quarta-feira, 12 de agosto de 2015

-TELEVISÃO E SEXUALIDADE

Por Jeorge Cardozo

“Não é só na TV aberta. No Brasil, houve um momento em que esse negócio de sexo exacerbou de tal maneira que as meninas de 12 anos agora são moças! Ou pensam que são? Mas, não são, são crianças cuidando de criança! Deveriam estarem brincando ou estudando. É uma coisa pavorosa, porque você vê crianças com um apelo sexual incrível, imposto pelas músicas, pelas danças e reproduzidas pela mídia mercadológica, que, como diz o poeta Cazuza, ‘transformam um país inteiro em um puteiro, pois, assim, se ganha mais dinheiro’! Está errado! Isso foi uma mudança cultural no Brasil dos anos 1980 para cá, que ainda não foi devidamente estudada pelos antropólogos e sociólogos de plantão, que estão mais preocupados com a política do que com qualquer outra coisa e não percebem que isso também é política, pública.
A brasileira não é diferente de nenhuma outra mulher do mundo, mas a levaram a acreditar que ela é um vulcão de sensualidade, e agora a maioria se comporta como tal. Vi em várias ocasiões pais que incentivavam filhas de 7 anos a dançar na boquinha da garrafa! Essas coisas estão na TV, nas revistas, em todos os lugares! Aonde é que vamos para? Foi por isso que botei aquela personagem adolescente grávida na novela, porque passei três vezes na frente de uma maternidade do Estado e vi que na fila das grávidas, onde havia umas 30 mulheres, pelos menos 20 eram adolescentes, e pelo menos duas não teriam mais que 11 anos. Todas lá, com o barrigão de fora, como se dissessem com orgulho ‘olha até onde me levou a minha sensualidade’!”.

(Texto adaptado de uma entrevista do autor de novela Agnaldo Silva).

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