sábado, 30 de novembro de 2013

-WAGNER ABRA SUCESSÃO BAIANA

O governador Jaques Wagner, supõe-se, abriu a sua própria sucessão na primeira reunião que realizou para tratar da questão e, seguramente, também de outros assuntos. Teria que ser com o seu vice, Otto Alencar, a quem declarou, para festa de integrantes do PSD, que ele poderá escolher um candidato de outro partido que não seja o PT, para representar a base política que sustenta o seu governo. Otto é presidente do PSD, partido que alcançou resultados expressivos nas eleições recentes, elegendo nada menos de 72 prefeitos. Está, por consequência, “cacifado” para se apresentar como pretendente à sucessão de Wagner.

Se o primeiro político a tratar da sua sucessão foi o seu vice, é de se esperar, mas convém aguardar, que Wagner proceda de forma idêntica com outros nomes falados nos bastidores como candidatáveis, embora tudo seja muito precoce. Afinal, Wagner não fechou, ainda, o segundo ano do seu segundo mandato. O governo do Estado tem uma série de projetos para executar no tempo que resta ao governador, obras importantes aqui em Salvador e, de igual modo, no interior. Terá que ir em busca do tempo perdido. A execução de projetos o fortalecerá no governo e poderá resgatar algumas derrotas ocorridas nas últimas eleições, como nos dois colégios eleitorais mais importantes da Bahia, Salvador e Feira de Santana. Trata-se, como se observa, também de suposição.

Talvez a declaração do governador de que poderá optar por outro partido que não o PT seja uma forma para pacificar os ruídos que já se observam em legendas que o apoiam. Afinal, Wagner é petista, mas o PT não é dono do governo. Ou não deveria. Em torno, há diversos partidos e o mais importante deles é, sem dúvida, o PSD, embora fundado há pouco tempo. Seria, consequentemente, justo que o primeiro que pacificasse dizendo-se aberto para estudar outra legenda, além da dele, fosse o seu vice-governador, abrindo-se por aí um arejamento do processo que irá enfrentar mais adiante.

Na verdade, as demais legendas da base governistas têm menor expressão, como é o caso do PDT de Marcelo Nilo, embora não esteja aqui a excluí-lo num momento em que o deputado estadual está totalmente mergulhado no projeto de conquistar o quarto mandato sequenciado para presidir a Assembleia Legislativa. Fato, aliás, que não tenho conhecimento, nem lembrança de ter acontecido na Bahia, nos longos anos em que atuo na imprensa política. Leve-se em consideração a fragilidade da oposição e o número de parlamentares que aderiram o governo petista.

O PSD é um partido que nasceu em São Paulo, com Gilberto Kassab, para suprir a vacância de uma legenda que pudesse obrigar parlamentares que não estavam contentes com as suas agremiações, daí ter inflado com uma rapidez extraordinária. Não é, portanto, respaldado em ideologias. Fica mais próximo do PMDB. Este partido, que combateu a ditadura ainda como MDB, foi conduzido por Ulysses Guimarães sempre na oposição, condição que perdeu pouco a pouco para atuar com legenda que se agrega ao poder.

Embora sendo o maior partido do País, justamente em razão de tal característica, é um aliado do governo, do poder, onde se sente mais à vontade do que lançando-se para disputá-lo, fato que somente ocorreu uma vez, justo na primeira eleição presidencial direta, com Ulysses Guimarães como cabeça de chapa. A partir deste marco, foi aliado de Fernando Collor, de Itamar Franco, de Fernando Henrique Cardoso, de Lula, e agora de Dilma. Seria certamente também do diabo se, porventura, satanás fosse candidato à Presidência.

É do PMDB que o PSD mais se aproxima. O próprio fundador, Gilberto Kassab, apoiou José Serra, candidato a prefeito em São Paulo, pelo PSDB e, agora, pulou para o PT passando a apoiar Dilma Rousseff. Essa é a ideologia das duas legendas. Em outros tempos, o primeiro ditador, logo após o golpe de 1964, marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, costumava denominar os políticos que rondavam os militares no poder de “vivandeiras de quartel.”

Como os quartéis silenciaram, essa característica de políticos integrantes de partidos passou a ser “vivandeiras do poder”. Creio que fica bem a denominação. O fato é que se a sucessão estadual não está aberta, porque seria precipitação, os ruídos sobre essa questão estão nos gabinetes e nos corredores do poder, ou subpoder, com vantagem para o PSD de Otto Alencar. Não se pode, no entanto, deixar à margem Walter Pinheiro, Rui Costa e José Sérgio Gabrielli (são os que lembro) todos do PT. Porque, por ora, há apenas sinal e Wagner é suficientemente adulto em política para dizer qualquer coisa que não tenha sido justamente o que disse, contentando quem tinha dúvidas.

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