O
governador Jaques Wagner, supõe-se, abriu a sua própria sucessão na
primeira reunião que realizou para tratar da questão e, seguramente,
também de outros assuntos. Teria que ser com o seu vice, Otto Alencar, a
quem declarou, para festa de integrantes do PSD, que ele poderá
escolher um candidato de outro partido que não seja o PT, para
representar a base política que sustenta o seu governo. Otto é
presidente do PSD, partido que alcançou resultados expressivos nas
eleições recentes, elegendo nada menos de 72 prefeitos. Está, por
consequência, “cacifado” para se apresentar como pretendente à sucessão
de Wagner.
Se o primeiro político a tratar da sua
sucessão foi o seu vice, é de se esperar, mas convém aguardar, que
Wagner proceda de forma idêntica com outros nomes falados nos bastidores
como candidatáveis, embora tudo seja muito precoce. Afinal, Wagner não
fechou, ainda, o segundo ano do seu segundo mandato. O governo do Estado
tem uma série de projetos para executar no tempo que resta ao
governador, obras importantes aqui em Salvador e, de igual modo, no
interior. Terá que ir em busca do tempo perdido. A execução de projetos o
fortalecerá no governo e poderá resgatar algumas derrotas ocorridas nas
últimas eleições, como nos dois colégios eleitorais mais importantes da
Bahia, Salvador e Feira de Santana. Trata-se, como se observa, também
de suposição.
Talvez a declaração do governador de que
poderá optar por outro partido que não o PT seja uma forma para
pacificar os ruídos que já se observam em legendas que o apoiam. Afinal,
Wagner é petista, mas o PT não é dono do governo. Ou não deveria. Em
torno, há diversos partidos e o mais importante deles é, sem dúvida, o
PSD, embora fundado há pouco tempo. Seria, consequentemente, justo que o
primeiro que pacificasse dizendo-se aberto para estudar outra legenda,
além da dele, fosse o seu vice-governador, abrindo-se por aí um
arejamento do processo que irá enfrentar mais adiante.
Na
verdade, as demais legendas da base governistas têm menor expressão,
como é o caso do PDT de Marcelo Nilo, embora não esteja aqui a excluí-lo
num momento em que o deputado estadual está totalmente mergulhado no
projeto de conquistar o quarto mandato sequenciado para presidir a
Assembleia Legislativa. Fato, aliás, que não tenho conhecimento, nem
lembrança de ter acontecido na Bahia, nos longos anos em que atuo na
imprensa política. Leve-se em consideração a fragilidade da oposição e o
número de parlamentares que aderiram o governo petista.
O PSD é um partido que nasceu em São Paulo, com Gilberto Kassab, para
suprir a vacância de uma legenda que pudesse obrigar parlamentares que
não estavam contentes com as suas agremiações, daí ter inflado com uma
rapidez extraordinária. Não é, portanto, respaldado em ideologias. Fica
mais próximo do PMDB. Este partido, que combateu a ditadura ainda como
MDB, foi conduzido por Ulysses Guimarães sempre na oposição, condição
que perdeu pouco a pouco para atuar com legenda que se agrega ao poder.
Embora sendo o maior partido do País, justamente em razão de tal
característica, é um aliado do governo, do poder, onde se sente mais à
vontade do que lançando-se para disputá-lo, fato que somente ocorreu uma
vez, justo na primeira eleição presidencial direta, com Ulysses
Guimarães como cabeça de chapa. A partir deste marco, foi aliado de
Fernando Collor, de Itamar Franco, de Fernando Henrique Cardoso, de
Lula, e agora de Dilma. Seria certamente também do diabo se,
porventura, satanás fosse candidato à Presidência.
É
do PMDB que o PSD mais se aproxima. O próprio fundador, Gilberto Kassab,
apoiou José Serra, candidato a prefeito em São Paulo, pelo PSDB e,
agora, pulou para o PT passando a apoiar Dilma Rousseff. Essa é a
ideologia das duas legendas. Em outros tempos, o primeiro ditador, logo
após o golpe de 1964, marechal Humberto de Alencar Castelo Branco,
costumava denominar os políticos que rondavam os militares no poder de
“vivandeiras de quartel.”
Como os quartéis silenciaram,
essa característica de políticos integrantes de partidos passou a ser
“vivandeiras do poder”. Creio que fica bem a denominação. O fato é que
se a sucessão estadual não está aberta, porque seria precipitação, os
ruídos sobre essa questão estão nos gabinetes e nos corredores do poder,
ou subpoder, com vantagem para o PSD de Otto Alencar. Não se pode, no
entanto, deixar à margem Walter Pinheiro, Rui Costa e José Sérgio
Gabrielli (são os que lembro) todos do PT. Porque, por ora, há apenas
sinal e Wagner é suficientemente adulto em política para dizer qualquer
coisa que não tenha sido justamente o que disse, contentando quem tinha
dúvidas.
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