segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

O PORQUÊ DE PAULO FREIRE LEVAR PAVOR A EXTREMA DIREITA E AOS BOLSONARISTAS, "INTELECTUAIS DE YOUTUBER?

 O PORQUÊ DE PAULO FREIRE LEVAR PAVOR A EXTREMA DIREITA E AOS BOLSONARISTAS, "INTELECTUAIS DE YOUTUBER?


por Jeorge Cardozo*


Inegavelmente as críticas como as propostas de mudanças no paradigma educativo delineada por Paulo Freire partem da vivência nas últimas décadas no Brasil, levando pavor a extrema direita e aos Bolsonaristas 'intelectuais de Yutuber' no Brasil. Na extrema direita pois esta é o estrume da classe burguesa que, havida por poder, este dominado pela direita democrática, liberal e neoliberal e em época de crise cítrica do capitalismo, esta atinge em cheio a classe B mais conservadora e setores da C, denominados aqui de 'intelectuais de Yutuber', pois, estes últimos, em geral, advindos das Instituições de Ensino Superiores Particulares e não gostam de lerem grandes obras literárias, geralmente, cursam cursos técnicos visando apenas o mercado de trabalho e sem grandes apreço à ciência e a investigação científico e têm no YouTube, a sua fonte de pesquisa. Portanto, dentro dessa perspectiva Paulo Freire torna- se o 'pavor' deles.

Paulo Freire não se dedica à formação de teorias alternativas divorciadas do questionamento concreto e radical da realidade brasileiro. Dentro dessa exigência, o paradigma educativo deve reconhecer os direitos das massas populares a uma educação popular; reconhecer a urgência da democratização da cultura brasileira, grifo nosso.

Para Paulo Freire alfabetização e conscientização são os dois mecanismos essenciais do paradigma educativo, momentos que têm implicações marcantes no âmbito social e político, grifo nosso.

De resto, para Paulo Freire, a eficácia do paradigma educativo depende essencialmente da liberdade do educando. É dentro dessa liberdade que o educando será motivado para uma participação crítica no processo educativo, grifo nosso.

Essa mesma exigência leva Paulo Freire a substituir a Escola Tradicional, monolitícamente estruturada por outro veículo educativo mais maleável, mais participável, o círculo de cultura, grifo nosso.

Segundo Paulo Freire no círculo de cultura, baseado no diálogo, os próprios educandos se colocam em primeiro plano, desde a primeira etapa da programação do processo. O educando é desde o início orientado pelo educador, que procura esclarecer e despertar a consciência do educando para perceber e compreender a realidade que o rodeia, a realidade que ele vive, grifo nosso.

Afirma Paulo Freire de que o processo educativo não é transmissão, tampouco doação, mas sim, participação numa situação concreta desafiadora de onde brota significação para o educando. A alfabetização e a conscientização são inseparáveis dessas situações desafiadoras, situações de relevância social e política. Todo o processo educativo deve levar à conscientização quanto ao significado real dessas situações vividas pelo educando, grifo nosso.

Educar é firmar-se na prática da liberdade - preconiza Paulo Freire - liberdade que nunca é um dom, mas uma conquista constante. Afasta-se, portanto, como objetivo do processo educativo, a aprendizagem de conceitos ou de técnicas abstratas, irrelevantes para o homem concreto no seu trabalho, na sua luta pela conquista da liberdade, grifo nosso.

De certo, para Paulo Freire, por ser altamente relevante para a vida completa do educando, o processo educativo assim entendido terá necessariamente repercussões que vão muito além do âmbito restrito do circulo de cultura, pois, realizado num contexto livre e crítico, o processo educativo extrapola forçosamente para o ambiente social e político em que vive o educando, grifo nosso.

Paulo Freire afirma que mesmo na frase de orientação, que será desempenhada pelo educador, ou melhor, pelo coordenador, não se trata de elucidar conceitos abstratos e, sim, de apresentar imagens sem palavras, que provoquem por si o debate crítico, grifo nosso.

Para Paulo Freire obviamente, um dos resultados do debate será o de levar o educando a expressar insatisfação com a sua situação de oprimido. O trabalhador sentirá necessidade de aplicar- se a outra tarefa, isto é, de associar- se a outros trabalhadores num movimento sindical para defender seus interesses classista. Também pode levar à radicalização popular. São consequências naturais de um processo que visa como objetivo a educação para a decisão, a responsabilização social e política do indivíduo, grifo nosso.

Esse processo afirma Paulo Freire exige a superação da milenar divisão entre aqueles que sabem e aqueles que não sabem, entre a elite que domina e o povo dominando, grifo nosso.

Paulo Freire preconiza que o processo educativo deve sacudir o educando a ponto de ele abandonar definitivamente toda acomodação, de recusar radicalmente a estagnação econômica e social como também o analfabetismo, de lutar contra a marginalização do processo político, grifo nosso.

Entretanto, para Paulo Freire as opções políticas serão tomadas pelo próprio educando à luz da conscientização e não pelo educador. Pois a crítica prática da realidade deve levar natural e normalmente a uma tomada de posição política por parte do educando, rejeitando todo autoritarismo e manipulação por parte de quem quer que seja, grifo nosso.

Categoricamente, Paulo Freire afirma que o processo educativo deve levar o educando a tomar consciência dos seus interesses e dispô-lo a lutar em defesa dos mesmos. Seguindo esse trilho deixará de ser alienado e alienante, para se tornar força de mudança e de libertação do homem - objeto, que surgirá como homem - sujeito. Assim, o processo educativo levará o homem a liberta-se de uma das grandes, se não dá maior tragédia moderna, a saber, a sua expulsão da órbita das decisões, grifo nosso.

Para Paulo Freire esse processo - que para ele se resume na expressão 'pedagogia do oprimido' - visa elevar ao nível de consciência ativa, engajada e lutadora o homem que sabe quais são os seus direitos e os defende, que se recusa a aceitar ser um esmagado, diminuído e acomodado, convertido em espectador, dirigido pelo poder dos mitos que os opressores, as forças sociais dominantes, querem lhe impor. Mas, sobretudo, visa liberta-lo do medo da libertação, grifo nosso.

Seguindo o raciocínio Paulo frieriano para o educando realizar esse objetivo, em vez de girar em torno de temas abstratos, alienante, o processo educativo deve visar temas relevantes como democracia, participação popular, liberdade, propriedade, autoridade, educação, de que decorrem as tarefas específicas do homem concreto, do homem do povo, grifo nosso.

Nesse processo afirma Paulo Freire o educador deve caminhar junto com o educando para conseguir uma radicalização no sentido de enraizamento crítico na realidade. Essa radicalização rejeita toda acomodação passiva diante do poder abusivo, que leva o educando a descruzar os braços, dizer que tudo é normal, pois, não o é, tornando-se capaz de formular e executar planos e projetos resultantes de compreensão direta, séria e profunda da realidade, sem deixar-se envolver por forças emocionais que só levam a irracionalismos estéreis, ineficazes, grifo nosso.

Na visão de Paulo Freire sem esse processo educativo, sem a pedagogia do oprimido, o homem brasileiro não conseguirá assumir o seu papel de sujeito da sua própria história, numa sociedade intensamente mutável e contraditória, grifo nosso.

Continua Paulo Freire de que o que visa esse processo é ajudar o educando a ajudar-se a si próprio, pois, quanto mais miserável e oprimido o povo, maior a pressão dos dominadores para que o processo não se realize. Tentarão por todos os meios obstrui-lo, preferindo uma massa ingênua e despreparada, aberta ao jogo dos irracionalismo, grifo nosso.

Seguindo o raciocínio Paulo Frieriano é um processo que deve realizar-se apesar do peso histórico - cultural exercido pela inexperiência do auto governo, por parte do povo Brasileiro. Mas há inegavelmente novas forças e condições da atualidade que é preciso incentivar, apesar das tendências verbalistas, nacionalistas, e das demais contradições nos paradigmas educativos até hoje impostos, mesmo nas camadas dominantes, grifo nosso.

Paulo Freire afirma que nada mais indicado para conscientizar o educando que joga-lo na experiência do debate e da análise dos seus verdadeiros problemas - propiciar-lhe condições de verdadeira participação na solução dos seus problemas, nos problemas de seu país, nos problemas da democracia, criando condições para ele poder optar e decidir sobre o seu destino, grifo nosso.

Afirma Paulo Freire de que parte-se sempre de temas, de problemas surgidos nós debates de grupos em busca do esclarecimento de situações e da formação de ação deles decorrentes, por exemplo, nacionalismo, remessa de lucros para o exterior, evolução política do Brasil, desenvolvimento, analfabetismo, democracia, assuntos de diálogo, segundo e método altamente ativo na análise crítica de problemas da realidade brasileira, grifo nosso.

Portanto, para Paulo Freire é assim que o processo educativo eleva a ingenuidade a nível de crítica, tornando-se o meio de alfabetização ligado à democratização da cultura do povo, alfabetização como hábito de criação, que desencadeará outros atos criadores, grifo nosso.

Finalmente, para Paulo Freire tal processo visa essencialmente fomentar a vivacidade, a impaciência, a invenção, a reivindicação, a partir da posição normal do educando; a partir de um instrumento integrado ao tempo e ao espaço do educando, um processo ativo, dialogal, participante, horizontal, em que o educador e o educando participam, contra paradigmas até agora vigentes, paradigmas verticais, acríticos, arrogantes, auto - suficientes, grifo nosso.

Entendam agora o porquê de Paulo Freire ser o pavor da extrema direita e dos 'intelectuais de Yutuber', em especial, os Bolsonaristas. Os primeiros por questões classista, não se aceitam no atual estágio pós crise cítrica do capitalismo, quando os seus ganhos caem e com eles, os seus padrões de vidas e os últimos, por ignorância e por desconhecimento e negação da ciência, pois, se espelham em vídeos e áudios de notícias, muitas vezes deturpados ou mentirosos advindos do YouTube.


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