Por Jeorge Cardozo
“Não é só na TV aberta. No
Brasil, houve um momento em que esse negócio de sexo exacerbou de tal maneira
que as meninas de 12 anos agora são moças! Ou pensam que são? Mas, não são, são
crianças cuidando de criança! Deveriam estarem brincando ou estudando. É uma
coisa pavorosa, porque você vê crianças com um apelo sexual incrível, imposto
pelas músicas, pelas danças e reproduzidas pela mídia mercadológica, que, como
diz o poeta Cazuza, ‘transformam um país inteiro em um puteiro, pois, assim, se
ganha mais dinheiro’! Está errado! Isso foi uma mudança cultural no Brasil dos
anos 1980 para cá, que ainda não foi devidamente estudada pelos antropólogos e
sociólogos de plantão, que estão mais preocupados com a política do que com
qualquer outra coisa e não percebem que isso também é política, pública.
A brasileira não é diferente de
nenhuma outra mulher do mundo, mas a levaram a acreditar que ela é um vulcão de
sensualidade, e agora a maioria se comporta como tal. Vi em várias ocasiões
pais que incentivavam filhas de 7 anos a dançar na boquinha da garrafa! Essas
coisas estão na TV, nas revistas, em todos os lugares! Aonde é que vamos para?
Foi por isso que botei aquela personagem adolescente grávida na novela, porque
passei três vezes na frente de uma maternidade do Estado e vi que na fila das
grávidas, onde havia umas 30 mulheres, pelos menos 20 eram adolescentes, e pelo
menos duas não teriam mais que 11 anos. Todas lá, com o barrigão de fora, como
se dissessem com orgulho ‘olha até onde me levou a minha sensualidade’!”.
(Texto adaptado de uma entrevista
do autor de novela Agnaldo Silva).
Nenhum comentário:
Postar um comentário