por Helena Teonila
Coisas de Helena Teonila: Varandas e Fios
Hoje me vejo na varanda, tecendo a vida, envolvida pelo ar nostálgico do meu Boulevard. Me sinto entrelaçada como seus fios sem fim que se encontram num energia única.
No silêncio ouço os sons da rua, as folhas da árvore, o vento, uma música instrumental em alguma casa, os passos de alguém na rua, um casal conversando e rindo e , por um segundo, ouço um assobio bem longe. Minha memória se reporta a ela e meu olhar percorre os fios para outra varanda da rua, a que ela assobiava todos os dias quando eu saía ou chegava, mas ela não estava mais alí.
E ao lembrar dela, da varanda percorro outros fios e me vejo nas varandas da infância. Eram duas, uma no térreo e, a outra, no 1º andar. Eram lindas com suas portas de arcos, pedras pretas em contraste com a cor branca da casa, pinhas, gradil e losangos de azulejos portugueses decorando as suas fachadas.
A vejo na varanda me chamando para entrar. Me vejo na rua brincando de picula, esconde- esconde, elástico, bicicleta, baleado, salada de frutas...
Ela vivia tão apressada que, uma vez, foi para o terminal de ônibus de anágua, sendo salva pelo fiscal de transportes que avisou que estava sem a saia. A vejo chegando em casa para colocar a saia as gargalhadas pelo ocorrido. Outras vezes foi de sandália japonesa e com pés de sapatos diferentes. Deu risadas de todas.
Era guerreira. Trabalhava três turnos e cuidava das tarefas domésticas, mas a vejo na varanda me segurando pelos braços e olhando fixamente para mim com seus lindos olhos verdes e dizendo: "minha filha, hoje você está tão linda". E, isso, era dito quase todos os dias.
Lembro dela lendo a oração da famíla no Natal. A oração ficava numa escultura em formato de livro que terminou quebrando ao cair.
Da varanda, também o conheci, mas minha memória não percorre o fio, talvez porque ele estava numa janela.
Então, da varanda lembro de outra varanda e percorro mais um fio me transportando para outro lugar. Sinto o cheiro do seu refogadinho de verdura, bolo de aimpim, cafezinho, feijão doce e moqueca de ostra. As rosas meninas não estão mais lá, mas toda vez que passo a vejo cuidando delas na varanda com seus cabelos de rinsagem, vestidinho de botões na frente, bolsos e cintinho. Era tão baixinha. Gostava de chinelinhos de contas coloridas comprados em lojas de chineses.
Abro um sorriso largo ao lembrar que sempre fui considerada por todos como sua preferida. Lembro de outro sorriso. Ele sempre o carregava no rosto. Adorava fazer cócegas na gente. Era tão eloquente...
Novamente pego o caminho de outro fio me transportando. Lembro da casa dele sempre cheia de pessoas, do copo de whisky com pedras de gelo de coco que era sagrado quando ele chegava do trabalho, das pessoas em volta da mesa jogando buraco, das quadrilhas improvisadas que dançávamos no São João, da piscina pequena, mas que cabia todos, da mesa de sinuca, do pastor alemão latindo , da rampa por onde chegavam as pessoas da famíla e vizinhos, dos quitutes de Regina e da varanda ... Me vejo olhando o mar daquela varanda. Como era calmo, sem ondas, mas tinha um muro que não nos deixava chegar até ele.
Percorro o caminho de volta a minha varanda por outro fio. Ouço uma guitarra tocando um blues, olho sorridente para o prédio ao lado, mas o vejo estendido inerte e lembro que, ele , também, não está mais lá. Lembro das nossas conversas. Adorava ouvir os seus ensinamentos sobre música, as suas histórias passadas, seus conselhos. e a sua história de amor com sua esposa. Ele me disse que iria fazer um casamento surpresa para ela depois de anos juntos. Acho que estavam juntos há 17 ou 22anos. A minha memória apagou o tempo que ele me disse. Ele partiu, um mês antes da sonhada festa de casamento, por um fio que o levou a outra dimensão da existência. Contei para ela um dia após a sua despedida. Naquele momento ela silenciou a sua dor.
De repente sorrio de novo ao lembrar dele me cumprimentando como sempre fez: "oi, menina".
Penso que a vida é formada por fios que se entrelaçam e nos levam as nossas varandas. Às vezes pensamos que a energia foi interrompida no caminho, mas sempre haverá postes alicerçados nos conduzindo àqueles que amamos. E, eles, estão lá, na varanda, nos esperando.
Volto ao emaranhado dos fios do meu Boulevard, meu olhar se volta para o início da rua e tenho a sensação de que alguém vai chegar.
A música continua a tocar e aquela sensação gostosa de frio na barriga de quem espera por alguém toma conta do meu corpo, sinto meu coração bater mais forte e meu rosto enrusbecer. Uma lágrima e um sorriso se misturam na minha face.
Como gosto de esperar alguém na varanda. Será que é aquela menina tão linda que vai chegar?
( Em memória dos que partiram para varandas em outra dimensão) Helena Teonila
por Jeorge Cardozo
O grande filosofo alemão Karl Marx diz em um de seus escritos de que a historia tem um caráter repetitivo, sendo que da primeira vez, ela aparece como farsa e na segunda, como tragédia.
O que quero dizer é que, em 1989, a Rede Globo juntamente com setores conservadores do empresariado, criaram a "farsa" Collor de Melo como o "Caçador de Marajás", e com esse discurso falso, ganhou as eleições e foi a farsa que foi. Agora em 2018, são os setores conservadores e corruptos das igrejas, das forças armadas, da segurança pública e de jovens transloucado, estão a dizerem que a tragédia Bolsonaro é o "Mito".
Não é que Marx tem sempre razão ao dizer de que a historia tem um caráter repetitivo, mascarada como farsa e como tragédia.
Portanto, cabe aos setores progressistas barrar essa tragédia chamada de Jair Bolsonaro de chegar a presidência e livrar o Brasil e o povo desse protótipo de fascista.
O que quero dizer é que, em 1989, a Rede Globo juntamente com setores conservadores do empresariado, criaram a "farsa" Collor de Melo como o "Caçador de Marajás", e com esse discurso falso, ganhou as eleições e foi a farsa que foi. Agora em 2018, são os setores conservadores e corruptos das igrejas, das forças armadas, da segurança pública e de jovens transloucado, estão a dizerem que a tragédia Bolsonaro é o "Mito".
Não é que Marx tem sempre razão ao dizer de que a historia tem um caráter repetitivo, mascarada como farsa e como tragédia.
Portanto, cabe aos setores progressistas barrar essa tragédia chamada de Jair Bolsonaro de chegar a presidência e livrar o Brasil e o povo desse protótipo de fascista.









