KARL MARX (1818-1883) E A ECONOMIA POLÍTICA.
Por Jeorge
Cardozo
“Os filósofos até o momento só fizeram
intrepretar o mundo, o mais importante não fizeram, que é transformá-lo”.
TRAÇOS
BIOGRÁFICOS
Economista,
filósofo e socialista alemão, Karl Marx nasceu em Trier, Alemanha, a 5 de maio
de 1818 e morreu em Londres, Inglaterra, a 14 de março de 1883. Estudou na
Universidade de Berlim, principalmente a filosofia hegeliana, e formou-se em
Iena, em 1841, com a tese Sobre as
Diferenças da Filosofia da Natureza de Demócrito e de Epicuro. Em 1842
assumiu a chefia da redação do Jornal Renano em Colônia, onde seus artigos
radical-democratas irritaram as autoridades. Em 1843, mudou-se para Paris,
editando em 1844 o primeiro volume dos ANAIS
GERMÂNICO-FRANCESES, órgão principal dos hegelianos da esquerda. Entretanto,
rompeu logo com os líderes deste movimento, Bruno Bauer e Ruge.
Em 1844,
conheceu em Paris Friedrich
Engels, começo de uma amizade íntima durante a vida toda.
Foi, no ano seguinte, expulso da França, radicando-se em Bruxelas e participando de organizações
clandestinas de operários e exilados. Ao mesmo tempo em que na França estourou
a revolução, em 24 de fevereiro de 1848, Marx e Engels publicaram o folheto o MANIFESTO COMUNISTA, primeiro esboço da
teoria revolucionária que, mais tarde, seria chamada marxista. Voltou para
Paris, mas assumiu logo a chefia do NOVO
JORNAL RENANO em Colônia, primeiro jornal diário francamente socialista.
Depois da
derrota de todos os movimentos revolucionários na Europa e o fechamento do
jornal, cujos redatores foram denunciados e processados, Marx foi para Paris e
daí expulso, para Londres, onde fixou residência. Em Londres, dedicou-se a
vastos estudos econômicos e históricos, sendo frequentador assíduo da sala de
leituras do BRISTISH MUSEUM.
Escrevia artigos para jornais norte-americanos, sobre política exterior, mas
sua situação material esteve sempre muito precária. Foi generosamente ajudado
por Engels, que vivia em Manchester em boas condições financeiras.
Em 1864, Marx
foi co-fundador da ASSOCIAÇÃO
INTERNACIONAL DOS OPERÁRIOS,
depois chamada I INTERNACIONAL, desempenhou
dominante papel de direção. Em 1867 publicou o primeiro volume da sua obra
principal, O CAPITAL. Dentro da I INTERNACIONAL encontrou Marx a
oposição tenaz dos anarquistas, liderados por Bakunin, e em 1872, no CONGRESSO DE HAIA, a associação foi
praticamente dissolvida. Em compensação, Marx podia patrocinar a fundação, em
1875, do PARTIDO SOCIAL-DEMOCRÁTICO
alemão, que foi, porém, logo depois, proibido. Não viveu bastante para assistir
às vitórias eleitorais deste partido e de outros agrupamentos socialistas da
Europa.
PRIMEIROS
TRABALHOS:
Entre os
primeiros trabalhos de Marx, foi antigamente considerado como o mais importante
o artigo SOBRE A CRÍTICA DA FILOSOFIA DO
DIREITO DE HEGEL, em 1844, primeiro esboço da interpretação materialista da
dialética hegeliana. Só em 1932 foram descobertos e editados em Moscou os MANUSCRITOS ECONÔMICO-FILOSÓFICOS,
redigidos em 1844 e deixa-os inacabados. É o esboço de um socialismo humanista,
que se preocupa principalmente com a alienação do homem; sobre a
compatibilidade ou não deste humanismo com o marxismo posterior, a discussão
não está encerrada. Em 1888 publicou Engels as TESES SOBRE FEUERBACH,
redigidas por Marx em 1845, rejeitando o materialismo teórico e reivindicando
uma filosofia que, em vez de só intrepretar o mundo, também o modificaria.
Marx e Engels
escreveram juntos em 1845 A SAGRADA FAMÍLIA, contra o hegeliano
Bruno Bauer e seus irmãos. Também foi obra comum A IDEOLOGIA ALEMÂ (1845-46),
que por motivo de censura não pôde ser publicada (edição completa só em 1932);
é a exposição da filosofia marxista. Marx sozinho escreveu A MISÉRIA DA FILOSOFIA (1847), a polêmica
veemente contra o anarquista francês Proudhon. A última obra comum de Marx e
Engels foi em 1847 O MANIFESTO COMUNISTA, breve resumo do materialismo
histórico e apelo à revolução.
O 18
BRUMÁRIO DE LUÍS BONAPARTE foi
publicado em 1852 em jornais e em 1869 como livros. È a primeira interpretação
de um acontecimento histórico no caso o golpe de Estado de Napoleão III, pela
teoria do materialismo histórico. Entre os escritos seguintes de Marx SOBRE A CRÍTICA DA ECONOMIA POLÍTICA em
1859 é, embora breve, também uma crítica da civilização moderna, escrito de
transição entre o manuscrito de 1844 e as obras posteriores. A significação
dessa posição só foi esclarecida pela publicação (em Moscou, 1939-41, e em Berlim,
1953) de mais uma obra inédita: ESBOÇO
DE CRÍTICA DA ECONOMIA POLÍTICA, escritos em Londres entre 1851 e 1858 e
depois deixados sem acabamento final.
Em 1867
publicou Marx o primeiro volume de sua obra mais importante: O CAPITAL. È um livro
pricipalmente econômico, resultado dos estudos no BRISTISH MUSEUM, trantando da teoria do valor, da MAIS-VALIA, da acumulação do capital
etc. Marx reuniu documentação imensa para continuar esse volume, mas não chegou
a publicá-lo. Os volumes II e III de O
CAPITAL foram editados por Engels, em 1885 e em 1894. Outros textos foram
publicados por Karl Kautsky como volume IV (1904-10).
A FILOSOFIA DE MARX
MATERIALISMO
DIALÉTICO
A CIÊNCIA – “Nós
conhecemos somente uma única ciência; a ciência da história”. Ou seja, o
materislismo dialético. O fio condutor segundo Marx, para o estudo da história
são as idéias Jurídicas, morais, Filosófica, Religiosa e etc.. Dependem: são
condicionadas ou são o reflexo e a justificação da estrutura econômica, de modo
que, se muda a estrutura econômica, há transformações correspondentes na
superestrutura ideológica.
Baseado em Demócrito e Epicuro sobre o materialismo e
em Heráclito sobre a dialética (do grego, DOIS
LOGOS, duas opiniões divergentes), Marx defende o materialismo dialético,
tentando superar o pensamento de Hegel e Feuerbach.
IDÉIAS E
PRÁXIS – “a concepção que devemos ter não é a de explicar a práxis a partir das
idéias, mas de explicar as formações ideológicas a partir da práxis material”.
A dialética hegeliana era a dialética do idealismo
(doutrina filosófica que nega a realidade individual das coisas distintats do “EU” e só lhes admite a idéia), e a
dialética do materialismo é posição filosófica que considera a matéria como à
única realidade e que nega a existência da alma, de outra vida e de Deus. Ambas
sustentam que realidade e pensamento é a mesma coisa: as leis do pensamento são
as leis da realidade. A realidade é contraditória, mas a contradição supera-se
na síntese que é a “verdade” dos momentos superados.
A VERDADE –
para Marx, “a práxi é o conceito de verdade, condicionada com a emperia que
levará à luta de classes. Sendo esta a dialética da história que levará a
verdade na ciência da história”.
Hegel considerava ontologicamente (do grego onto +
logos; parte da metafísica, que estuda o ser em geral e suas propriedades
transcidentais) a contradição (antítese) e a superação (síntese); Marx
considerava historicamente como contradição de classes vinculada a certo tipo
de organização social. Hegel apresentava uma filosofia que procurava demonstrar
a perfeição do que existia (divinização da estrutura vigente); Marx apresentava
uma filosofia revolucionária que procurava demonstrar as contradições internas
da sociedade de classes a as exigências de superação.
Ludwig Feuerbach procurou introduzir a dialética
materialista, combatendo a doutrina hegeliana, que, a par de seus métodos
revolucionários concluía eminentemente conservadora. Da crítica à dialética idealista,
partiu Feuerbach à crítica da Religião e da essência do cristianismo.
Feuerbach pretendia trazer a religião do céu para a
terra. Ao invés de haver Deus criado o homem à sua imagem e semelhança, foi o
homem quem criou Deus à sua imagem. Seu objetivo era conservar intactos os
valores morais em uma religião da humanidade, na qual o homem seria Deus para o
homem.
PRODUÇÃO DE
IDÉIAS – “Está relacionada com a atividade material e a troca deste material
entre os homens como exemplo a linguagem da vida real”.
Adotando a dialética hegeliana, Marx, rejeita como
Feuerbach, o idealismo, mas, ao contrário, não procura preservar os valores do
cristianismo. Se Hegel tinha identificado, no dizer de Radbruch, O SER E O DEVER-SER (o SEN e o SOLENE) encarando a
realidade como um desenvolvimento da razão e vendo no DEVER-SER o aspecto determinante e no SER o aspecto determinado dessa unidade.
A dialética marxista postula que as leis do pensamento
correspondem às leis da realidade. A dialética não é só pensamento: é
pensamento e realidade a um só tempo. Mas, a matéria e seu conteúdo histórico
ditam a dialética do marxismo: a realidade é contraditória com o pensamento
dialético. A contradição dialética não é apenas contradição externa, mas
unidades das contradições, identidade:
“a dialética
é ciência que mostra como as contradições podem ser concretamente (isto é,
VIR-A-SER) idênticas, como passam uma na outra, mostrando também porque a razão
não deve tomar essas contradições como coisas mortas, petrificadas, mas como
coisas vivas, móveis, lutando uma contra a outra em e através de sua luta.”
(Henri Lefebvre, Lógica formal/Lógica dialética, trad. Carlos N. Coutinho,
1979, p. 192).
Os momentos contraditários são situados na história
com sua parcela de verdade, mas também de erro; não se misturam, mas o
conteúdo, considerado como unilateral é recaptado e elevado a nível superior.
VIDA E
CONSCIÊNCIA – “não é a consciência que detrmina a vida, mas a vida que determina
a consciência”.
Marx acusou Feuerbach, afirmando que seu humanismo e
sua dialética eram estáticos: o homem de feuerbach não tem dimensões, está fora
da sociedade e da história, é pura abstração. É indispensável segundo Marx,
compreender a realidade histórica em suas contradições, para tentar superá-las
dialeticamente. A dialética apregoa os seguintes princípios: tudo se relaciona
(lei da ação recípoca e da conexão universal); tudo se transforma (Lei da
transformação universal e do desenvolvimento incessante); as mudanças
qualitativas são consequências de revoluções quantitativas; a contradição é
interna, mas os contrários se unem num momento posterior: a luta dos contrários
é o motor do pensamento e da realidade; a materialidade do mundo; a
anterioridade da matéria em relação à consciência; a vida espiritual da
sociedade como reflexo da vida material.
O materialismo dialético é uma constante no pensamento
do marxismo-leninismo (surgido como superação do capitalismo, socialismo,
ultrapassando os ensinamentos pioneiros de Feuerbach).
MATERIALISMO
HISTÓRICO
O
MATERIALISMO – é, para Marx, “o primeiro pressuposto de toda a existência
humana e, portanto, de toda a história, é que os homens devem estar em
condições de viver para poder “fazer história”. Mas, para viver é preciso antes
de tudo comer, beber, ter habitação, vestir-se, educar e etc. Portanto, a
produção dos meios que permitam a satisfação dessas necessidades, a produção
da própria vida material”.
Na teoria
marxista, o materialismo histórico pretende a explicação da história das
sociedades humanas, em todas as épocas, através dos fatos materiais,
essencialmente econômicos e técnicos. A sociedade é comparada a um edifício no
qual as fundações, a infra-estrutura, seriam representadas pelas forças
econômicas, enquanto o edifício em si, a superestrutura, representaria as
idéias, costumes, instituições (políticas, religiosas, jurídicas, etc). A
propósito, Marx escreveu, na obra A
MISÉRIA DA FILOSOFIA (1847) na
qual estabelece polêmica com Proudhon:
“As relações sociais são inteiramente interligadas às forças produtivas. Adquirindo novas forças produtivas, os homens modificam o seu modo de produção, a maneira de ganhar a vida, modificam todas as relações sociais. O moinho a braço vos dará a sociedade com o suserano; o moinho a vapor, a sociedade com o capitalismo industrial”.
Tal afrimação, defendendo rigoroso determinismo
econômico em todas as sociedades humanas, foi estabelecida por Marx e Engels
dentro do permanente clima de polêmica que mantiveram com seus opositores, e atenuada
com a afimativa de que existe constante interação e interdependência entre os
dois níveis que compõe a estrutura social: da mesma maneira pela qual a
infra-estrutura atua sobre a superestrutura, sobre os reflexos desta, embora,
em última instância, sejam os fatores econômicos as condições finalmente
determinantes.
EXISTENCIALISMO
ESSÊNCIA DE
HOMEM – “é a força de produção de capital, as formas sociais e intercâmbio é o
fundamento real que os filósofos representaram como substância”.
“O que Marx
mais crítica é a questão de como compreender o que é o homem. Não é o ter
consciência (ser racional), nem tampouco ser um animal político, que confere ao
homem sua singularidade, mas ser capaz de produzir suas condições de existência,
tanto material quanto ideal, que diferencia o homem”.
A essência do homem é não ter essência, a essência do
homem é algo que ele próprio constrói, ou seja, a história. “A existência
precede a essência; nenhum ser humano nasce pronto, mas o homem é, em sua
essência, produto do meio em que vive que é construído a partir de suas
relações sociais em que cada pessoa se encontra. Assim como o homem produz o
seu próprio ambiente, por outo lado, esta produção da condição de existência
não é livremente escolhida, mas sim, previamente determinada. O Homem pode
fazer a sua História, mas não pode fazer nas condições por ele escolhidas. O
homem é historicamente determinado pelas condições, logo é responsável por
todos os seus atos, pois ele é livre para escolher. Logo todas as teorias de
Marx estão fundamentadas naquilo que é o homem, ou seja, o que é a sua
existência.
O HOMEM É CONDENADO A SER LIVRE REALIDADE EMPÍRICA – ESPECULAÇÃO – “é a conexão entre a estrutura social e política e a produção de forma empírica e sem especulação”.
O HOMEM É CONDENADO A SER LIVRE REALIDADE EMPÍRICA – ESPECULAÇÃO – “é a conexão entre a estrutura social e política e a produção de forma empírica e sem especulação”.
As relações sociais do homem são tidas pelas relações
que o homem mantém com a natureza, onde desenvolve suas práticas, ou seja, o
homem se constitui a partir de seu próprio trabalho, e sua sociedade se
constitui a partir de suas condições materiais de produção, que dependem de
fatores naturais (clima, biologia, geografia...), ou seja, relação
homem-Natureza, assim como da divisão social do trabalho, sua cultura. Logo,
também há a relação homem-Natureza-Cultura.
POLÍTICA E ECONOMIA
A ESTRUTURA
– “é a produção da vida, tanto da própria, no trabalho, como da Autéia, na
procriação aparece agora como dupla relação: natural e social. Inserido nisso,
o modo de produção, as fases industrial, todos ligados por determinados modos
de cooperação e uma determinada fase social tornando-se uma ‘força produtiva’,
que somadas, condicionam o Estado social. Consequentemente, a ‘história da
humanidade’ deva ser estudada e elaborada em conexão com a história da indústria
e das trocas”.
Se analisarmos
o contexto histórico do homem, nos promórdios, perceberemos que havia um
espírito de coletivismo: todos compartilhavam da mesma terra, não havia
propriedade privada; até a caça era compartilhada por todos. As pessoas que
estavam inseridas nesta comunidade sempre se preocupavam umas com as outras, em
prover as necessidades uns dos outros. Mas com passar do tempo, o homem, com
suas descobertas territoriais, acabou tornando inevitáveis as colonizações e,
portanto, o escravismo, por causa de sua ambição. O escravo servia
excluisivamente ao seu senhor, produzia para ele e o seu viver era em função
dele.
O coletivismo dos índios acabou; e o escravismo se
transformou numa relação: agora o escravo trabalhava menos para seu senhor, e
por seu trabalho conquistava um pedaço de terra para sua subsistência, ou seja,
o servo trabalhava dias da semana para seu senhor e outros para si. Esta
relação servo-senhor feudal funcionou durante certo período na história da
humanidade, mas, por causa de uma série de fatores e acontecimentos, entre eles
o aumento populacional, as condições de comércio (surgia a chance de o servo
obter capital através de sua produção excessiva), o capitalismo mercantilista,
o feudalismo decaiu; e assim, deu espaço a um novo sistema econômico: o
capitalismo industrial ( que teve seu desenvolvimento por culminar durante a revolução industrial, com
surgimento da classe proletária). Assim, deve-se citar a economia inglesa como
ponto de partida para as teorias marxistas.
Como todo
sistema tem seu período de crise, ocasionando uma necessidade de mudança, Adam
Smith (o primeiro a incorporar ao trabalho a idéia de riqueza) desenvolve o
liberalismo econômico.
O RESULTADO
DO CONTRASTE: É A REVOLUÇÂO – “a subversão das forças produtivas existentes e a
formação de uma massa revolucionária que se revolte, não só contra as condições
particulares da sociedade existente até então, mas também contra a própria
produção da vida vigente”.
Do Latim Liberalis, que significa benfeitor, generoso,
tem seu sentido político em oposição ao absolutismo monárquico. Os seus
principais ideais eram: o Estado devia obedecer ao princípio da separação de
poderes (executivo legislativo e judiciário); o regime seria representativo e
parlamentar; o Estado se submetia ao direito, que garantiria aos indivíduos
direitos e liberdades inalienáveis, especialmente o direito de propriedades. E
foi isto que fez com que cada sistema fosse modificado.
Sobretudo também se deve mencionar David Ricardo, que,
mais interessado no estudo da distribuição do que produção das riquezas
estabeleceu, com base em Malthus, a lei da renda fundiária (agrária), segundo a
qual os produtos das terras fértis são produzidos a custo menor, mas vendidos
ao mesmo preço dos demais, propiciando a seus proprietários uma renda fundiária
igual à diferença dos custos de produção. A partir da teoria da renda fundária,
Ricardo elaborou a lei do preço natural dos salários, sempre regulada pelo
preço da alimentação, vestuário e outros itens indispensáveis à manutenção do
operário e seus dependentes.
Pois, como foi dito anteriormente, com a Revolução
Industrial surgiu a classe do proletariado.
A LUTA DE
CLASSES (MOTOR DA HISTÓRIA)
MOTOR DA
HISTÓRIA – “a força motriz da história não é a crítica e sim a revolução, ou
seja, a luta de classe”.
Pretendendo caracterizar não apenas uma visão
econômica da história, mas também uma visão histórica da economia, a teoria
marxista também procura explicar a evolução das relações econômicas nas
sociedades humanas ao longo do processo histórico. Haveria, segundo a concepção
marxista, uma permanente dialética das forças entre poderosos e fracos,
opressores e oprimidos, a história da humanidade seria constituída por uma
permanente luta de classes, como deixa bem claro a primeira frase do primeiro
capítulo d’ O MANIFESTO COMUNISTA: A história
de toda sociedade passado é a história da luta de classes.
A
SUPERESTRUTURA – “é o fio condutor para o estudo da história são as idéias
jurídicas, morais, filosóficas, religiosas etc., que são condicionadas e o
reflexo e justificação da estrutura econômica, entretanto, se muda a estrutura
econômica, também mudará a superestrutura ideológica”.
Classes essas que, para Engels são “os produtos das
relações econômicas de sua época”. Assim apesar das diversidades aparentes,
escravidão, servidão e capitalismo seriam essencialmente etapas sucessivas de
um processo único. A base da sociedade é a produção econômica. Sobre esta base
econômica se ergue uma superestrutura, um estado e as idéais econômicas, sociais,
políticas, morais, filosóficas e artísticas. Marx queria a inversão da pirâmide
social, ou seja, pondo no poder a maioria, os proletários, que seria a única
força capaz de destruir a sociedade capitalista e construir uma nova sociedade,
socialista.
A IDEOLOGIA
– “está presente no representar, no pensar, na troca espiritual, nas idéias, na
superestrutura, na linguagem, no direito, na política, na religião, na arte.
Todas relacionadas com a estrutura econômica e com o modo de produção. Com
efeito, para Marx, o Estado ‘nada mais é do que a forma de organização que os
burgueses criaram por necessidade, a fim de garantir reciprocamente suas
propriedades e seus interesses”.
Para Marx os
trabalhadores estariam dominados pela ideologia da classe dominante, ou seja,
as idéias que eles têm do mundo e da sociedade seriam as mesmas idéias que a
burguesia espalha. O capitalismo seria atingido por crises econômicas porque
ele se tornou o impedimento para o desenvolvimento das forças produtivas. Seria
um absurdo que a humanidade inteira dedica-se a trabalhar e a produzir
subordinada a um punhado de grandes empresários. A economia do futuro que
associaria todos os homens e povos do planeta, só poderia ser uma produção
controlada por todos os homens e povos. Para Marx, quanto mais o mundo se
unifica economicamente mais ele necessita de socialismo.
LUTAS DE
CALSSES – “a história de toda a sociedade que existiu até o momento é a
história da luta de classe; livre e escravo, patrícios e plebeus; barões e
servos da gleba, membros das corporações e aprendizes, em suma, para Marx,
estiveram continuamente em mútuo contraste e travaram lutas que acabou em
transformação revolucionária de toda a sociedade”.
Não basta
existir uma crise econômica para que haja uma revolução. O que é decisivo são
as ações das classes sociais que, para Marx e Engels, em todas as sociedades em
que a propriedade é privada existem lutas de classes (senhores + escravos,
nobres feudais + servos, burgueses + proletariados). A luta do proletariado do
capitalismo não deveria se limitar à luta ideológica para que o socialismo
fosse conhecido pelos trabalhadores e assumido como luta política pela tomada
do poder. Neste campo, o proletariado deveria contar com uma arma fundamental,
o partido político, o partido político revolucionário que tivesse uma estrutura
democrática e que buscasse educar os trabalhadores e levá-los a se organizar
para tomar o poder por meio de uma revolução socialista.
A MAIS-VALIA
– “está condicionada ao lucro, de modo que a produção terá uma margem de lucro
correspondente. Sendo que este lucro será sempre maior que o valor aplicado na
sua produção”.
Marx tentou demostrar que no capitalismo sempre
haveria injustiça social, e que o único jeito de uma pessoa ficar rica e
ampliar sua fortuna seria explorando os trabalhadores, ou seja, o capitalismo,
de acordo com Marx é selvagem, pois o operário produz mais para o seu patrão do
que o seu próprio custo para a sociedade, e o capitalismo se apresenta
necessariariamente como um regime econômico de exploração, sendo a MAIS-VALIA a lei fundamental do
sistema.
A força vendida pelo operário ao patrão vai ser
utlizada não durante 6 horas, mas durante 8, 10, 12 ou mais horas. A mais-valia
é constituída pela diferença entre o preço pelo qual o empresário compra a
força de trabalho (6 horas) e o preço pelo qual ele vende o resultado (10 horas,
por exemplo).
ALIENAÇÂO –
“o processo de alienação se dá quando o operário se nega no
objeto criado. É o processo de objetificação. Por isso, o trabalho que é
alienado (porque cria algo alheio ao sujeito criador) permanece alienado até
que o valor nele incorporado pela força de trabalho seja apropriado
intregalmente pelo trabalhador”.
Desse modo, quanto menor o preço pago ao operário e
quanto maior a duração da jornada de trabalho, tanto maior o lucro empresarial.
No capitalismo moderno, com a redução progressiva da jornada de trabalho, o
lucro empresarial seria sustentado através do que se denomina mais-valia
relativa (em oposição à primeira forma, chamada mais-valia absoluta), que
consiste em aumentar a produtividade do trabalho, através da racionalização e
aperfeiçoamento tecnológico, mas ainda assim não dixa de ser o sistema
semi-escravista, pois “o operário cada vez se emprobece mais quando produz mais
riquezas”. Assim, quanto mais o mundo das coisas aumenta de valor, mais o mundo
dos homens se desvaloriza. Ocorre então a ALIENAÇÂO,
já que todo trabalho é alienado, na medida em que se manifesta como produção de
um objeto que é alheio ao sujeito criador. O raciocínio de Marx é muito
simples: ao criar algo fora de si, o operário se nega no objeto criado. É o
processo de OBJETIFICAÇÂO. Por isso,
o trabalho que é alienado (porque cria algo alheio ao sujeito criador)
permanece alienado até que o valor nele incorporado pela força de trabalho seja
apropriado integralmente pelo trabalhador. Em outras palavras, a produção
representa uma negação, já que o objeto se opõe ao sujeito e o nega na medida
em que o pressupõe e até o define. A apropriação do valor incorporado ao objeto
graças à força de trabalho do sujeito-produtor promove a negação da negação.
Ora seja, a partir do momento que o sujeito-produtor dá valor ao que produziu,
ele já não está mais alienado.
CONCEITOS:
CAPITALISMO,
SOCIALISMO, COMUNISMO E ANARQUISMO.
O
CAPITALISMO tem seu início na Europa.
Suas características aparecem desde a baixa idade média (do século XI ao XV)
com a transferência do centro da vida econômica social e política dos feudos
para a cidade. O feudalismo passava por uma grave crise decorrente da
catástrofe demográfica causada pela Peste Negra que dizimou 40% da população
européia e pela fome que assolava o povo. Já com o comércio reativado pelas
Cruzadas (do século XI ao XII), a Europa passou por um intenso desenvolvimento
urbano e comercial e, consequentemente, as relações de produção capitalistas se
multiplicaram, minando as bases do feudalismo. Na Idade Moderna, os reis
expandem seu poderio econômico e político atráves do mercantilismo e do
absolutismo. Dentre os defensores deste temos os filósofos Jean Bodin (“os reis
tinham o direito de impor leis aos súditos sem o consentimento deles”), Jacques
Bossuet (“o rei está no trono por vontade de Deus”) e Niccólo Machiavelli (“a
unidade política é fundamental para a grandeza de uma nação”).
Com o absolutismo e com o mercantilismo o Estado
passava a contolar a economia e a buscar colônias para adquirir metais
(metalismo) através da exploração. Isso para garantir o enriquecimento da
metrópole. Esse enriquecimento favorece a burguesia – classe que detém os meios
de produção – que passa a contestar o poder do rei, resultando na crise do
sistema absolutista. E com as revoluções burguesas, como a Revolução Francesa e
a Revolução Inglesa, estava garantido o triunfo do capitalismo.
A partir da segunda metade do século XVIII, com a
Revolução Industrial, inicia-se um processo initerrupto de produção coletiva em
massa, geração de lucro e acúmulo de capital. Na Europa Ocidental, a burguesia
assume o controle econômico e político. As sociedades vão superando os
tradicionais critérios da aristocracia (pricipalmente a do privilégio de
nascimento) e a força do capital se impõem. Surgem as primeiras teorias
econômicas: a fisiocracia e o liberalismo. Na Inglaterra, o escocês Adam Smith
(1723-1790), percursor do Liberalismo econômico, publica UMA INVESTIGAÇÂO SOBRE NATUREZAS
E CAUSAS DA RIQUEZA DAS NAÇÔES, em que defende a livre-iniciativa e a
não-inteferência do Estado na economia.
Deste ponto, para tal realidade econômica, pequenas
mudanças estruturais ocorreram em nosso fúnebre sistema capitalista.
SOCIALISMO – A História das Idéias Socialistas possui alguns
cortes de importância. O peimeiro deles é entre os socialistas Utópicos e os
socialistas Científicos, marcado pela introdução das idéais de Marx e Engels no
universo das propostas de construção da nova sociedade. O avanço das idéias
marxistas consegue dar maior homogeneidade ao movimento socialista
internacional.
Pela primeira vez, trabalhadores de países diferentes,
quando pensavam em socialismo, estavam pensando numa mesma sociedade – aquela
preconizada por Marx – e numa mesma maneira de chegar ao poder.
COMUNISMO – As idéias básicas de Karl Marx estão expressas
principalmente no livro O CAPITAL e
no O MANIFESTO COMUNISTA, obra que
escreveu com Friedrich Engels, economista alemão. Marx acriditava que a única
forma de alcançar uma sociedade feliz e harmoniosa seria com os trabalhadores
no poder. Em parte, suas idéias eram uma reação às duras condições de vida dos
trabalhadores no século XIX, na França, na Inglaterra e na Alemanha. Os
trabalhadores das fábricas e das minas eram mal pagos e tinham de trabalhar
muitas horas sob condições desumanas.
Marx estava convencido que a vitória do comunismo era
inevitável. Afirmava que a história segue certas leis imutáveis, à medida que
avança de um estágio a outro. Cada estágio caracteriza-se por lutas que
conduzem a um estágio superior de desenvolvimento. O comunismo, segundo Marx, é
o último e mais alto estágio de desenvolvimento.
Para Marx, a chave para a compreensão dos estágios do
desenvolvimento é a relação entre as diferentes classes de indivíduos na
produção de bens. Afirmava que o dono da riqueza é a classe dirigente porque
usa o poder econômico e político para impor sua vontade ao povo. Para ele, a
luta de classes é o meio pelo qual a história progride. Marx achava que a
classe dirigente jamais iria abrir mão do poder por livre e espotânea vontade e
que, assim, a luta e a violência eram inevitáveis.
O ANARQUISMO foi a proposta revolucionária internacional mais
importante do mundo durante a segunda metade do século XIX, quando foi
sustituído pelo marxismo (comunismo). Em suma, o anarquismo prega o fim do
Estado e de toda e qualquer forma de governo, que seriam as causas da
existência dos males sociais, que devem ser substituído por uma sociedade em
que os homens são livres, sem leis, polícia, tribunais ou forças armadas. A
sociedade anarquista seria organizada de acordo com a necessidade das
comunidades, cujas relações seriam voltadas ao auto-abastecimento sem fins
lucrativos e à base de trocas. A doutrina, que teve em Bukanin seu grande
expoente teórico, organizou-se primeiramente na Rússia, expandindo-se depois
para o resto da Europa e também para os Estados Unidos. O auge de sua
propagação deu-se no final do século XIX, quando agregou-se ao movimento
sindical, dando origem ao anarco-sindicalismo, que pregava que os sindicatos
eram os verdadeiros agentes das transformações sociais. Com o surgimento do
marxismo, entretanto, uma proposta revolucionária mais adequada ao quadro
social vigente no século XX, o anarquismo entrou em decadência. Sem,
contudo, deixar de ter tido sua importância histórica, como no episódio em que
os anarquistas italianos Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti foram executados
por assassinato em 1921, nos Estados Unidos, mesmo com as inúmeras evidências e
testemunhos que provavam sua incência.
REVISIONISMO
Depois da morte de Marx e Engels, a rápida
industrialização da Alemanha e o fortalecimento do partido social-democrata e
dos sindicatos melhoraram muito as condições de vida dos trabalhadores alemães,
ao mesmo tempo em que se tornou cada vez mais distante a esperada crise fatal
do regime capitalista. Eduard Bernstein em seu livro OS PRESSUPOSTOS DO SOCIALISMO E AS TAREFAS DA SOCIAL_DEMCRACIA recomendaram abandonar utópicas esperanças
revolucionárias e contentar-se, realisticamente com o fortalecimento do poder
político e econômico das organizações do proletariado, considerando-se que as
previsões marxistas de depauperamento progressivo (esgotar as forças de forma a
tornar-se muito pobre) das massas não se tinham verificado.
Esse
“revisionismo” de Bernstein foi combatido pela ortodoxia marxista, representada
por Karl kautsky. Mas praticamente o revisionismo venceu de tal maneira, que a
social-democracia alemã abandonou, enfim, o marxismo.
Ficou isolada a
marxista Rosa Luxemburg, que em uma de suas obras adaptou a teoria de Marx às
novas condições do imperialismo econômico e político do século XX.
NEOMARXISTAS: Fora da Rússia, houve e há várias tentativas de dar
ao marxismo outra base filosófica que o materialismo científico do século XIX,
que já não se afigura bastante sólido a muitos marxistas modernos. Georges
Sorel apoiando-se na filosofia do ÉLAN
VITAL de Henri Bergson postulou um movimento antiparlamentar, de violência
revolucionária, inspirado pelo “mito” de uma irresistível greve geral.
O MANIFESTO
COMUNISTA
O MANIFESTO
COMUNISTA fez a humanidade caminhar.
Não em direção ao paraíso, mas na busca (raramente bem sucedida, até agora) da
solução de problemas como a miséria e a exploração do trabalho. Rumo à
concretização do prinípio, teoricamente aceito há 200 anos, diz que “todos os
homens são iguais”. E sublinhando a novidade que afirmava que os pobres, os pequenos,
os explorados também podem ser sujeitos de suas vidas.
Por isso é um documento histórico, testemunho da
rebeldia do ser humano. Seu texto, racional, aqui e ali bombástico e, em diversas
passagens irônicas, mal esconde essa origem comum com homens e mulheres de
outros tempos: o fogo que acendeu a paixão da Liga dos Comunistas, reunida em
Londres no ano de 1847, não foi diferente do que incendiou corações e mentes na
luta contra todas as formas de opressão.
A Liga dos Comunistas encomendou a Marx e a Engels a
elaboração de um texto que tornasse claros os objetivos dela e sua maneira de
ver o mundo. E isto foi feito pelos dois jovens, um de 30 e o outro de 28 anos.
Portanto, o MANIFESTO COMUNISTA é um
conjunto afirmativo de idéias, de “verdades” em que os revolucionários da època
e de hoje acreditam, por conterem, segundo eles, elementos científicos – um
tanto economicistas – para a compreensão das transformações sociais. Nesse
sentido, o MANIFESTO é mais um
monumento do que um documento... Pétreo, determinante, forte: letras, palavras
e frases que queriam Ter o poder de uma arma para mudar o mundo, colocando no
lugar “da velha sociedade burguesa uma associação na qual o livre
desenvolvimento de cada membro é a condição para o desenvolvimento de todos”.
O MANIFESTO tem uma estrutura simples: uma breve introdução, três
capítulos e uma rápida conclusão.
A INTRODUÇÂO fala com certo orgulho, do medo que o comunismo causa
nos conservadores. O “FANTASMA” do
comunismo assusta os poderosos e unem, em uma “santa aliança”, todas as
potências da época. È a velha “satanização” do adversário, que está “fora da
ordem”, do “desobediente”. Mas o texto mostra o lado positivo disso: o
reconhecimento da força do comunismo. Se assustar tanto, é porque tem alguma
presença. Daí a necessidade de expor o modo comunista de ver o mundo e explicar
suas finalidades, tão deturpadas por aqueles que o “demonizam”.
A parte I, denominada “BURGUESES E PROLETÀRIOS”, faz um resumo da história da humanidade
até os dias de então, quando duas classes sociais antagônicas (as que titulam o
capítulo) dominam o cenário.
A grande contribuição deste capítulo talvez seja a
descrição das enormes transformações que a burguesia industrial provocava no
mundo, representando “na história um papel essencialmente revolucionário”.
Com a argúcia
de quem manejava com destreza instrumentos de análise socioeconômicas muito
originais na época, Marx e Engels relatam (com sicera admiração!) o fenômeno da
globalização que a burguesia implementava, mundializando o comércio, a
navegação, os meios de comunicação etc..
O MANIFESTO fala de ontem, mas parece dizer de hoje. O
desenvolvimento capitalista libera forças produtivas nunca vistas, “mais
colossais e variadas que todas as gerações passadas em seu conjunto”. O poderio
do capital que submete o trabalho é anunciado e nos faz pensar no agora do
revigoramento neoliberal: nos últimos 40 anos do século XX e, no início do XXI,
foram produzidos mais objetos do que em toda a produção econômica anterior,
desde os primórdios da humanidade.
A revolução tecnológica e científica a que assistimos
cujos ícones são os computadores e satélites e cujo poder hegemônico é a
burguesia, não passa de continuação daquela descrita no MANIFESTO, que “criou maravilhas maiores que as pirâmides do Egito,
que os aquedutos romanos e as catedrais góticas; conduziram expedições maiores
que as antigas migrações de povos e ceuzadas”. Um elogio ao dinamismo da
burguesia?
Impiedoso com os setores médios da sociedade – já minoritários
nas formações sociais mais conhecidas da Europa -, o MANIFESTO chega a ser cruel com os desempregados, os mendigos, os
marginalizados, “essa escória das camadas mais baixas da sociedade”, que pode
ser arrastada por uma revolução proletária, mas, por suas condições de vida,
está predisposta a “vender-se à reação”. Dá a entender que só os operários
fabris serão capazes de fazer a revolução.
A relativação do papel dos comunistas junto ao
proletariado é o aspecto mais interessante da parte II, intitulada “PROLETÁRIOS E COMUNISTAS”.
Depois de quase um século de dogmatismos, partidos
únicos e “de vanguarda” portadores de verdades inteiras, é saudável ler que “os
comunistas não formam um partido à parte, oposto a outros partidos operários, e
não têm interesses que os separem do proletariado em geral”.
Embora, sem qualquer humildade, o MANIFESTO atribua aos comunistas mais decisões, avanço, lucidez e
liderança do que às outras frações que buscam representar o proletariado, seus
objetivos são tidos como comuns: a organização dos proletários para a conquista
do poder político e a destruição de supremacia burguesa.
O “fantasma” do comunismo assombrava a Europa e o
livro procura contestar, nessa parte, todos os estigmas que as classes
poderosas e influentes jogavam sobre ele. Vejamos alguns desses estigmas,
bastante atuais, e a resposta do
MANIFESTO:
Os comunistas querem acabar com toda a propriedade,
inclusive a pessoal!
Você já deve ter ouvido isso... Em 1989, no Brasil,
quando LULA quase chegou lá, seus
adversários espalharam o boato de que as famílias de classe média teriam que
dividir suas casas com os sem-teto... A bobagem é velha, de mais de 150 anos.
Marx e Engels responderam que queriam abolir a propriedade burguesa,
capitalista. Para os socialistas, a apropriação pessoal dos frutos do trabalho
e aqueles bens indispensáveis à vida humana eram intocáveis. Ao que se sabem
roupas, calçados, moradia não são geradores de lucros para quem os possui... O MANIFESTO a esse respeito foi
definitivo, apesar de a propaganda anticomunista e burra não ter lhe dado
ouvidos: “O comunismo não retira a ninguém o poder de apropriar-se de sua parte
dos produtos sociais, tira apenas o poder de escravizar o trabalho de outrem por
meio dessa apropriação”.
Os
comunistas querem acabar com a fampilia e com a educação!
Sempre há alguém pronto para falar do comunista
“comedor de criancinha”. Ao auvir isso, não deixe de indagar se uma família
pode viver com o salário mpinimo, o pai e mãe desempregados e uma moradia sem
forneciemnto de água e sem luz. E se uma criança pode ser educada para a vida
numa escola pública abandonada pelo governo, que finge que paga aos professores
e funcionários. Na sociedade capitalista a educação é ela própria, um comércio,
uma atividade lucrativa...
Os
comunistas querem socializar as mulheres!
Essa fazia parte do catecismo de “satanização” das
idéias socialistas. “Para o burguês, sua mulher nada mais é que um instrumento
de produção. Ouvindo dizer que os instrumentos de produção serão postos em
comum, ele conclui naturalmente que haverá comunidade de mulheres. O burguês
não desconfia que se trata precisamente de dar à mulher outro papel que o de
simples instrumento de produção”. È bom
lembrar que alguns socialistas, até hoje, não conseguiram aceitar essa nova
compreensão da mulher. O machismo nega o marxismo...
A parte III,
denominada “LITERATURA SOCIALISTA E
COMUNISTA” faz fortes críticas às diferentes correntes socialistas da
época.
O MANIFESTO corta com a afiada faca da ironia três tipos de
socialismo da época: o “socialismo reacionário” (subdividido em socialismo
feudal, socialismo pequeno-burguês e socialismo alemão, o “socialismo
conservador e burguês” e o “socialismo e comunismo crítico-utópico”).
Nesse capítulo a obra mostra seu caráter temporal,
quase local. Revela sua profunda imersão na efervescência das idéias e combates
daquela época, quando a aristocracia, para salvar os dedos já sem seus ricos
anéis, condena a burguesia e, numa súbita generosidade, tece loas a um vago
socialismo.
A conclusão, “POSIÇÂO
DOS COMUNISTAS DIANTE DOS DIFERENTES PARTIDOS
DE OPOSIÇÂO” é um relato das táticas adotadas naquele momento pelos
comunistas, na França, na Suiça, na Polônia e na Alemanha. Estados Unidos e
Rússia, que viviam momentos de alta tensão social e política, não são mencionados,
como reconheceu Engels em maio de 1890, ao destacar com sinceridade “o quanto
era estreito o terreno de ação do movimento proletário no momento da primeira
publicação do MANIFESTO em fevereiro
de 1848”.
O MANIFESTO
COMUNISTA como não poderia deixar de
ser, termina triunfalista e animando. Não quer espiritualizar e sim emocionar
para a luta. Curiosamente, retoma a idéia do “fantasma”, ao desejar que “as
classes dominantes tremam diante da idéia de uma revolução comunista”. Os
peoletários, que têm um mundo a ganhar com a revolução, também são, afinal,
conclamados, na célebre frase, que tantos sonhos, projetos de vida e revoluções
sociais já inspirou:
“PROLETÁRIOS DE TODOS OS PAÍSES, UNI-VOS!”
O atual momento de crise que atravessa o capitalismo,
com suas nuances de capital volátil, é um exemplo claro daquilo que Marx e
Engels preconizava no manifesto a mais de 150 anos atrás. Portanto, dizer que
as idéias e atitudes descritas pelos dois gênios dos ideáis socialistas estão
utrapassados é no mínimo ingenuidade para não dizer ignorância.
_________________________
*Jeorge Luiz Cardozo é professor mestre da Faculdade
Dom Luiz/Dom Pedro II e assessor técnico da Secretaria Municipal da Educação de
Salvador.
Nenhum comentário:
Postar um comentário