20).

Ideologicamente atenta e socialmente critica.  Reconhecendo que nenhum valor ético e estético é politicamente neutro, a filosofia para criança deve recorrer ao conjunto de teoria critica associada às orientações afetivas e moderada, uma vez que estas constituem os desafios primordiais à hegemonia modernista. Ao mesmo tempo, deve continuamente avaliar criticamente esta teoria e seus argumentos.

“A transformação da existência humana em um processo de produção e consumo resulta em uma aceleração crescente da troca de bens. Todas as coisas – habitação, vestuário, mobiliário, economias – assumem caráter efêmero” (Karl Jaspers, 1965, p. 29, 30).

Buscando rebalancear pares correlacionados que estão dissociados e distorcidos no paradigma dualístico dominante. Estes incluem aspectos pessoais como conhecimento e valores, aprendizado cognitivo e afetivo, racionalidade e intuição, objeto e sujeito, aspectos materiais e espirituais; e aspectos coletivos como a economia, a política, a violência, conflitos religiosos, os valores éticos e morais, família, casamento, consumo, destruição ambiental, desmatamento e a ecologia, presente e futuro, ideologia e mais valia, local e global, individuo e comunidade e etc.

“E nós? Existimos verdadeiramente, enquanto sujeitos em busca de objetos que vêm a nosso encontro ou se colocam diante de nós? Antes que o busquemos, é preciso que o objeto exista para nós; com efeito, não temos consciência de nós mesmos se não a partir do momento em que nos encontramos tendendo para objetos. Não há objeto sem sujeito, nem sujeito sem objeto” (Karl Jaspers, 1965, p. 37.)

Colocando ênfase na relação e padrão (ética, afetividade, estética, sensibilidade); encontrando uma conscientização e sabedoria sistêmicas e participativas em relação à concepção literária exemplificadas nos mitos greco-romanos, indígenas e afro-brasileiros, na música e na sétima arte, não seletiva, mas para todas as pessoas em todas as áreas da vida, e se estendendo para além de suas fases ideológicas da vida, tais como criança e adolescência, explorando, testando, criticando e nutrindo os valores e alternativas sustentáveis, com uma explicita intenção de mudança na mentalidade dos envolvidos com a filosofia. Clareando questões éticas, mas também alimentando a sensibilidade ética normativa que relaciona e torna indissociável o que é profundamente pessoal e coletivo, ou seja, estende à fronteira do conhecimento comum para além do imediato e pessoal, em direção a um senso participativo de solidariedade para com as outras pessoas, ambiente e espécies a distancia, e as futuras gerações, esta é a ética transpessoal refletindo um pluralismo no pensar das crianças.

O homem é como é, porque reconhece essa dignidade em si mesmo e nos outros homens. Kant o disse de maneira maravilhosamente simples: nenhum homem pode ser, para outro, apenas meio; cada homem é um fim em si mesmo”. (Karl Jaspers, 1965, p. 54).

Voltado para a prática pedagógica fundamentada na filosofia e na ética que valorize a afetividade e a estética através de modos de educar para pensar; baseado na dimensão estética, ou na educação dos sentimentos e das emoções e não apenas em princípios racionalizados; considerando a participação ativa da criança nas definições e encaminhamentos do processo como principio do programa; desenvolver o espirito e o pensar critico-filosófico, criativo e incentivo; ampliar as reflexões sobre o horizonte cultural das crianças, trazendo para a sala de aula as informações o que geralmente não são tratados na escola; integrar o trabalho cultural com aspectos éticos, despertando valores universais, como fraternidade, não violência, contra revolução etc.; incentivar a participação ativa de pais e professores estimulando um ambiente democrático na escola e comunidade; articular o trabalho cultural com a música, a sétima arte, a mitologia com o aspecto ético e moral; transformar a sala de aula em uma comunidade de aprendizagem investigativa entre outras ações são objetivos pedagógicos aplicados ao ensino de filosofia para crianças e jovens.

“O abrangente só existe na medida em que aparece na dicotomia sujeito-objeto e se torna consciente de si mesmo, por assim dizer, como seu próprio objeto” (Karl Jaspers, 1965, p.44).

Deve conter bases metodológicas, operacional, organização metodológica, desenvolvimento, metas, avaliação de impactos, resultados e cronogramas das oficinas além, de orçamento financeiro, a filosofia para crianças é de suma importância para a garotada bem como, para os profissionais envolvidos no mesmo.

Trata-se, portanto, de abordagem de assuntos pertinentes ao campo da filosofia, do conhecimento, da ética, do valor, da moral e do pensar critico e filosófico para as crianças e jovens. Desta forma, o ensino de filosofia para crianças e jovens é a libertação do livre pensar e da compreensão das nuances do mundo pós-moderno.
*Jeorge Cardozo é graduado em filosofia e mestre em educação e contemporaneidade, políticas públicas e desenvolvimento local sustentável.