O BRASIL NÃO É PARA AMADORES
Por Aninha Franco*
Adaptação Jeorge Cardozo*
O surpreendente País do Futebol fez da
visita do Papa Francisco, guia máximo de uma religião em declínio, o melhor
espetáculo do ano, até agora. De prosa elegante e impactante, como seus
antecessores da Companhia de Jesus, Antônio Vieira (1608-1697) e Manoel da
Nóbrega (1517-1570), Francisco encantou católica desencantados e até ateus com
seu discurso. A Companhia de Jesus, ordem de Francisco, a mais intelectual das
ordens católicas, educou os brasileiros de 1549 a 1759, quando o Marquês de
Pombal a expulsou do Brasil, impaciente com o seu poder na Colônia. Outras
ordens chegaram, desde os primeiros minutos de Brasil, muitas, mas aos
Jesuítas, ou inacianos (Santo Inácio de Loyola é o fundador), o Papa e o Rei
entregaram a catequese dos autóctones e a educação dos brasileiros.
Os Jesuítas não foram bem-sucedidos na
tarefa que o Rei João 3º, cognominado pelos historiadores de “O Colonizador” e
por seus contemporâneos de “O Pateta”, e o Papa Paulo 3º lhes confiaram. A
Colônia não era para amadores, diria Tom Jobim, se aqui estivesse. E a má
educação secular espalhou-se, imperial, ainda hoje, sem perspectivas de melhorias.
Falta educação aos empresários, que só cumprem a Lei quando sofrem perdas
materiais. Após interdição, o estacionamento do Pelourinho, que precisa do
empenho de todos, políticos, empresários, cidadãos, para ser o bairro mais
respeitável do Brasil, abismou os freqüentadores com sua limpeza e
luminosidade. Falta educação aos cartolas, que transformam agremiações
populares em feudos privados, sufocando-lhes a vitalidade com péssimas gestões!
Viva o Baêêêa Livre!
Falta educação aos políticos, que saqueiam
seus empregadores, os eleitores, com desvios regulares de verbas. Falta
educação aos cidadãos, que confessam suas idiotias – o vocábulo idiota foi
criado pelos gregos para nominar os que optavam pelo não envolvimento político
– com orgulhos. E que praticam, na vida privada, o que os senhores de Brasília
praticam no cotidiano da vida pública.
Falta educação aos nossos jovens que, vão às ruas, em busca de
transformações que, nem eles mesmos sabem quais são, pois, assim, que chegarem
as eleições, vendem os seus votos ou trocam por favores escusos, ou
simplesmente votam-nos mesmos que estão aí, ou trazem os “defuntos” de volta, é
só ver o caso aqui de Salvador. Que o diga o “Netinho Jr.”. Portanto, esperamos
que a passagem de Francisco e os gritos vindos das ruas, sejam de mudanças de
mentalidade política de verdade, por parte de nossos jovens. A passagem de
Francisco foi educativa. Será?
*Aninha
Franco é jornalista do grupo A tarde.
*Jeorge
Luiz Cardozo é professor mestre.
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