por Jeorge Cardozo*
“... A consciência, hoje comum, da possibilidade da
autodestruição humana. Tudo parece apontar, em sinistra evidencia, para o
desaparecimento do homem” (Karl Jaspers, 1965, p. 20).
Ideologicamente atenta e
socialmente critica. Reconhecendo que
nenhum valor ético e estético é politicamente neutro, a filosofia para criança
deve recorrer ao conjunto de teoria critica associada às orientações afetivas e
moderada, uma vez que estas constituem os desafios primordiais à hegemonia
modernista. Ao mesmo tempo, deve continuamente avaliar criticamente esta teoria
e seus argumentos.
“A transformação da existência humana em um processo de
produção e consumo resulta em uma aceleração crescente da troca de bens. Todas as
coisas – habitação, vestuário, mobiliário, economias – assumem caráter efêmero”
(Karl Jaspers, 1965, p. 29, 30).
Buscando rebalancear pares
correlacionados que estão dissociados e distorcidos no paradigma dualístico
dominante. Estes incluem aspectos pessoais como conhecimento e valores,
aprendizado cognitivo e afetivo, racionalidade e intuição, objeto e sujeito,
aspectos materiais e espirituais; e aspectos coletivos como a economia, a
política, a violência, conflitos religiosos, os valores éticos e morais,
família, casamento, consumo, destruição ambiental, desmatamento e a ecologia,
presente e futuro, ideologia e mais valia, local e global, individuo e
comunidade e etc.
“E nós? Existimos verdadeiramente, enquanto sujeitos em busca
de objetos que vêm a nosso encontro ou se colocam diante de nós? Antes que o
busquemos, é preciso que o objeto exista para nós; com efeito, não temos consciência
de nós mesmos se não a partir do momento em que nos encontramos tendendo para
objetos. Não há objeto sem sujeito, nem sujeito sem objeto” (Karl Jaspers,
1965, p. 37.)
Colocando ênfase na relação e
padrão (ética, afetividade, estética, sensibilidade); encontrando uma
conscientização e sabedoria sistêmicas e participativas em relação à concepção
literária exemplificadas nos mitos greco-romanos, indígenas e afro-brasileiros,
na música e na sétima arte, não seletiva, mas para todas as pessoas em todas as
áreas da vida, e se estendendo para além de suas fases ideológicas da vida,
tais como criança e adolescência, explorando, testando, criticando e nutrindo
os valores e alternativas sustentáveis, com uma explicita intenção de mudança
na mentalidade dos envolvidos com a filosofia. Clareando questões éticas, mas
também alimentando a sensibilidade ética normativa que relaciona e torna indissociável
o que é profundamente pessoal e coletivo, ou seja, estende à fronteira do
conhecimento comum para além do imediato e pessoal, em direção a um senso
participativo de solidariedade para com as outras pessoas, ambiente e espécies a
distancia, e as futuras gerações, esta é a ética transpessoal refletindo um
pluralismo no pensar das crianças.
“O homem é como é, porque reconhece essa dignidade em si mesmo
e nos outros homens. Kant o disse de maneira maravilhosamente simples: nenhum
homem pode ser, para outro, apenas meio; cada homem é um fim em si mesmo”.
(Karl Jaspers, 1965, p. 54).
Voltado para a prática pedagógica
fundamentada na filosofia e na ética que valorize a afetividade e a estética através
de modos de educar para pensar; baseado na dimensão estética, ou na educação
dos sentimentos e das emoções e não apenas em princípios racionalizados;
considerando a participação ativa da criança nas definições e encaminhamentos
do processo como principio do programa; desenvolver o espirito e o pensar
critico-filosófico, criativo e incentivo; ampliar as reflexões sobre o horizonte
cultural das crianças, trazendo para a sala de aula as informações o que
geralmente não são tratados na escola; integrar o trabalho cultural com
aspectos éticos, despertando valores universais, como fraternidade, não
violência, contra revolução etc.; incentivar a participação ativa de pais e
professores estimulando um ambiente democrático na escola e comunidade;
articular o trabalho cultural com a música, a sétima arte, a mitologia com o
aspecto ético e moral; transformar a sala de aula em uma comunidade de
aprendizagem investigativa entre outras ações são objetivos pedagógicos
aplicados ao ensino de filosofia para crianças e jovens.
“O abrangente só existe na medida
em que aparece na dicotomia sujeito-objeto e se torna consciente de si mesmo,
por assim dizer, como seu próprio objeto” (Karl Jaspers, 1965, p.44).
Deve conter bases metodológicas,
operacional, organização metodológica, desenvolvimento, metas, avaliação de
impactos, resultados e cronogramas das oficinas além, de orçamento financeiro,
a filosofia para crianças é de suma importância para a garotada bem como, para
os profissionais envolvidos no mesmo.
Trata-se,
portanto, de abordagem de assuntos pertinentes ao campo da filosofia, do
conhecimento, da ética, do valor, da moral e do pensar critico e filosófico
para as crianças e jovens. Desta forma, o ensino de filosofia para crianças e
jovens é a libertação do livre pensar e da compreensão das nuances do mundo pós-moderno.
*Jeorge Cardozo é graduado em filosofia e mestre em educação
e contemporaneidade, políticas públicas e desenvolvimento local sustentável.