segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

NOVO ENSINO MÉDIO, FALÁCIAS PARA ENGANAR TROUXA'

 'NOVO ENSINO MÉDIO, FALÁCIAS PARA ENGANAR TROUXA'


por Jeorge Cardozo


"Por 15 meses, a pandemia do novo coronavírus mantém os estudantes longe das escolas. De acordo com a Unicef, em 2020, cerca de 5,5 milhões de crianças e adolescentes não tiveram acesso à educação, além disso 1,38 milhão de estudantes com idades entre 6 e 17 anos, abandonaram as aulas no Brasil.


Em meio a todo o caos causado por essa fase de doença, morte e instabilidade no País, o governo federal e o estadual avançam com diversas medidas que precarizam ainda mais a educação pública e acentuam as desigualdades sociais já tão tão profundas.


O Programa de Ensino Integral (PEI) é uma dessas medidas. Traz uma roupagem de ampliação do tempo na escola, e consequentemente um aumento do aprendizado, com períodos de 7 à 9 horas escolares, mas na realidade não há uma ampliação dos currículos, muito menos adequação das escolas, o que torna a medida uma falácia, pois não haverá mais áreas do conhecimento para ampliar o aprendizado, sim uma extensão da quantidade de aulas e horas das disciplinas já tradicionais, principalmente Linguagens e Matemática, isso se for seguida a proposta da Reforma do Ensino Médio.


O PEI aumenta a evasão escolar, pois se o estudante não puder passar todo esse tempo na escola terá de sair, o que pode acarretar a ir pra mais longe de casa, e muitas vezes abandonar os estudos. Precariza as escolas do entorno, pois essas recebendo estudantes que não se adequaram serão ainda mais superlotadas. Há também redução na quantidade de docentes, de acordo com o Censo Escolar, de 2011-2018, houve redução de 27% dos professores nas escolas de ensino integral. Nas demais escolas da rede a queda foi de 8%.


As Escolas Cívico-Militares também avançam rapidamente, com 53 unidades aderindo em 2020 e 74 em 2021, o objetivo é instalar o total de 216 escolas cívico-militares em todo país até 2023. O projeto carrega a bandeira de que a militarização é a única chance da educação pública se salvar da indisciplina e da falta de resultados. A propaganda do governo se baseia nos bons índices das escolas militares, mas esquece de levar em conta que a maioria dessas escolas atende uma classe econômica muito superior à média geral dos atendidos pelas escolas regulares. Portanto, colocamos em discussão se é mesmo necessário um militar imprimindo na escola a formação de um “cidadão de bem”, baseado na opressão, na homogeneização dos corpos, na lógica mercadológica do capital, defensor da meritocracia e alinhado a valores conservadores ou um maior investimento na educação pública, nos estudantes de baixa renda e nos diversos bolsões da pobreza em São Paulo, objetivando a formação de seres críticos, autônomos, promotores de mudanças sociais.


Seriam necessários dois artigos distintos para pontuar todas as problemáticas dos programas mencionados, mas é necessário trazê-los à tona, pois ambos são o pano de fundo da Reforma do Ensino Médio e é dela que esse artigo trata. A mesma vem sendo implementada em 2021, com o estado de São Paulo, governado por João Dória Jr. (PSDB), pioneiro no estabelecimento da nova medida obrigatória do país. Essa proposta foi aprovada no governo do presidente do golpe, Michel Temer, em 2016.


Os jovens estudantes do primeiro ano do ensino médio tiveram até 8 de julho para escolherem as áreas que vão querer cursar em todo o período. Vão conquistar a tão propagandeada “autonomia”, no meio de uma pandemia, sem nenhum tipo de discussão e contato com seus professores, sem sequer entenderem direito do que se trata essa proposta, pois de acordo com os professores, foi passado pros estudantes apenas alguns textos introdutórios explicando do que se trata cada área do conhecimento.


É insustentável passar uma medida que retira horas e aulas dos Estudantes, que retira o direito a uma educação plural, focado em diversas áreas do conhecimento e que pode dar ao Jovem uma noção mínima de qualquer saber/área/conhecimento da vida e do mundo.


Os estudantes terão 10 opções de itinerários formativos que se relacionam com as matérias Gerais: linguagens, matemática, ciências da natureza e humanas e terá também a opção do ensino técnico-profissionalizante.


Significa que o estudante terá um ensino técnico integrado ao médio? NÃO, não é isso.


Primeiro porque uma dessas modalidades de ensino técnico, o Novotec Expresso, oferta cursos profissionalizantes que não se adequam aos critérios de carga horária e exigências de um técnico integrado. Ou seja, você aprende a realização de um trabalho, com o mínimo de preparo acadêmico, diminuindo as perspectivas de carreira, como a ida pra universidade.


Mas e o Novotec Integrado? Para o estudante ter seu certificado de técnico nessa modalidade, teria de passar pelo menos mais um ano na escola, já que os cursos técnicos precisam conter 3000 horas escolares, fora as horas de Trabalho de conclusão de curso, o famoso TCC, e o NovoTec Integrado possui apenas 900 horas.


Nem toda escola dará todos os itinerários formativos, elas precisam ter ao menos dois dos itinerários. E o critério de escolha desses itinerários na unidade reflete ao interesse da maioria dos estudantes então, se a maioria dos estudantes da sua escola optarem pelo itinerário técnico profissionalizante e outro optar pelo itinerário de aprofundamento em humanidades, este só terá opção de fazer um ensino técnico profissionalizante, se não quiser terá de ir pra outra escola. Onde isso é liberdade se não há opção de escolha?


Os governos federal e estadual propagandeiam que se importam com a educação e na prática eliminam aulas plurais, atribuindo suas horas para disciplinas completamente voltadas ao mercado de trabalho precário, sem direito trabalhista, sem perspectiva de crescimento e desviando o destino de vários jovens que poderiam ir para as universidades. Como os estudantes irão realizar os vestibulares sendo que são cobrados conhecimentos mínimos de todas as áreas?


Os estudantes da escola pública terão cada vez menos perspectivas de saírem dos lugares comuns estabelecidos pela sociedade burguesa, branca, racista, patriarcal: o balcão do McDonald’s ou a P.A. do telemarketing.


Estão cada vez mais distantes das nossas realidades uma educação pública de qualidade, com participação de toda comunidade escolar e as nossas cadeiras nas universidades públicas. Mas isso não é novo". (Texto publicado em Carta Capital)

SOBRE A PRISÃO DE ROBERTO JEFFERSON

 SOBRE A PRISÃO DE ROBERTO JEFFERSON


por Jeorge Cardozo*


Utilizar-se de dinheiro público para atentar irresponsavelmente contra o Estado Democrático de Direito, financiar manifestação de cunho golpista em redes sociais e por outros meios, clamar abertamente por um golpe de Estado, se utilizar de porte e posse de armas de fogo para incentivar violência, tudo isso se utilizando de sua condição de presidente do PTB é legal ou crime?

Decretar de ofício a prisão preventiva de um criminoso como Roberto Jefferson, pela Suprema Corte, criminoso no 'Mensalão' e em vários outros atos ilícitos, como fez o ministro do STF Alexandre de Morais, trata-se de censura prévia, palavras de Augusto Aras da CGU, abuso de poder, crime ou medida amparada pela Constituição?

ART. 311. 'em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juíz, de ofício, se no decorrer da ação penal, ou requerimento do ministério público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial".

Portanto, não podemos confundir deliberadamente 'liberdade de expressão', com liberdade para delinquir. E quando são adnostados, justamente o que pregam: Estado policialesco. Desta forma, "não podemos confundir liberdade de expressão com crime, sob pena de se confundir crime com liberdade de expressão".

Portanto, prisão para Jefferson e todos os que conspira contra as instituições e contra o Estado Democrático de Direito.



MINISTRO DA DESEDUCAÇÃO MILTON RIBEIRO E O ESTILIONATO RELIGIOSO

 MINISTRO DA DESEDUCAÇÃO MILTON RIBEIRO E O ESTILIONATO RELIGIOSO


por Jeorge Cardozo


Mais uma vez na história, assim como aconteceu no Vietnã, humilhado o mundo presencia perplexamente, a mais uma derrotada americana no jogo da geopolítica mundial, contra o regime talibã no Afeganistão. Depois de 20 anos de guerra contra o império estadunidense e sem arranhar uma vírgula do seu poderio militar e ideológico, líderes espirituais assumem novamente o controle do país e impõem as normas da Lei da Sharia: tudo e todos estarão submetidos às leis religiosas e aos princípios da teocracia islâmica. Democracia, Estado democrático de direito, respeito às instituições estão descartados conforme pronunciamento de seus líderes.

Enquanto o mundo olha para o Afeganistão com repulsa e nojo, no Brasil avança o projeto neofascista teocrático patrocinado pelo governo Bolsonaro. Família, Pátria e Deus. O neofascismo teocrático em curso impõe ao país e à população um estoque inimaginável de retrocessos, em todas as áreas da vida econômica, sanitária, educacional, cultural, política, social etc. Os retrocessos nos direitos sociais mais elementares são vistos a olhos nus nas cidades brasileiras. A miséria assolando, humilhando e destruindo milhões de pessoas. A infância voltou aos sinais de trânsito, moradores de rua disputam marquises e praças país afora, a violência contra mulheres, crianças e idosos bate recordes diários, o desemprego assume proporções jamais vistas, quase 600 mil brasileiros foram mortos pela Covid-19, num governo que nega a ciência, a vacina e a própria doença, como fazem os talebans no Afeganistão. Como disse o presidente nos últimos dias: oremos para vencer a crise.

Ministro da Educação diz que diploma não adianta porque 'não tem emprego', como se conhecimento fosse só imperativo para mercado de trabalho e onde fica o exercício da cidadania, onde fica o conhecer por amor ao conhecimento e não por necessidade trivial.

Ministro da Educação diz que é 'impossível a convivência' com crianças com certo grau de deficiência.

O legado da educação protestante está em ruínas

Milton Ribeiro não está sozinho. 

Malala, a menina paquistanesa que enfrentou os talebans e foi alvejada em nome de Deus porque descumpria determinação dos líderes religiosos, governantes do país, depois da tentativa de assassinato ganhou vida e asas para propagandear o direito à infância e à educação. Conforme esses mesmos líderes e suas crenças religiosas, meninas não podem estudar e mulheres, na sociedade, são escravas sexuais de seus maridos. Portanto, meninas devem aprender desde cedo o lugar da mulher nessa sociedade machista, sectária e religiosa.


Malala sobreviveu, depois de ser transportada para Inglaterra e submetida a uma cirurgia para curar seus ferimentos provocados pelas balas da ignorância. Milhares de outras meninas, porém, não tiveram o mesmo destino. E essas são as mesmas armas e balas que o genocida Jair Bolsonaro propõe para suas milícias oficiais e extraoficiais, a lei do olho por olho, dente por dente. As mesmas armas que matam todos anos centenas de crianças e jovens em nossas periferias.


Contudo, os ferimentos de Malala serviram para denunciar ao mundo o direito de meninos e meninas, sejam de qual país forem, qual continente forem. Não importando cor, credo, raça, gênero, língua, todos e todas têm o mais sublime direito de acessar, permanecer e concluir uma educação de qualidade, laica, democrática, científica e capaz de formar gerações de seres humanos, com base no conhecimento científico acumulado ao longo da história. Que crianças, independentemente de suas origens e necessidades, tenham o direito SAGRADO de estudar.


No Brasil do século XXI, o governo e a educação foram tomados por seitas e conceitos análogos aos que propõe o Talibã para o Afeganistão. Vivemos, neste período, ataques fulminantes contra o direito de ensinar e aprender. Estamos sob a tentativa permanente de submeter a escola e a educação aos interesses de seitas religiosas e ideológicas que negam a ciência, a cultura, a história e a própria dimensão humana.


Essas seitas travestidas de religiões protestante, que no passado não tão distante criticaram e pregaram reformas na igreja católica por práticas de vendas de indulgência, cobrança de díssimo, vendas de curas e etc, hoje são campeões nessas práticas escusas,   atacam incansavelmente o conhecimento, a história, as ciências. Odeiam refletir e estudar a sexualidade humana e as questões que envolvem identidade de gênero e orientação sexual. Desenvolveram verdadeiras guerrilhas contra professores e educadores que buscam no seu fazer educacional, através do conhecimento e das ciências, construir uma sociedade mais humanista, iluminista e racionalista. A ideologia de gênero, a escola sem partido, o marxismo cultural foram apenas algumas das teorias construídas pelos grupos religiosos, neofascistas e conservadores ao longo deste tenebroso inverno brasileiro.


O ministro pastor Milton Ribeiro é parte construtiva deste talebanismo brasileiro que se apoderou do Ministério da Educação. A retirada de 40 bilhões de reais do orçamento da educação nos últimos quatro anos, o engavetamento do Plano Nacional de educação, a destruição das universidades públicas e da produção científica, a militarização da educação básica, a inexistência de um plano para enfrentar a tragédia educacional provocada pela Covid-19, a construção conspiratória de um marxismo cultural e o cerceamento do conhecimento, a reformas do ensino médio e a nova Base Nacional Comum Curricular são apenas exemplos da dimensão da destruição da educação nacional.


No entanto, o ministro da destruição educacional, Pastor Milton Ribeiro, ainda não está completamente saciado pelo desmonte e pela destruição da educação nacional. Oriundo do setor privado e com claros propósitos de privatizar a educação pública e entregá-la a grupos religiosos e/ou financeiros nacionais e internacionais, agora propõe ceder a gestão financeira das escolas públicas ao setor privado, criar vouchers para a educação infantil e impor a maior regressão orçamentária às universidades públicas, liquidando suas estruturas e sua autonomia.


Nesta semana, num ataque de talebanismo, de ignorância e de perversidade, disse que crianças com deficiência atrapalham a educação brasileira. O ministro demonstrou desconhecer a educação nacional e expôs toda a sua ignorância e arrogância. Tempos atrás defendeu a tese de castigo físico para educar crianças; imaginem o que não farão com os estudantes com deficiência nos depósitos de crianças que esse verme propõe. Destarte, ainda tem um monte de seguidores que se denominam de "homens de bem", sem nunca terem sido, para lhes dar apoio.


A política de inclusão educacional no Brasil avançou fortemente nos últimos anos, ganhando inclusive prêmios e menções de organizações internacionais de direitos humanos. É lógico que ainda será preciso fazer muito para melhorar e avançar nesse conceito político e pedagógico, proposto pela inclusão educacional. Para avançar, é preciso política pública, investimentos públicos, educadores, estruturas pedagógicas, humanas e materiais, ou seja, um conjunto de investimentos na política de inclusão. O ministro da deseducação, contudo, quer voltar ao passado, quer isolar as crianças com deficiência, criar depósito de pessoas com deficiência e isola-las da sociedade. Excluí-las.


Ministro Pastor Milton Ribeiro, taleban tupiniquim, se ainda lhe resta alguma dignidade, se ainda lhe resta algum humanismo, se ainda lhe resta alguma religiosidade, se ainda lhe resta algum caráter, faça um bem à humanidade, à educação e ao Brasil: DEMITA-SE em respeito às crianças deste País e, principalmente, àquelas que mais necessitam de uma educação inclusiva para avançar na sua formação integral e na sua condição humana.

QUEM SÃO AQUELES BRASILEIROS QUE FORAM AS RUAS ONTEM DEFENDER UM MILICIANO COMO DITADOR DO BRASIL.

 QUEM SÃO AQUELES BRASILEIROS QUE FORAM AS RUAS ONTEM DEFENDER UM MILICIANO COMO DITADOR DO BRASIL.


por Jeorge Cardozo


"Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, vive repetindo que fará o que o 'povo brasileiro' quiser que ele faça. Será mesmo, hein?


Assisti, com o devido cuidado e atenção, além de uma dose monumental de paciência, a diversos vídeos das manifestações de ontem.


Havia muita gente em Brasília e em São Paulo? Opa! Havia, sim. Bastante. Raras vezes se viu manifestações dessa magnitude em prol de um político.

Bolsonaro afundou o País, facilitou 600 mil mortes e agora quer impeachment

Retire Deus, Israel e a história do meu povo dessa boca profana, Bolsonaro

7 de setembro: chegou o grande dia de Bolsonaro, o arruaceiro institucional


E, justiça seja feita, exceto por um ou outro caso isolado, tudo transcorreu na mais perfeita ordem e paz, ainda que as reivindicações pedissem o contrário.


POVO? QUE POVO?


Anotem aí: 51% dos brasileiros são pretos ou pardos; 25% dos brasileiros são jovens entre 15 e 29 anos; no mínimo, 30% dos eleitores votaram e votam no PT em todas as eleições passadas.

Pergunto: onde estava essa gente toda ontem? Porque nas ruas, eu não a vi. Ao contrário. Como de costume, eu vi brancos, de meia idade, bem vestidos e bem nutridos.


É esse o 'povo brasileiro' em que Bolsonaro aposta e justifica sua sanha golpista criminosa? Se for, é bom tirar a moto da chuva. O povo brasileiro está longe de estar representado ali.


Aliás, no Rio de Janeiro, onde menos de 25 mil pessoas foram à Copacabana, um fato curioso: onde estavam os 500 mil eleitores do deputado Jair Bolsonaro? Em casa? Na praia?


BOLHA FANÁTICA, NADA MAIS


Jamais confiei em político que diz representar o tal povo, estar ao lado do povo, lutar pelo povo e blá blá blá. Muito menos político profissional, que vive há décadas do...povo!


Bolsonaro é só mais um populista safado que infesta a política nacional. Ele e sua família são usurpadores da boa fé e da ingenuidade do 'povo'. Vivem de rachadinhas, pô! 


Que diabo de 'povo' aceitaria ser subjugado e tiranizado por um ditador de quinta categoria? Que raio de 'povo' autoriza, fora do voto, um governante a dar fim à democracia?


Aquela gente toda que foi às ruas ontem, de 'povo brasileiro' não tem nada. É apenas uma horda de fanáticos em busca de sangue por suas frustrações e rancores cotidianos.


BOLSONAZISMO


Jamais compreendi como o povo alemão permitiu a Hitler fazer tudo o que fez. Ontem, ao ver milhares de fanáticos gritando 'eu autorizo', pude entender um pouco.


Sim, bolsonarismo, nazismo, fascismo e toda sorte de movimentos políticos de massa, centrados em mitos messiânicos, são semelhantes, ainda que diferentes.


Hitler culpava os judeus pelos males da Alemanha. Bolsonaro culpa o STF. Hitler pregava o extermínio dos judeus. Bolsonaro prega o fechamento do Supremo, para dizer o mínimo.


Se Moraes, Lula, Barroso ou qualquer outro inimigo imaginário do devoto da cloroquina aparecesse na Avenida Paulista ontem, qual seria seu destino senão o extermínio?


CONSERVADORES, MAS DEMOCRATAS


Parte povo brasileiro é conservador, sim. O povo brasileiro é religioso, sim. O povo brasileiro é avesso à política, sim. Mas o povo brasileiro é democrata! Ao menos 75% dele.

Bolsonaro apostou nas ruas como fiadoras de sua psicopatia autocrata, mas se deu mal. A única coisa que pode comemorar - e muito! - é ainda ser o 'mito' de tanta gente.

Só que isso não será capaz de, nessa ordem, 1) levar-lhe à reeleição; 2) impedir que seja julgado e condenado por seus inúmeros crimes; e 3) impedir sua prisão, ainda que demore.


Numa democracia, amparada por um legítimo Estado de Direito, pode-se muito, mas não pode-se tudo. O amigão do Queiroz foi muito além do permitido, ficou só e irá pagar. 


Assim como ocorreu com o meliante Hitler o miliciano Bolsonaro será largado - e relegado - a uma meia dúzia de fiéis inexpressivos, ignorantes e sem nenhum poder.


Não há na história recente, salvo as ditaduras em vigor, um tirano que não tenha encontrado uma forca ou a prisão como destino. O maníaco do tratamento precoce e responsável direto por quase 600 mil mortos não será exceção".

DOS FRUSTRADOS A UM DEMENTE EX CAPITÃO

 DOS FRUSTRADOS A UM DEMENTE EX CAPITÃO


por Jeorge Cardozo


"Um oceano de distância não é suficiente para apaziguar o espírito. Assisto de longe os acontecimentos do 7 de Setembro e a dúvida me consome: como um país inteiro continua sequestrado por meia dúzia de dementes que, no fundo, não compreendem as consequências de seus atos? Que medo profundo, atávico, impede uma reação à altura, um basta, da maioria? Quem dirá “chega de palhaçada, há coisas mais urgentes a resolver: a economia em frangalhos, a vacinação claudicante, o desemprego recorde, a fome, a dignidade, a compostura”? O Brasil desenvolveu uma Síndrome de Estocolmo?


Gastamos um mês de nossas vidas a discutir os preparativos das manifestações a favor de Bolsonaro, temerosos de um golpe imaginário. Mais uma vez nos deixamos enganar, desviamos os olhos do que mais importa, enquanto o Brasil definha de inanição, entregue ao caos absoluto, à incompetência em estado bruto. Nada mais importa ao ex-capitão a não ser salvar a si e aos filhos. Todos sabem e mesmo assim permitimos que ele abuse das estruturas do Estado e cometa crimes de responsabilidade em série para alcançar seu objetivo.


A extensão do protesto em São Paulo mantém o Brasil refém de um impasse, aprisionado em seus recalques. Para se libertar, basta, no entanto, olhar o panorama geral. Na Esplanada dos Ministérios em Brasília, o vento circulou pelas fileiras de manifestantes com a mesma desenvoltura com que atravessa a cabeça dos bolsonaristas. No Rio de Janeiro, havia mais banhistas na areia do que camisas da CBF no calçadão do Posto No resto do País, o silêncio foi ensurdecedor. Os apoiadores e financiadores do ex-capitão concentraram os esforços para encher a Avenida Paulista e manter as tropas unidas. Reuniram o que podiam. Não é pouco, mas, ao mesmo tempo, é quase nada. Oito quarteirões não podem ditar os rumos de todas as ruas, avenidas, vielas, becos, estradas e escadarias de um país continental. Ou podem?


Adeus à reeleição?


Cassar a chapa Bolsonaro - Mourão é mais viável do que impeachment, diz cientista político

Para completar, há a foto de Bolsonaro com a faixa presidencial no rolls-royce pilotado por Nelson Piquet. Um eventual golpe no Brasil, revela a imagem, seria mais cômico do que trágico. Falta ao capitão os atributos de um ditador. O retrato lembra um filme do fim dos anos 80, “Luar de Parador”. Embora Bolsonaro não tenha a simpatia e o talento de Richard Dreyfuss, não passa de um ator coadjuvante contratado às pressas para desempenhar o papel de um autocrata de uma república bananeira. Imitação barata. Piquet no volante reforça a piada, o sujeito que aceitou o papel de vilão nas manhãs de domingo da Rede Globo, o piloto de Fórmula 1 mal humorado, antípoda de um corredor com poderes sobrenaturais, capaz de assumir uma forma etérea e ver a si mesmo no volante, prova de que o Brasil, entre outros dramas, não sabe escolher seus heróis. Piquet era, em resumo, o antagonista de uma farsa. Agora se presta a conduzir outra. E nós, petrificados, vidrados na televisão, como se a tela exibisse um programa banal em um feriado qualquer. Como se reinasse a mais absoluta normalidade".

PORQUÊ OS PROTESTOS ORGANIZADO PELO "CENTRÃO" FALHOU?

 PORQUÊ OS PROTESTOS ORGANIZADO PELO "CENTRÃO" FALHOU?


por Jeorge Cardozo


Sem a presença do PT, PSOL, PSTU, PCO, PSB, REDE e a base sólida dos sindicatos de trabalhadores e das organizações populares, a mobilização contra Jair Bolsonaro neste domingo (12) estava fadada ao fracasso - e foi. Só serviu para endossar a farsa de que as ruas são a voz do povo. Com um pequeno contingente, os atos serviram mais a favor do presidente do que contra. Afinal, MBL e Vem Pra Rua, próceres no impeachment de Dilma Rousseff, foram engolidos pelo bolsonarismo e respiram por aparelhos na disputa por ascendência nas bolhas virtuais. A direita nutela, que por vezes recebeu aval da mídia como grande voz, estourou as pregas vocais após a ascensão de Bolsonaro.


 Ainda que as reivindicação fossem justa, o MBL e o VEM PRA RUA, não têm moral para reivindicar, pois, são responsáveis diretos pelo golpe parlamentar contra a ex presidente Dilma e são responsáveis direto pela eleição do tresloucado presidente Bolsonaro. Os excessos presidenciais têm levado o país à boca de um abismo, quase que deixando o Brasil dependurado em linhas muito finas. O impeachment de Bolsonaro é um caminho que dificilmente será traçado por agora, especialmente após o embarque dos achacadores da res pública emedebista, liderada pelo chefe da gangue Michel Temer. O Palácio do Planalto voltou a dar guarida ao MDB e o "mercado" e a cena política aprovaram, como se fosse possível moderar o imoderável (sim, é a Bolsonaro que me refiro). Além de crimes de responsabilidade, o impedimento de um presidente se faz com condições políticas. E o anti-stablishment Bolsonaro sabe como funcionam esses esquemas - passou quase 30 anos como parte deles e ainda assim se vendeu como bom moço.


A esquerda clássica preferiu, dessa vez, não ser massa de manobra. Pudera. Não dá pra aderir a um movimento organizado pelas faces dos golpistas contra lulo-petismo da presidência. E eles não estão errados. Participar de um ato contra Bolsonaro pregado por grupos que não são tão lá afeitos à democracia é um risco que vale a pena para os desesperados por votos da direita não extrema, vide a participação de Ciro Gomes e João Doria - e até Alesandro Vieira (quem?) - nas manifestações. A democracia só existe se nascer no seio da esquerda, pois, esta têm capital político para tal.


 Para demover Bolsonaro e asseclas do poder será necessário mais do que voto. O discurso latente do 7 de Setembro, seguido pelo recuo temporário, é só um dos sinais disso. O bolsonarismo representa a putrefação das instituições democráticas e ainda não é perceptível que a sociedade brasileira tenha enxergado isso. Não esperemos também que os partidos políticos e as ideologias menos propensas ao autoritarismo consigam visualizar tão cedo que é preciso mais do que lapidar diferenças para caminhadas conjuntas. É preciso encontrar um denominador comum, algo que o eco da antipolítica faz questão de destruir.


 O ato da direita nutela fracassou e ajudou Bolsonaro. Ficou claro que a famigerada terceira via ainda está longe de existir e o processo eleitoral vindouro deverá se resumir ao ex presidente Lula (e diga de passagem, apesar de todos os percalços foi o melhor da história política brasileira e não é a toa que lidera todos os cenários para a presidência em 2022), e o atual Bolsonaro.

O MBL e o VEM PRA RUA deixa de fora dos seus protestos os reais problemas, como inflação, fome e sucessivas crises, ficam de fora do debate público. Até a voz do povo realmente ecoar. Aí é exigir demais até mesmo dos otimistas. Lembra o Brasil como o país do futuro? Ele permanece preso ao próprio passado.

BRASIL A BEIRA DO CAOS, QUEM VAI PAGAR POR ISSO

 BRASIL A BEIRA DO CAOS, QUEM VAI PAGAR POR ISSO


por Jeorge Cardozo


"O coas ora implantando no Brasil atual, O “Fora Bolsonaro!”, a palavra de ordem que unifica a ação das massas, cobra da esquerda socialista a tarefa pedagógica de denúncia da sociedade de classes. A campanha pelo impeachment, portanto, é, a um tempo, tática e estratégica, pelo seu claro objeto, em si, e por constituir espaço privilegiado para a retomada do papel de sujeito pelo movimento popular. Para além da remoção do entulho presidencial, nosso objetivo mira a construção de um novo pacto que aponte para uma nova ordem econômico-social. Não há hierarquia de metas, mas simultaneidade na ação.


O bolsonarismo deve ser denunciado, por si mesmo (trata-se de uma esquizofrenia política) e como produto da desordem estrutural gestada pelo capitalismo tupiniquim, subdesenvolvido, inconcluso, trabalhado pela dependência ideológica de uma burguesia alienada e forânea, rentista, anti-industrialista e antirreformista. O regime antinacional e antipopular gerado a partir das condições abertas pelo golpe de 2016 exaspera os efeitos da crise: ela é mais severa do que pode sugerir sua aparência, e não conhecerá alternativa no atual regime, que possibilita o governo de 1% de brancos milionários sobre o conjunto da sociedade brasileira, funcionalismo público a beira do caos e as coisas ainda vão piorarem com a vinda aí, da famigerada reforma administrativa que vai tirar o único bem dessa classe de trabalhadores, a estabilidade e, destarte, abre brecha para reduzir salários e não achem os mister que vão tirar dos altos salários de juízes, desembargadores, supremo, deputados, senadores, não, quem vai pagar as contas são nós, do fim da ponta do funcionalismo , mas, o que me deixa extenuado é que tem funcionários públicos que votam e defendem uma desgraça dessa, não se sabe se por ignorância, masoquismo ou pura frustração 'religiopsicológica'.


Não obstante o caráter dependente e subalterno como o país, à mercê dos interesses da casa-grande, se inseriu na economia internacional, fracassaram até aqui todas as tentativas de integração com o capitalismo: na primeira república, o liberalismo associado ao latifúndio; o liberalismo da “revolução” de 1930 e o intervencionismo do Estado Novo; a industrialização dependente dos anos 1950; a modernização autoritária do mandarinato militar; o neoliberalismo democrático após a ditadura; a integração acrítica ao globalismo com Collor e FHC, e, finalmente, o neoliberalismo autoritário decorrente do golpe de 2016.


Até meados dos anos 1930 do século passado o café respondia por 70% das receitas brasileiras de exportação. Quando ingressamos no terceiro decênio do século 21 nossa balança comercial é dependente do agronegócio. A atividade econômica regrediu 7% desde 2014; de 6º parque industrial do mundo, somos hoje o 16º; representamos apenas 1,6% do PIB mundial. Somos a 10ª sociedade mais desigual do planeta, num ranking de 140 países. A colônia pelo visto, não é uma fase ou período de nossa formação histórica, é nossa permanente danação.


Convertidos à condição de pária internacional, permanecemos na periferia do capitalismo e, de regresso em regresso, retornamos à condição de economia agroexportadora, a classificação que trazemos da colônia, fundada no latifúndio, na escravidão negra e no genocídio dos povos nativos. Passados cinco séculos somos ainda predominantemente exportadores de commodities: madeira da Amazônia devastada, minério in natura, soja e outros cereais e proteína animal. O agronegócio representa ¼ do PIB nacional e 48% do total das exportações brasileiras em 2020. Quanto mais se desenvolve, isto é, quanto mais se consolida como empresa capitalista, mais expulsa para as periferias das grandes cidades as populações rurais. A indústria, que nos anos 80 do século passado respondia por 40% da composição do PIB, hoje gira entre 13% e 11%.


O bolsonarismo deve ser denunciado, por si mesmo (trata-se de uma esquizofrenia política) e como produto da desordem estrutural gestada pelo capitalismo tupiniquim


Na segunda metade dos anos 1940, precisamente em 1945, depois das insurgências de 1922 e 1924, do crash da bolsa de Nova York (1929), da chamada revolução de 1930 e da queda dos preços do café, da intentona de 1932 (levante das oligarquias paulistas contra as promessas industrializantes do novo regime), depois da Segunda Guerra Mundial – o confronto de potências altamente industrializadas –, isto é, já no final do Estado Novo, Eugênio Gudin, um dos mais festejados e poderosos economistas brasileiros, eminência do monetarismo nacional, contrapunha-se ao projeto de Roberto Simonsen, empresário paulista, que defendia a industrialização do país. Escrevia o fundador do IBRE/FGV: “(…) precisamos é de aumentar nossa produtividade agrícola, em vez de menosprezar a única atividade econômica em que demonstramos capacidade para produzir vantajosamente, isto é, para exportar”. (A controvérsia do planejamento na economia brasileira. IPEA. 2010)


Naquele então, Roberto Simonsen, até hoje o mais importante intelectual orgânico da burguesia nacional (esta categoria em extinção), defendia, na polêmica com Gudin, a intervenção do Estado, o planejamento e a industrialização. No Brasil de nossos tristes dias é retirado do Estado seu papel como vetor de desenvolvimento, responsável pelo crescimento que experimentamos até os anos 80 do século passado; o planejamento estratégico é descartado e as políticas de geração de emprego e renda são substituídas pelo arrocho fiscal, que o monetarismo sacraliza como uma razão em si. A ameaça em 2021 é de mais neoliberalismo e mais arrocho fiscal, menos investimento em educação, em ciência e tecnologia, donde menos desenvolvimento, menos produção de riqueza, mais desemprego, redução do PIB (a previsão para 2021 é de um “crescimento’” de 1,0% e de 0,4% para 2022), menor renda per capita, por fim, maior concentração de renda. Nada disso afeta a classe dominante, porque seus interesses, internacionalizados, independem da economia doméstica.


Um pressuposto de desenvolvimento é a existência de mercado de consumo de massa, base da potência das economias dos EUA e da China. A necessidade de se constituir em grande mercado é o que levou nações até a véspera em guerra a ensarilhar armas e se reunir na União Europeia. É o caminho coletivo da Eurásia, consolidando-se como novo eixo hegemônico do mundo. Não é, porém, a opção do capitalismo brasileiro.


Como pensar em mercado interno, no Brasil, com o fim dos investimentos públicos, com o aumento dos juros que travam a expansão econômica, com o desemprego crescente e a queda da renda dos assalariados?


Temos mais de 15 milhões de desempregados. Cerca de 70 milhões de brasileiras e brasileiros integram o mundo dos sem trabalho, dos desesperançados, dos que não procuram mais emprego, dos que tentam sobreviver mediante atividades informais, biscates, e no precariado, a caminho do lupenato. A única alternativa conhecida pelo neoliberalismo para a crise é a redução dos encargos trabalhistas das empresas e a precarização do trabalho.


A desigualdade de renda – o outro nome da concentração, – não é um ente monetário, um simples indicador estatístico. Tem consequências na vida do indivíduo: quanto menos renda, mais exilado da sociedade: sem terra, sem teto, sem escola, sem saúde.


O Brasil ocupa o 3º lugar no ranking mundial de mortes de adolescentes: 10 adolescentes por dia; sete negros para cada jovem branco (dados do Mapa da violência). Quantos são moradores dos Jardins paulistanos ou de Ipanema?


A tendência, porém, no curto e no médio prazos, é o agravamento da concentração de renda. Trata-se de um determinismo do capitalismo monopolista levado aos extremos pelo caráter de nosso capitalismo periférico e dependente. Esse capitalismo não dá conta das consequências sociais derivadas do inevitável, rápido e intenso desenvolvimento das novas relações de produção e suas implicações nas relações de trabalho: as novas tecnologias, a era digital, a informática, a robótica, a chamada quarta revolução industrial, de que deriva a redução de mão de obra. O que se pode ver a olho nu, é, portanto, o agravamento das condições de vida das grandes massas. O enfrentamento de tais desafios depende da radical alteração da atual correlação de forças.


Para sair do atoleiro — uma espécie de ponto morto histórico, um momento de indecisão entre o passado e o futuro, a inercia e a ação, o velho e o novo que o passado sobrevivente aprisiona –, poucas são as alternativas: juntar forças para formar uma nova maioria ou nos prepararmos para enfrentar o ponto de ruptura gestado pelo processo social. Em qualquer hipótese, o “Fora Bolsonaro!” é o ponto de partida para a ação da esquerda socialista" ( Grifo nosso).

1º de outubro: 72 anos da Revolução Chinesa!

 1º de outubro: 72 anos da Revolução Chinesa!


Por Renildo Souza, Jorge Almeida e Jeorge Cardozo*. Neste 1º de Outubro, comemora-se os 72 anos da fundação da República Popular da China (RPC). Mas, se formos acreditar na imagem amplamente preponderante hoje, parece que tudo na China começou a partir das reformas pró mercado iniciadas em 1978, sob a direção de Deng Xiaoping.


Por Renildo Souza, Jorge Almeida e Jeorge Cardozo*. Neste 1º de Outubro, comemora-se os 72 anos da fundação da República Popular da China (RPC). Naquele dia de 1949 completou-se a conquista do poder político pelo exército *revolucionário* , mas a luta começou bem antes, com a fundação do Partido Comunista da China (PCCh) em 1921, que está comemorando seus 100 anos de vida.


Mas, se formos acreditar na imagem amplamente preponderante hoje, parece que tudo na China começou a partir das reformas pró mercado iniciadas em 1978, sob a direção de Deng Xiaoping. Quase que só ouvimos falar sobre esse período pós “reformas de mercado”.


A impressão é de que, antes disso, só havia atraso, miséria, fome generalizada, analfabetismo, estagnação econômica, retrocesso tecnológico, anarquia social e violência política.


Assim, este artigo procura comemorar a vitória da Revolução Chinesa, destacando o período “esquecido” no qual, apesar das grandes dificuldades enfrentadas num tipo inédito de revolução, ocorreram grandiosas conquistas.


Mesmo correndo um risco de simplificações condicionadas pelo espaço limitado, esperamos levantar questões que contribuam com quem deseja conhecer e entender melhor o que vem ocorrendo hoje.


Esse tipo de imagem ocorre por haver um certo consenso entre os liberais, parte da grande burguesia mundial e nacional e suas mídias. Mas também pela representação construída pelo próprio PCCh, setores nacional-desenvolvimentistas e parte da esquerda brasileira, inclusive marxistas. Uns por desconhecerem a história da China pós 1949. Outros, por preferirem fazer interpretações que facilitem a defesa da conversão da China ao capitalismo, sob a forma do chamado “socialismo de mercado” ou “socialismo com as características chinesas”.


Mas, se a China se transformou numa grande potência, foi porque, antes de tudo, em 1949 começou uma transição ao socialismo a partir da conquista do poder político. Processo que durou 29 anos, até o início das reformas que, independentemente das intenções originais do grupo pró-mercado no PCCh, acabaram levando a China ao capitalismo com as características singulares que tem.


Um pouco de história


O processo revolucionário na China ganhou uma nova dinâmica depois que o PCCh, sob a direção de Mao Tse-tung, reviu a estratégia anterior, influenciada pela Terceira Internacional e o PCUS (Partido Comunista da URSS), já dirigidos por Josef Stalin.


A nova estratégia partia de uma profunda e inovadora análise da realidade social e histórica chinesa, de sua ampla predominância rural, camponesa e pobre. Definia os latifundiários, o imperialismo e a grande burguesia comerciante como principais inimigos sociais e políticos e a formação de uma frente revolucionária tendo o proletariado como classe dirigente, o campesinato, que era a ampla maioria do povo explorado, como classe principal, e a burguesia nacional, que tinha um peso muito pequeno na vida econômica e política, como uma classe aliada, mas sem protagonismo.


O início da Grande Marcha em 1934 foi um marco estratégico decisivo, pois foi uma reconfiguração da estratégia do PCCh com a prioridade da luta revolucionária a partir do campo para a cidade, consolidando a liderança de Mao Tse-tung no partido.


O objetivo primeiro da revolução era a expulsão do imperialismo e a construção de uma “Nova Democracia” com uma ampla reforma agrária antilatifundiária (com a nacionalização estatal da terra e sua distribuição em posses para os camponeses), uma democratização da vida política, além de um forte estímulo ao processo de desenvolvimento nas forças produtivas. Como instrumento revolucionário, foi formado o Exército de Libertação Popular (ELP), que era dirigido pelo PCCh.


Ao contrário do que é propalado, objetivo da revolução nunca foi o de construir uma república burguesa para desenvolver o capitalismo. Ao contrário, sempre foi o de, a partir das condições próprias e particulares da China, desenvolver um processo de transição ao socialismo.


A vitória do processo passou por momentos táticos variados, que incluíram acordos com o Kuomintang (partido originalmente nacionalista, mas que foi se tornando instrumento aliado do imperialismo ocidental), seguidos de um rompimento e guerra contra o Kuomintang, de nova “Frente Unida” contra invasão do imperialismo japonês e novo rompimento após a Segunda Guerra Mundial, quando o objetivo da conquista do poder, e derrubada do Kuomintang, veio para pauta imediata.


Nesse processo anterior, é importante ressaltar dois aspectos: 1) Os comunistas chineses receberam apoio da URSS mas, em diversos momentos, a direção chinesa não seguiu a orientação e preferências políticas do PCUS, que não acreditava na capacidade PCCh derrotar o Kuomintang e o imperialismo, e preferia uma aliança mais duradoura com Chiang Kai-chek (chefe do Kuomintang); 2) na medida em que ia avançando nas áreas rurais, já iam conquistando o poder de fato regionalmente, fazendo uma reforma agrária, empoderando o campesinato (material, política e militarmente) e o povo explorado e oprimido das regiões e iniciando um processo real e concreto de governo. Nesse processo, Mao Tse-tung consolidou sua liderança no partido, no exército e entre o povo.


O novo poder revolucionário


Após a conquista do poder em 1º de outubro de 1949, o partido e o governo iniciaram um processo de reconstrução nacional que tinha como objetivo a transição ao socialismo.


Foi feita a nacionalização/estatização da terra (com distribuição da posse da terra para os camponeses) e dos grandes meios de produção e da infraestrutura, impulsionando o desenvolvimento das forças produtivas e a industrialização. Garantida ampla liberdade sindical e direito de greve aos trabalhadores e os direitos das mulheres, rompendo o arraigado patriarcalismo tradicional chinês. Em 1953, foi lançado o 1º Plano Quinquenal e já no início da década de 1950, a grande e a média burguesias na China se tornaram residuais.


Mas, foram muitos percalços no caminho, a começar pela pobreza e o analfabetismo do povo e o muito baixo desenvolvimento das forças produtivas, o conservadorismo cultural nas relações sociais e políticas, e a luta pela consolidação territorial da China continental só se concluiu em 1950.


O novo governo enfrentou também o isolamento internacional, já que as potências imperialistas continuaram reconhecendo o governo títere montado por Chang Kai-chek na ilha de Taiwan, onde manteve o nome de “República da China”.


Houve, ainda, a necessidade de intervir diretamente com tropas na guerra da Coreia, já em 1950, contra as tropas imperialistas dos EUA e em apoio à revolução coreana, além do apoio à revolução vietnamita desde 1949.


Ao mesmo tempo, com a URSS houve uma relação tensa desde a fundação da RPC, em continuidade com as divergências já existentes anteriormente. Por um lado, a URSS contribuiu significativamente no apoio econômico, técnico, tecnológico e militar para um primeiro impulso industrializante chinês.


Por outro lado, tentava tutelar o processo chinês, o que nunca foi aceito pelo PCCh. Essas divergências se aprofundaram no final da década de 1950, quando a URSS formalizou uma concepção considerada pelo PCCh como de abandono do internacionalismo e da via revolucionária ao socialismo (trocada pela via pacífica) e de interferir nos assuntos internos da China e de outros países. O rompimento foi completo, chegando a ocorrer conflitos militares, na fronteira entre os dois países, no fim dos anos 1960.


O PCCh passou a caracterizar a URSS como um capitalismo de estado, denunciar a burocratização do estado soviético, a interrupção de sua transição ao socialismo e de ter abandonado o marxismo, trocado por um “revisionismo”, e de ter uma relação “social-imperialista” com outros países.


Além disso, a China passou a competir com a URSS internacionalmente, apoiando movimentos revolucionários de outros países, especialmente os de libertação nacional, na Ásia, África e América Latina. Com isso, o isolamento da China aumentou ainda mais.


Ao mesmo tempo, o PCCh manteve uma linha de fazer avançar a revolução e a transição ao socialismo de modo ininterrupto e que combinasse dialeticamente o desenvolvimento das forças produtivas com a revolução nas relações de produção e no modo de vida.


Isso implicava uma combinação do desenvolvimento industrial, da ciência e da tecnologia (nunca negligenciados pelo PCCh no período chamado “maoísta”), via empresas estatais, com o empoderamento econômico e político do povo, principalmente via as “comunas” rurais e a produção coletiva, além da luta ideológica contra as heranças retrógradas e conservadoras, feudais e burgueses, existentes na sociedade e no estado e mesmo dentro do PCCh e do ELP.


Dois grandes acontecimentos históricos foram marcantes nesse processo. O primeiro foi o “Grande Salto à Frente” (2º Plano Quinquenal, 1958), que tinha o objetivo principal de avançar o processo de industrialização, de várias formas, através de uma ampla mobilização da força de trabalho e do incentivo político às iniciativas das massas trabalhadoras.


O outro foi a “Grande Revolução Cultural Proletária” (iniciada em 1966), com forte apoio na juventude, que visava combater as heranças ideológicas burguesas e conservadoras e o burocratismo presentes no estado e no partido e, ao mesmo tempo, através desta luta, combater a ala direita do PCCh, que defendia uma linha economicista de exclusividade do desenvolvimento das forças produtivas, favorecendo o desenvolvimento de relações sociais burguesas, ligadas às relações de produção de tipo capitalistas, que, já naquela época, era a linha defendida por Deng Xiaoping.


Ambos os grandes movimentos tiveram resultados contraditórios. Por um lado, o projeto do “Grande Salto à Frente” traçou metas que superestimavam as condições objetivas e subjetivas existentes. Conseguiu conquistas importantes (mas abaixo das metas) e acabou desorganizando em parte o processo produtivo e, como consequência disso, e de uma confluência com desastres naturais não esperados, houve uma queda da produção de alimentos, a fome, sacrifícios e perdas significativas de vidas humanas.


Já a “Revolução Cultural” gerou um clima de forte instabilidade política e social, chegando a sair do controle no partido, com exageros e sectarismos, e gerando muitos conflitos de massa com uso de violência, inclusive mortes.


Por outro lado, também deve ser criticado o “Culto à Personalidade” de Mao Tsé-tung, que foi se desenvolvendo.


Entretanto, apesar de toda essa instabilidade e momentos de forte crise, como a guerra da Coreia, o rompimento com a URSS, o “Grande Salto à Frente” e a “Revolução Cultural”, num período de pouco mais de 27 anos, o resultado foi muito positivo, com grande crescimento econômico e avanço social e cultural.


Vejamos alguns dados


Apesar de todas as dificuldades que ocorreram, entre 1952 e 1978 (início das reformas pró mercado), a produção industrial aumentou numa média de 9,4% ao ano. Como expressão disso, a produção de carvão cresceu 9 vezes, a de aço 32 vezes e a de energia multiplicou-se 36 vezes.


Durante aqueles 27 anos, o PIB chinês cresceu numa média de 6,2% ao ano, sendo que, nos últimos 10 anos antes das reformas pró mercado, o PIB cresceu, em média, 6,8% ao ano.


Durante esse período, a população chinesa cresceu 57%, de 540 milhões para 950 milhões de habitantes e a expectativa de vida dobrou de 35 para 68 anos.


Isso foi reflexo da melhora exponencial na produção e nas condições de vida, alimentação, saúde e educação, direitos sociais e radical diminuição da desigualdade. Assim, a fome foi eliminada e houve uma significativa ampliação do mercado interno, da capacidade de produção e consumo de bens de consumo populares.


Além disso, a China iniciou uma moderna indústria aeroespacial, enviando satélites ao espaço sideral, construindo uma potente Força Armada e fazendo testes nucleares, que foram necessários e suficientes para e inibir qualquer aventura militar imperialista, como as que aconteceram nos vizinhos Coreia e no Vietnã e outros países asiáticos.


Enfim, neste período a China consolidou um efetivo estado soberano, depois de “Cem anos de Humilhação”. Portanto, o que veio após 1978 não partiu do zero. Ao contrário, partiu de grandes avanços já conquistados.


Mao Tsé-tung tinha consciência do risco de restauração do capitalismo na China e lutou contra isso enquanto pode. Sabia que o grande partido operário socialista alemão tinha sido corroído pela hegemonia burguesa e se adequado ao capitalismo, e que, na sua maneira de ver, também havia acontecido um retrocesso na transição ao socialismo na URSS. Portanto, o que ainda não tinha ocorrido na China, poderia vir a acontecer se fosse vitoriosa a linha de Liu Shaoqi, Deng Xiaoping e Xi Zhongxun, do pai de Xi Jinping[1].


Note-se que, apesar de grandes conflitos e uma disputa muito dura após o “Grande Salto à Frente” e a “Revolução Cultural”, ocorreram muitos afastamentos de lideranças da ala direita do partido de posições de direção partidária e do estado. Mas, como regra geral, sem medidas de condenações a prisão e muito menos execuções de dirigentes como havia acontecido no período stalinista na União Soviética. A maioria dos dirigentes da linha pró desenvolvimento das relações capitalistas foi afastada dos postos dirigentes, mas se manteve no partido em posições nas bases partidárias e vinculados ao processo produtivo, muitos deles deslocados para o trabalho no campo.


Não foi o que aconteceu após a morte de Mao em 1976, quando lideranças da ala esquerda do partido, especialmente do chamado Grupo de Xangai, foram presas e duas delas condenados à morte, como Jiang Qing, membra do Secretariado do PCCh e companheira de Mao Tse-tung desde a Grande Marcha e que, posteriormente, teve a pena reduzida a prisão perpétua e morreu oficialmente por suicídio, em 1991.


O novo período da dominância do capital


Como sabemos, a China hoje é a segunda potência mundial, tem o maior PIB industrial, é a maior exportadora de mercadorias, grande exportadora de capitais, disputa a vanguarda tecnológica e tem a terceira capacidade bélica.


Mas, especialmente, nesta comemoração do 1º de outubro, cabe lembrar que o modelo atual foi uma ruptura com a transição ao socialismo desenvolvida sob a direção de Mao Tse-tung e discutir sobre a realidade da China atual, segundo o conceito de modo de produção. É crucial esclarecer a natureza do sistema social construído na China a partir de 1978.


A transição do capitalismo ao socialismo depende, entre outros aspectos, do nível de desenvolvimento das forças produtivas e da direção política dos trabalhadores, através do Estado e de suas próprias organizações. Assim, mercado, propriedade privada e relação com o mercado mundial podem ser fatores necessários à transição, como uma tarefa complexa.


Entretanto, na China, depois de 1978, o Partido-Estado deflagrou reformas que resultaram na predominância da propriedade privada dos meios de produção e prevalência da lógica de acumulação de capital. Em vez de crescente regulação da economia pela planificação no sentido do socialismo, os investimentos, a produção e o emprego são regulados pela lei do valor, segundo a finalidade do lucro.


Nesse cenário de prevalência da propriedade privada, há um caso exemplar, neste exato momento, sobre os limites da regulação estatal diante do impulso próprio da acumulação de capital: a crise da Evergrande.


Trata-se da segunda maior incorporadora imobiliária da China, com centenas de milhares de empregados. Esta gigantesca empresa privada entrou em colapso com dívidas impagáveis de cerca de US$ 300 bilhões de dólares. É patente que não se trata de um caso isolado, pois o endividamento grassa por muitas empresas e governos locais.


É evidente que não é um problema que surgiu agora, decorre de um processo em que as condições, os recursos e as oportunidades foram colocadas tanto pelo mercado quanto pelo Estado para a ascensão da Evergrande. A cadeia de dívidas em cascata, em profusão, como se fosse uma pirâmide financeira, não foi contida pela mão do Estado. De certa forma, o Estado foi capturado pela ação da empresa. Não havia interesse de controle nesse sentido. Imóveis, obras de infraestrutura e projetos de urbanização são necessários para o crescimento econômico e empregos.


Nos limites das reformas de mercado, a forte e indiscutível regulação estatal chinesa serviu à implantação da economia capitalista, através de políticas industriais e tecnológicas, subsídios, incentivos fiscais, apoio às exportações, ao lado de mão de obra abundante, disciplinada e educada. Por isso, por exemplo, a China foi o país que mais atraiu capitais estrangeiros em 2020, superando os Estados Unidos.


Construiu-se, desde 1978, uma espécie de capitalismo de Estado, mas, na tentativa de provar que o regime ainda é socialista, recorre-se geralmente à argumentação sobre o poder de regulação e controle do Estado na economia, apontando para a propriedade estatal dos gigantescos conglomerados empresariais na produção e os bancos. No entanto, este suposto predomínio estatal na economia é tão questionável quanto a operação reducionista que assimila socialismo a estatismo.


Há diferentes avaliações do tamanho dos setores privado e estatal na China, mas o traço comum, entre todas elas, é a predominância de empresas privadas. “Quanto as empresas estatais contribuem para o PIB e o emprego da China?”, pergunta o economista Chunlin Zhang (2019). Em suas estimativas, ele conclui “que a participação das estatais no PIB da China deve ser de 23-28% e sua participação no emprego pode estar em qualquer lugar entre 5% e 16% em 2017”.


As empresas estatais na indústria aumentaram sua produção em termos absolutos, no entanto, eles encolheram rapidamente em um sentido relativo, ao considerar que entre 1978 e 2015, o produto industrial do país cresceu 47 vezes, enquanto o produto das estatais cresceu 12 vezes, segundo Nicholas Lardy (2018).


No relatório do Quarto Censo Econômico Nacional, com dados do final de 2013 ao final de 2018, foi registrado que, neste último ano, mais de 84% das empresas chinesas eram privadas, sendo as outras estatais ou coletivas. Mas, 15,7% dos trabalhadores ocupados estavam em empresas estatais (China Daily, 2019).


Já pela análise de Branko Milanovic, “o papel do estado no PIB total, calculado a partir do lado da produção, é improvável que exceda 20 por cento, enquanto a força de trabalho empregada nas estatais e empresas de propriedade coletiva é de 9 por cento do emprego rural e urbano total” (Milanovic, 2019, p. 89).


A China sob Xi Jinping


As novas circunstâncias na China e no mundo exigiram novas formas de tratamento dos desafios chineses, segundo o governo de Xi Jinping. No decorrer da administração do presidente Hu Jintao (2003-2013), os líderes do PCCh tornaram-se plenamente conscientes do fato que os antagonismos entre as classes sociais estavam se intensificando, ao lado das realizações econômicas significativas do desenvolvimentismo.


Claramente, nem Hu Jintao nem Xi Jinping reconheceriam isso. Pelo contrário, o slogan favorito era Sociedade Harmoniosa e Xi não se cansa de falar em Prosperidade Comum. O discurso público continua a propagar ilusões. No entanto, na prática, os líderes chineses estão sendo obrigados a voltar sua atenção para as explosivas desigualdades sociais de renda e riqueza, num país onde 1% das pessoas concentram 30% da riqueza, bem como eles aumentaram as referências ao marxismo.


Em fevereiro de 2021, o governo comemorou a vitória pela erradicação da pobreza absoluta na China. Mas as desigualdades e a pobreza permanecem alarmantes, como o primeiro-ministro chinês Li Keqiang reconheceu quando disse que 600 milhões de pessoas têm uma renda mensal de apenas ¥ 1.000 (US $141), que, segundo ele, é suficiente, com dificuldades, para apenas alugar um quarto em uma cidade de tamanho médio (China Daily, 2020).


“Expansão desordenada de capital” é o que vem acontecendo em alguns setores da China, nas palavras da reunião do Bureau Político do Comitê Central do PCCh em dezembro de 2020. Mas foi o próprio sistema Partido-Estado que impôs as reformas e políticas que levaram à “desordem”, ou seja, à realidade capitalista, com oligopólios, superlucros e irregularidades jurídicas e até a ascensão de bilionários nativos. Agora, o PCCh decidiu adotar medidas antitruste e prevenir os chamados distúrbios do capital de expansão. Assim, o governo implementou medidas regulatórias antitruste (contra a Ant, o braço financeiro do Alibaba, em 2020; outras grandes empresas de tecnologia como a Tencent; Didi Global, um serviço de transporte tipo Uber; e escolas de reforço, em 2021).


A liderança chinesa deve explicar se eles acreditam que há uma expansão ordenada, harmoniosa e equilibrada dentro da economia capitalista, com mercado, propriedade privada, lucros. Com as políticas antitruste, as autoridades estão aparentemente buscando objetivos diferentes: aumentar o escrutínio governamental sobre as empresas, regular a concorrência, limitar as aquisições e fusões, evitar a dependência financeira e seus riscos para as empresas chinesas em relação aos mercados financeiros dos Estados Unidos e bloquear potenciais vulnerabilidades de segurança cibernética. O conflito com os Estados Unidos levou a China, em busca de autonomia, a aumentar a regulamentação de suas áreas tecnológicas e financeiras.


O novo cenário político na China, com o presidente Xi no comando, indica que os líderes chineses estão sendo forçados a lidar com os limites, contradições e perigos que aparecem quando o grande capital está dominando o navio. Os efeitos do processo para formar uma classe extremamente poderosa de chineses capitalistas, que possuem corporações que centralizam grandes quantidades de capital, estão gradualmente transbordando da economia para a política, ideologia e cultura.


Referências:


China Daily. (2019, November 28). Over 84% of companies in China are private.


http://www.china.org.cn/business/2019-11/28/content_75457219.htm


China Daily. (2020, June 10). Challenge remains as nations tries to scrap


absolute poverty. https://www.chinadaily.com.cn/a/202006/10/


WS5ee02eafa310834817251f8b.htm


CHUNLIN, Zhang. How Much Do State-Owned Enterprises Contribute to China’s GDP and Employment? World Bank, Washington, DC. July 15, 2019. Disponível em: http://hdl.handle.net/10986/32306. Acesso em 20 dez. 2020.


LARDY, Nicholas. Private sector development. In: GARNAUT, Ross.; LIGANG, Song; CAI, Fang. (Eds.). China’s 40 years of reform and development. Canberra: Australian National University Press, p. 329-342, 2018.


______. The state stikes back. The end of economic reform in China? Washington, DC: Peterson Institute for International Economics, 2019.


MILANOVIC, Branko. Capitalismo, nada más: el futuro del sistema que domina el mundo. Barcelona: Taurus, 2020.


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* Renildo Souza é professor dos programas de pós-graduação em Relações Internacionais e Economia da UFBA. Autor de “Estado e Capital na China”, EDUFBA, 2018. Tem pós-doutorado como Visiting Scholar na SOAS (The School of Oriental and African Studies)-University of London.


* Jorge Almeida é professor associado de Ciência Política e dos programas de pós graduação em Ciências Sociais e Ciência Política da UFBA. Tem pós-doutorado como Visiting Scholar na SOAS (The School of Oriental and African Studies)-University of London;

Jeorge Luiz Cardozo - mestre em políticas públicas, professor universitário e agente federal, autor de artigos como: O novo PDDU de Salvador e a questão ambiental, Reforma do Estado, universidade para quem, entre outros.

CULTURA VOCÊ QUER?

 CULTURA VOCÊ QUER?


por Jeorge Cardozo


Umas das questões emblemáticas dessa crise política e econômica atual perpassa pelo entendimento das máximas de Marx e Engels a cerca do capitalismo e da burguesia, classe detentora do capital, das ideias e, consequentemente, responsáveis diretos por todos os males do mundo na atualidade.

Para o nosso entendimento, vou aqui reproduzir parte de textos originais com as ideias e máximas desses autores, a partir de grifos nossos, demostrando que esses dois autores tem sempre razão a cerca do desenvolvimento e consequências do capitalismo, da burguesia e de seus antagonismos posteriores.

Na página 5O, da edição 2OO2, do Manifesto Comunista, Marx e Engels preconizam que “A burguesia suprime cada vez mais a dispersão dos meios de produção, da propriedade e da população, suprime na medida em que, através da compra, fusão ou fechamento de fábricas, elimina a concorrência. Aglomerou a população, centralizou os meios de produção e concentrou a propriedade em poucas mãos. A consequência necessária disso foi a centralização política e o inchamento das cidades e seus guetos. Províncias independentes, ligadas entre si quase que só por laços confederativos, com interesses, leis, governos e tarifas aduaneiras diferentes, foram reunidas em uma só nação, com um só governo, uma só legislação, um só interesse nacional de classe, uma só barreira alfandegaria”.

Continuam eles, ainda na página 5O, “Em seu domínio de classe de apenas cem anos, a burguesia criou forças produtivas mais poderosas e colossais do que todas as gerações passadas em conjunto. Lembre-se que os cem anos referidos, refere-se ao tempo de publicação da obra, ora comentada. Portanto, hoje são quase trezentos anos. Subjugação das forças da natureza, maquinaria, aplicação da química na indústria e na agricultura, navegação a vapor, ferrovias, telégrafo elétrico, exploração de continentes inteiros, navegabilidade dos rios, populações inteiras brotadas do solo como que por encanto – qual século anterior poderia suspeitar que semelhantes forças produtivas estivessem adormecidas no seio do trabalho social”? Veja que o avião e o carro ainda não existiam quando da publicação da citada obra.

Continuam eles, “Vimos, portanto, que os meios de produção e de troca à base dos quais veio se constituindo a burguesia foram produzidos no interior da sociedade feudal. Refere-se ao momento do desenvolvimento do capitalismo, quando ainda existiam resquícios do antigo regime feudal. Num certo estágio de desenvolvimento desses meios de produção e de troca, as condições nas quais a sociedade feudal produzia e trocava, quer dizer, as organizações feudais da agricultura e da manufatura, numa palavra, as relações feudais de propriedade, deixaram de corresponder às forças produtivas já desenvolvidas. Entravavam a produção ao invés de impulsiona-la. Transformaram-se em outras tantas cadeias. Precisavam ser despedaçadas e foram despedaçadas”. Aqui é interessante observar que, segundo os autores, há uma contradição. Essa contradição é o momento em que um modelo econômico não consegue mais dar resposta a sociedade, ou seja, não consegue mais alimentar e gerar riqueza, entrando em colapso e criando obstáculo para o “novo” em andamento.

“Em seu lugar implantou-se a livre concorrência, com uma constituição política e social apropriada, com o domínio econômico e político da classe burguesa”. Livre concorrência no sentido em que não há mais a mão do Estado na economia, a própria concorrência define quem fica e quem sai da disputa do mercado.

“Assistimos hoje a um movimento análogo. As relações burguesas de produção e de troca, as relações burguesas de propriedade, a moderna sociedade burguesa, que fez surgir como que por encanto possantes meios de produção e de troca, assemelham-se ao feiticeiro que já não pode controlar as potencias infernais por ele postas em movimento. Há mais de uma década a história da indústria e do comércio não é senão a história da revolta das forças produtivas modernas contra as modernas relações de produção, contra as relações de propriedade que são a condição de existência da burguesia e de seu domínio. Basta mencionar as crises comerciais que, com seu periódico retorno, põem em questão e ameaçam cada vez mais a existência de toda a sociedade burguesa. Nas crises comerciais é destruída regularmente uma grande parte não só dos produtos fabricados, como também das forças produtivas já criadas. Nessas crises, irrompe uma epidemia social que em épocas precedentes teria parecido um absurdo – a epidemia da superprodução. A sociedade vê-se repentinamente reconduzida a um estado de barbárie momentânea; o comercio e a indústria parecem aniquilados, e por quê? Porque a sociedade possui demasiada civilização, demasiados meios de subsistência, demasiada indústria, demasiado comercio. As forças produtivas disponíveis já não favorecem mais o desenvolvimento da civilização burguesa e das relações burguesas de propriedade; ao contrario, tornaram-se poderosas demais para essas relações e passam a ser por elas travadas; e, assim que vencem esse obstáculo, desarranjam toda a sociedade, põe em perigo a existência da propriedade burguesa. As relações burguesas tornaram-se estreitas demais para conter a riqueza por elas mesmas criadas. E de que modo a burguesia vence tais crises? Se um lado, através da destruição forçada de uma massa de forças produtivas; de outro, através da conquista de novos mercados e da exploração mais intensa dos antigos. De que modo, portanto? Mediante a preparação de crises mais gerais e mais violentas e a diminuição dos meios de evita-las. Aqui está a chave do momento de crise atual, quando os autores mostram claramente as relações promíscuas exercida pelo capital, “fabricando” crises, derrubando governo soberano que se opõem a toda essa barbárie, derrubam moedas e bolsas, gerando crises, pois, o capitalismo sobrevive das crises, por ele mesmo criadas e disseminadas, para gerar novos ciclos e ganhar novos mercados.

AS armas de que se serviu a burguesia para abater o feudalismo voltam-se agora contra a própria burguesia. Refere-se ao antagonismo criado, ou seja, pobreza e miséria para a maioria e opulência para uma minoria, gerando convulsão social e revoluções.  

Mas a burguesia não forjou apenas as armas que lhe trarão a morte; produziu também os homens que empunharão essas armas – os operários modernos, os proletários, trabalhadores.

Na mesma proporção em que se desenvolve a burguesia, ou seja, o capital, desenvolve-se também o proletariado, a classe dos operários modernos, que só encontram trabalho na medida em que o seu trabalho aumente o capital. Tais operários, obrigados a se vender peça por peça, são uma mercadoria como qualquer outro artigo de comercio e estão, portanto, expostos a todas as vicissitudes da concorrência, a todas as flutuações do mercado. Pag. 5O e 51. O operário passa a se confundir com a própria mercadoria por ele produzida, é o processo de alienação e coisificação do operário.

O desenvolvimento da maquinaria e a divisão do trabalho levam o trabalho dos proletários a perder todo caráter independente e com isso qualquer atrativo para o operário. Esse se torna um simples acessório da máquina, do qual só se requer a operação mais simples, mais monótona, mais fácil de aprender. Em decorrência, as despesas causadas pelo operário reduzem-se quase exclusivamente aos meios de subsistência de que necessita para sua manutenção e para a reprodução de sua espécie. Mas o preço de uma mercadoria e, portanto, o do trabalho, é igual ao seu custo de produção. Logo, à medida que aumenta o tédio do trabalho, diminui o salário. Mais ainda: à medida que crescem a maquinaria e a divisão do trabalho, cresce também a massa de trabalho, quer através do aumento do trabalho exigido num certo tempo, quer através da aceleração da velocidade das máquinas, etc. pag. 52. Com isso, criam-se um excedente de mão de obra com o avanço da tecnologia aplicada na produção, levando o salario, cada vez mais, para baixo e aumento dos produtos produzidos.

A indústria moderna transformou a pequena oficina do mestre-artesão patriarcal na grande fábrica do capitalista industrial burguês. Massas de operários, aglomeradas nas fábricas, são organizadas militarmente. Como simples soldados da indústria, são postos sob a vigilância de uma completa hierarquia de suboficiais e oficiais. Não são apenas servos da classe burguesa, do Estado burguês, mas são também, a cada dia e a cada hora, escravizados pela máquina, pelo capataz e sobretudo pelo singular burguês fabricante em pessoa. Tal despotismo é tão mais mesquinho, odioso e exasperador quanto mais abertamente proclama ser o lucro seu objetivo último. Suboficiais e oficiais, refere-se aos chefes, subgerente, gerentes, diretores da atualidade.Pag. 52.

Quanto menos habilidade e força exige o trabalho manual, quer dizer, quanto mais a indústria moderna se desenvolve, mais o trabalho dos homens é suplantado pelo das mulheres e crianças. As diferenças de sexo e de idade não têm mais valor social para a classe operária. Ficam apenas instrumentos de trabalho, cujo custo varia conforme a idade e o sexo. Hoje o operário não é mais suplantado pelas mulheres e crianças e sim, pela automação, pag. 52.

Uma vez terminada a exploração do operário pelo fabricante, isto é, logo que o operário recebe seu salário, caem sobre ele às outras partes da burguesia: o proprietário da casa, o merceeiro, o usuário, as contas, etc. Refere-se as despesas que o operário tem que pagar ao fim de cada mês, como aluguel, condomínio, água, luz, escola, saúde, taxas e etc. pag. 52-53.

As que até agora fora, as pequenas camadas médias – os pequenos industriais, os pequenos comerciantes e os que vivem de pequenas rendas, os artesões e os camponeses -, todas essas classes caem no proletariado; em parte porque sua habilidade é desvalorizada pelos novos métodos de produção. Assim, o proletariado é recrutado em todas as classes da população. Refere-se a classe média, o pequeno comerciante, o dono da pequena oficina que, não conseguem competir no mercado tão desleal, que voltam ao mercado em busca de emprego Pag. 53.

O proletariado passa por diferentes fases de desenvolvimento. Sua luta contra a burguesia começa com sua própria existência. Refere-se as lutas que o operário tem no dia contra o patrão por causa das condições impostas por eles. Pag. 53.

No principio, luta, operários isolados, depois os operários de uma mesma fábrica, a seguir os operários de um mesmo ramo da indústria, numa dada localidade, contra o burguês singular que os explora diretamente. Dirigem seus ataques não apenas contra as relações burguesas de produção, mas contra os próprios instrumentos de produção; destroem as mercadorias estrangeiras que lhes fazem concorrência, quebram as máquinas, incendeiam as fábricas, procuram reconquistar pela força a desaparecida posição do trabalhador da Idade Média. Pag. 53.

Nessa fase, os operários constituem uma massa disseminada por todo o país e dispersa pela concorrência. A aglomeração de operários em grandes massas ainda não é o resultado da sua própria união, mas da união da burguesia, a qual, para alcançar seus próprios objetivos políticos, é obrigada a colocar em movimento todo o proletariado, o que por enquanto ainda pode fazer. Nessa fase, portanto, os proletários não combatem os seus inimigos, mas os inimigos de seus inimigos, os restos da monarquia absoluta, os proprietários de terras, os burgueses não industriais, os pequenos burgueses. Assim, todo o movimento histórico está concentrado nas mãos da burguesia; toda vitória obtida nessas condições é uma vitória da burguesia. Referem-se na atualidade, as mediadas econômicas tomadas, são, em geral, para beneficiar a burguesia. Pag. 53.

Porém, com o desenvolvimento da indústria, o proletariado não apenas se multiplica; concentra-se em massas cada vez maiores, sua força aumenta e ele sente mais tudo isso. Os interesses, as condições de existência no interior do proletariado igualam-se cada vez mais, à medida que a maquinaria elimina todas as distinções de trabalho e reduz, quase por toda parte, os salários a um mesmo nível baixo. A crescente concorrência dos burgueses entre si e as crises comerciais que disso resultam tornam os salários dos operários cada vez mais instáveis; o aperfeiçoamento constante e cada vez mais rápido das máquinas torna as condições de vida do operário cada vez mais precário; os choques entre o operário e o burguês singular assumem cada vez mais o caráter de conflitos entre duas *classes. Os operários começam a* formar coalizões contra os burgueses; reúnem-se para defender seus salários. Chegam até mesmo a fundar associações permanentes para estarem precavidos no caso de eventuais sublevações. Aqui e ali a luta explode em revoltas. Refere-se ao momento atual de crise, em que o operário começa a perceber a dominação do capital sobre ele e aí, começa a reagir. Pag. 53 e 54.

De tempos em tempos os operários triunfam, mas é um triunfo efêmero. O verdadeiro resultado de suas lutas não é o êxito imediato, mas a união cada vez mais ampla dos operários. Tal união é facilitada pelo crescimento dos meios de comunicação que são criados pela grande indústria e que colocam em contato para centralizar as numerosas lutas locais, todas do mesmo caráter, numa luta nacional, numa luta de classes. Mas toda luta de classes é uma luta politica. E a união que os habitantes das cidades da Idade Média, com seus caminhos vicinais, levaram séculos para alcançar é hoje, com as ferrovias, aviação e demais inovações dos meios de transportes conseguidas em poucos anos pelos proletários modernos. Refere-se as vitorias isoladas conquistadas pelos operários, mas, para os autores só uma vitória definitiva do operário contra a estrutura montada pelo capital e pela burguesia levará o capitalismo e a burguesia a morte. Pag. 54.

Essa organização do proletariado em classe e, com isso, em partido político, é incessantemente abalada pela concorrência entre os próprios operários. Mas renasce sempre, cada vez mais forte, mais firme, mais poderosa. Aproveita-se das divisões internas da burguesia para força-la a reconhecer, sob a forma de lei, certos interesses particulares dos operários. Foi assim, por exemplo, com a Lei das dez horas de trabalho na Inglaterra. Refere-se às lutas travadas pelos operários no século XIX para conseguir a jornada diária de dez horas. Lembre-se que na atualidade a jornada é de oito horas e, já tem projetos para baixar para seis horas. Pag. 54.

Em geral, os choques da velha sociedade favoreceram de diversas maneiras o desenvolvimento do proletariado. A burguesia vive em luta continua; no inicio, contra a aristocracia; depois, contra as partes da própria burguesia cujos interesses entram em conflito com os progressos da indústria; e sempre contra a burguesia dos países estrangeiros. Em todas essas lutas, vê-se obrigados a apelar para o proletariado, a solicitar seu auxilio e arrasta-lo assim para o movimento politico. A burguesia mesma, portanto, fornece ao proletariado os elementos de sua própria educação, isto é, armas contra si mesma. A educação referida acima se refere a elementos de sua própria educação politica e geral. Pag. 54 e 55.

Além do mais, como já vimos, com o progresso da indústria, frações inteiras da classe dominante são lançadas no proletariado, ou pelo menos ameaçadas em suas condições de existência. Também elas fornecem ao proletariado uma massa de elementos de educação. Essa educação refere-se a elementos de instrução e de progresso. Refere-se ao empobrecimento de setores da burguesia, provocado pelas crises constantes do capitalismo. Pag. 55.

Finalmente, nos períodos em que a luta de classes se aproxima da hora decisiva, o processo de dissolução da classe dominante, de toda a velha sociedade, adquire um caráter tão violento e agudo que uma pequena parte da classe dominante se desliga dela e se junta à classe revolucionaria, à classe que traz o futuro nas mãos. Portanto, assim como outrora uma parte da nobreza passou-se para a burguesia , hoje uma parte dos ideólogos burgueses que conseguiram alcançar uma compreensão teórica do movimento histórico em seu conjunto. Pag. 55.

De todas as classes que hoje se opõem à burguesia, apenas o proletariado é uma classe verdadeiramente revolucionaria. As demais classes vão-se arruinando e por fim desaparecem com a grande indústria; o proletariado é o seu produto mais autêntico. Pag. 55.

As camadas médias, o pequeno industrial, o pequeno comerciante, o artesão, o camponês, combatem a burguesia para salvar da ruina sua própria existência como camadas médias. Não são portanto revolucionarias, mas conservadoras. Mais ainda, são reacionárias, pois procuram fazer retroceder a roda da história. Quando se tornam revolucionarias, é em consequência de sua iminente passagem para o proletariado; defendem então seus interesses presentes, abandonando seu próprio ponto de vista pelo do proletariado. Refere-se a atual classe média que, em determinado momento de crise, se alia ao operário e em outro, os traem, como o que acontece com a crise atual aqui no Brasil. Pag. 55.

O Lumpemproletariado, setor do operariado inapto para exercer trabalho regular, essa putrefação passiva dos estratos mais baixos da velha sociedade, pode, aqui e ali, ser arrastado ao movimento por uma revolução proletária; no entanto, suas condições de existência o predispõem bem mais a se deixar comprar por tramas reacionárias. Refere-se às miseráveis que não tem as condições mínimas de sobrevivência e, que, portanto, são levados por interesse mesquinhos e imediatos. Pag. 55.

As condições de existência da velha sociedade já estão anuladas nas condições de existência do proletariado. O proletário é sem propriedade; suas relações com a mulher e os filhos nada têm de comum com as relações familiares burguesas; o moderno trabalho industrial, a moderna subjugação ao capital – idêntica na Inglaterra e na França, na América e na Alemanha -, despojou-o de todo caráter nacional. As Leis, a moral, a religião são para ele meros preconceitos burgueses, por detrás dos quais se ocultam outros tantos interesses burgueses. Pag. 56.

Todas as classes que no passado conquistaram o poder procuraram consolidar a posição já adquirida submetendo toda a sociedade às suas condições de apropriação. Os proletários não podem se apoderar das forças produtivas sociais a não ser suprimindo o modo de apropriação a elas correspondente e, com isso, todo modo de apropriação existente até hoje. Os proletários nada têm de seu para salvaguardar; têm para destruir toda a segurança privada e todas as garantias privadas até aqui existentes. Por não possuir nada de palpável, cabe ao operário destruir o sistema capitalista e criar um mais humano, onde todos, sejam iguais. Pag. 56. 

Todos os movimentos precedentes foram movimentos de minorias ou no interesse de minorias. O movimento proletário é o movimento independente da imensa maioria no interesse da imensa maioria. O proletariado, estrato inferior da atual sociedade, não pode erguer-se, pôr-se de pé, sem que salte pelos ares toda a superestrutura dos estratos que constituem a sociedade oficial. Obviamente, que, para sobreviver e dominar, a classe burguesa capitalista, cria os antagonismos de dominação, no caso, a superestrutura de dominação, ou seja, o modo todo seu de dinamizar as suas ideias.  Pag. 56.

Não por seu conteúdo mas por sua forma, a luta do proletariado contra a burguesia é, num primeiro tempo, uma luta nacional. O proletariado de cada país deve evidentemente acabar, antes de mais nada, com sua própria burguesia. Pag. 56.

Esboçando as fases mais gerais do desenvolvimento do proletariado, seguimos a guerra civil mais ou menos oculta dentro da sociedade atual, até o momento em que ela explode numa revolução aberta e o proletariado funda sua dominação com a derrubada violenta da burguesia. Pag. 56.

Toda sociedade até aqui existente repousou, como vimos, no antagonismo entre classes de opressores e classes de oprimidos. Mas, para que uma classe possa ser oprimida, é preciso que lhe sejam asseguradas condições nas quais possa ao menos dar continuidade à sua existência servil. O servo, durante a servidão, conseguiu tornar-se membro da comuna, assim como o burguês embrionário, sob o do absolutismo feudal, conseguiu tornar-se burguês. O operário moderno, ao contrario, ao invés de se elevar com o progresso da indústria, desce cada vez mais, caindo inclusive abaixo das condições de existência de sua própria classe. O operário torna-se um pobre e o pauperismo cresce ainda mais rapidamente do que a população e a riqueza. Fica assim evidente que a burguesia é incapaz de continuar por muito mais tempo sendo a classe dominante da sociedade e de impor à sociedade, como lei reguladora, as condições de existência de sua própria classe. É incapaz de dominar porque é incapaz de assegurar a existência de seu escravo em sua escravidão, porque é obrigada a deixa-lo cair numa situação em que deve alimenta-lo ao invés de ser por ele alimentada. A sociedade não pode mais existir sob sua dominação, quer dizer, a existência da burguesia não é mais compatível com a sociedade. Pag. 56 e 57.

A condição mais essencial para a existência e a dominação da classe burguesa é a acumulação da riqueza nas mãos de particulares, a formação e o aumento do capital; a condição do capital é o trabalho assalariado. O trabalho assalariado baseia-se exclusivamente na concorrência dos operários entre si. O progresso da indústria, cujo agente involuntário e passivo é a própria burguesia, substitui o isolamento dos operários, resultante da concorrência, por sua união revolucionária resultante da associação. Assim, o desenvolvimento da grande indústria abala sob os pés da burguesia a própria base sobre a qual ela produz e se apropria dos produtos, A burguesia produz, acima de tudo, seus próprios coveiros. Seu declínio e a vitória do proletariado são igualmente inevitáveis. Pag. 57.

O COMEÇO DO FIM DE UM IMPÉRIO

 O COMEÇO DO FIM DE UM IMPÉRIO


por Jeorge Cardozo*


Suponha-se que um império, embora dotado das mais poderosas armas, tecnologias e capitais, seja durante quase um século, dominante e repentinamente eleja um governante desagregador e divisor ao invés de agregar e tenha no seu calcanhar de Aquiles uma outra potência emergente e pronta para lhe tomar o lugar de protagonista da hegemonia mundial? Suponha ainda, que essa outra potência emergente tenha ideologia política diferente ainda que do ponto de vista da macro economia ainda utilize mecanismos do modelo adversário a priori? Suponha-se ainda que os problemas emergentes que pode levar esse império dominante ao caos sejam criados no seio e pelos próprios entes e governantes dessa nação?

É certo que tal observação de imediato por parte de um intelectual parecerá para os desavisados loucubrações metafísicas a priori, mas, não para um intelectual atento aos fatos e a história que se sucedem um ao outro, não seria porém mera loucubrações metafísicas como podem pensarem os desavisados. A princípio, não haveria raciocino que a conduzisse à idéia de causa e efeito, já que os fatos acontecidos e por virem graças aos quais se realizam as operações naturais de nosso raciocínio se manifestam aos sentidos, todos os dias, aos observadores das nuances e aos acontecimentos em epígrafe no mundo a fora, portanto, é razoável concluir, simplesmente porque um acontecimento em determinado caso procede um outro, que o primeiro é a causa e o segundo o efeito.

Suponha-se, agora, que esse império adquiriu poder e que esse poder, nos dias atuais, entrou em contradição, ou seja, não consegue mais dá respostas aos novos tempos e assim como aconteceu e acontece ao longo da história, entrou em desgraça assim como Grécia Antiga, Roma, Portugal, Espanha, Inglaterra e etc e está prestes a ser engolido pelo grande império asiático-chinês a curto-medio prazo: qual será o resultado dessa experiência? Ele infere imediatamente de que a história, assim como preconizava Marx e Engels, têm um caráter repetitivo, sendo que da primeira vez aparece como farsa e na segunda como tragédia. E, sem embargo, nem todo o arsenal nuclear e econômico-militar lhe deu suporte suficiente para mudar a dialética da história e dos impérios dominantes; e tampouco é levado a eternidade ou ao fim da história como os próprios intelectuais Norte Americano chegaram a preconizarem no final da década de 1980, quando da queda do império soviético; e, ainda que o mundo esteja convencido de que a norte-américa ainda seja espelho para o mundo e em especial, para o ocidente, os fatos advindos e as crises contínuas, demostram o contrário e esses princípios nos levam as tais conclusões.

Esses princípios são crises econômicas e crises morais. Com efeito, sempre que a história nos mostram de que ela tem um caráter repetitivo e de que ela se apresenta como farsa e como tragédia, produz uma propensão de renovar o mesmo ato ou operação sem que sejamos impedidos por qualquer raciocínio ou processo do entendimento, dizemos que essa propensão vem dos atos e das histórias das economias, dos impérios e dos Estados Nacionais e as suas contradições ao longo do processo de desenvolvimento históricos e das lutas de classes. E é certo que aqui avançamos em uma proposição muito inteligível, pelo menos, se não ainda verdadeira, mas um passo à frente como deve está os grandes pensadores, ao afirmar que após a conjunção constante dos fatos ora observados, somos levados tão somente pelo bom senso, após observarmos o desenrolar dos acontecimentos, estudando o atual estágio do Império Norte-americano e a sua nítida divisão social atual e ao exarcerbado embate entre os dois principais grupos políticos e ideológicos, digo Democratas e Republicanos e a recente eleição do extremista Donald Trump e as consequências internas, beirando a uma nova guerra civil.

A observação acima do tempo é, a priori, pois, o grande guia do intelectual. É aquele princípio único que nos levam a antecipar aos fatos que muitos não conseguem vê-los, no futuro, muitos irão lê-los e dizerem que somos "deuses" intempenstivos ao preconizarmos fatos futuros, mas, de "Deuses" intempenstivos não temos nada, apenas observamos fatos atuais e fazemos inferências deles para o futuro, uma sequência de acontecimentos semelhantes aos já vistos ao longo da história por grandes pensadores como Nostradamus, Leonardo da Vinci, Galileu, Bruno, Marx e etc. Sem a ação do hábito de lê e está atualizado sobre os acontecimentos, ignoraríamos completamente toda questão de fato além do que está imediatamente presente à memória ou aos sentidos,. Jamais saberíamos como adequar os meios aos fins ou como utilizar os nossos poderes de observação e interpretação dos fatos e buscar dá respostas a tais interpretações.



CRÔNICA DA FAMÍLIA SANTANA CARDOSO

 CRÔNICA DA FAMÍLIA SANTANA CARDOSO


por Jeorge Cardozo


Agora... Continuei... Representa a seguinte forma a família Santana Cardozo relativamente à instrução suprimindo à ignorância. Imagina uma família de 12 filhos, uma mãe, pai, para comer e beber, em um mundo desigual, que tenha como ganho de vida terras, plantações, criações, venda e uma mãe professora; essas dificuldades sempre foram somadas com trabalho e discernimento para vencer os obstáculos ora enfrentados, de sorte que não podem terem muito luxo, mas, que vivem com dignidade e têm no conhecimento diante os seus olhos caminhos para o sucesso e vencer a mesmice do dia a dia, pois a corrente que nos separam da mesmice e do cotidiano se encontram no mundo acadêmico e no bom senso ou razão; a luz vem a mente acesa sobre uma eminência, ao longe atrás deles; imagine que, ao longo deste caminho, pulamos pequenos muros, semelhantes aos tabiques que os exibidores   de fantoches erigem à frente deles e por cima dos quais exibem as suas maldades e invejas.

Agora, ao longo deste caminho pulamos muros e construimos objetivos de vida transportados por uma mãe guerreira, bem acima de seu tempo, forte como uma pedra, mas, com as fraquezas e virtudes que só as grandes mulheres as têm.

Exclamou... Tudo isso é fato e só os fortes de espíritos os conseguem, e não será verossímil para muitos os fatos aqui narrados.

Considere ainda que a diversidade de dificuldades e obstáculos não foram suficientes para deter e hoje, dona Angelina se orgulha de cada um deles e delas e a manutenção do bom caminho, ou bom senso, da razão, continuam entre netos (as) e bisnetos (as) e a luta continua.

O PORQUÊ DE PAULO FREIRE LEVAR PAVOR A EXTREMA DIREITA E AOS BOLSONARISTAS, "INTELECTUAIS DE YOUTUBER?

 O PORQUÊ DE PAULO FREIRE LEVAR PAVOR A EXTREMA DIREITA E AOS BOLSONARISTAS, "INTELECTUAIS DE YOUTUBER?


por Jeorge Cardozo*


Inegavelmente as críticas como as propostas de mudanças no paradigma educativo delineada por Paulo Freire partem da vivência nas últimas décadas no Brasil, levando pavor a extrema direita e aos Bolsonaristas 'intelectuais de Yutuber' no Brasil. Na extrema direita pois esta é o estrume da classe burguesa que, havida por poder, este dominado pela direita democrática, liberal e neoliberal e em época de crise cítrica do capitalismo, esta atinge em cheio a classe B mais conservadora e setores da C, denominados aqui de 'intelectuais de Yutuber', pois, estes últimos, em geral, advindos das Instituições de Ensino Superiores Particulares e não gostam de lerem grandes obras literárias, geralmente, cursam cursos técnicos visando apenas o mercado de trabalho e sem grandes apreço à ciência e a investigação científico e têm no YouTube, a sua fonte de pesquisa. Portanto, dentro dessa perspectiva Paulo Freire torna- se o 'pavor' deles.

Paulo Freire não se dedica à formação de teorias alternativas divorciadas do questionamento concreto e radical da realidade brasileiro. Dentro dessa exigência, o paradigma educativo deve reconhecer os direitos das massas populares a uma educação popular; reconhecer a urgência da democratização da cultura brasileira, grifo nosso.

Para Paulo Freire alfabetização e conscientização são os dois mecanismos essenciais do paradigma educativo, momentos que têm implicações marcantes no âmbito social e político, grifo nosso.

De resto, para Paulo Freire, a eficácia do paradigma educativo depende essencialmente da liberdade do educando. É dentro dessa liberdade que o educando será motivado para uma participação crítica no processo educativo, grifo nosso.

Essa mesma exigência leva Paulo Freire a substituir a Escola Tradicional, monolitícamente estruturada por outro veículo educativo mais maleável, mais participável, o círculo de cultura, grifo nosso.

Segundo Paulo Freire no círculo de cultura, baseado no diálogo, os próprios educandos se colocam em primeiro plano, desde a primeira etapa da programação do processo. O educando é desde o início orientado pelo educador, que procura esclarecer e despertar a consciência do educando para perceber e compreender a realidade que o rodeia, a realidade que ele vive, grifo nosso.

Afirma Paulo Freire de que o processo educativo não é transmissão, tampouco doação, mas sim, participação numa situação concreta desafiadora de onde brota significação para o educando. A alfabetização e a conscientização são inseparáveis dessas situações desafiadoras, situações de relevância social e política. Todo o processo educativo deve levar à conscientização quanto ao significado real dessas situações vividas pelo educando, grifo nosso.

Educar é firmar-se na prática da liberdade - preconiza Paulo Freire - liberdade que nunca é um dom, mas uma conquista constante. Afasta-se, portanto, como objetivo do processo educativo, a aprendizagem de conceitos ou de técnicas abstratas, irrelevantes para o homem concreto no seu trabalho, na sua luta pela conquista da liberdade, grifo nosso.

De certo, para Paulo Freire, por ser altamente relevante para a vida completa do educando, o processo educativo assim entendido terá necessariamente repercussões que vão muito além do âmbito restrito do circulo de cultura, pois, realizado num contexto livre e crítico, o processo educativo extrapola forçosamente para o ambiente social e político em que vive o educando, grifo nosso.

Paulo Freire afirma que mesmo na frase de orientação, que será desempenhada pelo educador, ou melhor, pelo coordenador, não se trata de elucidar conceitos abstratos e, sim, de apresentar imagens sem palavras, que provoquem por si o debate crítico, grifo nosso.

Para Paulo Freire obviamente, um dos resultados do debate será o de levar o educando a expressar insatisfação com a sua situação de oprimido. O trabalhador sentirá necessidade de aplicar- se a outra tarefa, isto é, de associar- se a outros trabalhadores num movimento sindical para defender seus interesses classista. Também pode levar à radicalização popular. São consequências naturais de um processo que visa como objetivo a educação para a decisão, a responsabilização social e política do indivíduo, grifo nosso.

Esse processo afirma Paulo Freire exige a superação da milenar divisão entre aqueles que sabem e aqueles que não sabem, entre a elite que domina e o povo dominando, grifo nosso.

Paulo Freire preconiza que o processo educativo deve sacudir o educando a ponto de ele abandonar definitivamente toda acomodação, de recusar radicalmente a estagnação econômica e social como também o analfabetismo, de lutar contra a marginalização do processo político, grifo nosso.

Entretanto, para Paulo Freire as opções políticas serão tomadas pelo próprio educando à luz da conscientização e não pelo educador. Pois a crítica prática da realidade deve levar natural e normalmente a uma tomada de posição política por parte do educando, rejeitando todo autoritarismo e manipulação por parte de quem quer que seja, grifo nosso.

Categoricamente, Paulo Freire afirma que o processo educativo deve levar o educando a tomar consciência dos seus interesses e dispô-lo a lutar em defesa dos mesmos. Seguindo esse trilho deixará de ser alienado e alienante, para se tornar força de mudança e de libertação do homem - objeto, que surgirá como homem - sujeito. Assim, o processo educativo levará o homem a liberta-se de uma das grandes, se não dá maior tragédia moderna, a saber, a sua expulsão da órbita das decisões, grifo nosso.

Para Paulo Freire esse processo - que para ele se resume na expressão 'pedagogia do oprimido' - visa elevar ao nível de consciência ativa, engajada e lutadora o homem que sabe quais são os seus direitos e os defende, que se recusa a aceitar ser um esmagado, diminuído e acomodado, convertido em espectador, dirigido pelo poder dos mitos que os opressores, as forças sociais dominantes, querem lhe impor. Mas, sobretudo, visa liberta-lo do medo da libertação, grifo nosso.

Seguindo o raciocínio Paulo frieriano para o educando realizar esse objetivo, em vez de girar em torno de temas abstratos, alienante, o processo educativo deve visar temas relevantes como democracia, participação popular, liberdade, propriedade, autoridade, educação, de que decorrem as tarefas específicas do homem concreto, do homem do povo, grifo nosso.

Nesse processo afirma Paulo Freire o educador deve caminhar junto com o educando para conseguir uma radicalização no sentido de enraizamento crítico na realidade. Essa radicalização rejeita toda acomodação passiva diante do poder abusivo, que leva o educando a descruzar os braços, dizer que tudo é normal, pois, não o é, tornando-se capaz de formular e executar planos e projetos resultantes de compreensão direta, séria e profunda da realidade, sem deixar-se envolver por forças emocionais que só levam a irracionalismos estéreis, ineficazes, grifo nosso.

Na visão de Paulo Freire sem esse processo educativo, sem a pedagogia do oprimido, o homem brasileiro não conseguirá assumir o seu papel de sujeito da sua própria história, numa sociedade intensamente mutável e contraditória, grifo nosso.

Continua Paulo Freire de que o que visa esse processo é ajudar o educando a ajudar-se a si próprio, pois, quanto mais miserável e oprimido o povo, maior a pressão dos dominadores para que o processo não se realize. Tentarão por todos os meios obstrui-lo, preferindo uma massa ingênua e despreparada, aberta ao jogo dos irracionalismo, grifo nosso.

Seguindo o raciocínio Paulo Frieriano é um processo que deve realizar-se apesar do peso histórico - cultural exercido pela inexperiência do auto governo, por parte do povo Brasileiro. Mas há inegavelmente novas forças e condições da atualidade que é preciso incentivar, apesar das tendências verbalistas, nacionalistas, e das demais contradições nos paradigmas educativos até hoje impostos, mesmo nas camadas dominantes, grifo nosso.

Paulo Freire afirma que nada mais indicado para conscientizar o educando que joga-lo na experiência do debate e da análise dos seus verdadeiros problemas - propiciar-lhe condições de verdadeira participação na solução dos seus problemas, nos problemas de seu país, nos problemas da democracia, criando condições para ele poder optar e decidir sobre o seu destino, grifo nosso.

Afirma Paulo Freire de que parte-se sempre de temas, de problemas surgidos nós debates de grupos em busca do esclarecimento de situações e da formação de ação deles decorrentes, por exemplo, nacionalismo, remessa de lucros para o exterior, evolução política do Brasil, desenvolvimento, analfabetismo, democracia, assuntos de diálogo, segundo e método altamente ativo na análise crítica de problemas da realidade brasileira, grifo nosso.

Portanto, para Paulo Freire é assim que o processo educativo eleva a ingenuidade a nível de crítica, tornando-se o meio de alfabetização ligado à democratização da cultura do povo, alfabetização como hábito de criação, que desencadeará outros atos criadores, grifo nosso.

Finalmente, para Paulo Freire tal processo visa essencialmente fomentar a vivacidade, a impaciência, a invenção, a reivindicação, a partir da posição normal do educando; a partir de um instrumento integrado ao tempo e ao espaço do educando, um processo ativo, dialogal, participante, horizontal, em que o educador e o educando participam, contra paradigmas até agora vigentes, paradigmas verticais, acríticos, arrogantes, auto - suficientes, grifo nosso.

Entendam agora o porquê de Paulo Freire ser o pavor da extrema direita e dos 'intelectuais de Yutuber', em especial, os Bolsonaristas. Os primeiros por questões classista, não se aceitam no atual estágio pós crise cítrica do capitalismo, quando os seus ganhos caem e com eles, os seus padrões de vidas e os últimos, por ignorância e por desconhecimento e negação da ciência, pois, se espelham em vídeos e áudios de notícias, muitas vezes deturpados ou mentirosos advindos do YouTube.