A RESSUSCITAÇÃO DE KEYNES.
Por Jeorge Cardozo*
Está entrando em decadência com essa nova
crise cítrica do capitalismo, uma corrente de pensamento econômico liderada por
Hayek e Friedman que operou em grande parte do mundo por mais de 30 anos.
Caracterizada como neoliberal ou novo liberalismo, sem, no entanto, resolver
(pelos menos em médio e longo prazo), os problemas criados por esse modelo.
Baseado na idéia de que as forças internas do mercado por si só, seriam capazes
de conduzir e delinear os tramite das economias nacionais. Com o slogan da “mão
invisível”, todos os problemas do mercado seriam resolvidos e a prosperidade
geral assegurada, falhou feio.
A derrocada começou exatamente
onde ninguém esperava, na maior economia do planeta e governada por um
transloucado que acha que, a guerra e a invasão a soberania de outros países,
são suficientes para se manter um império de pé. Errou feio. Para barrar a
economia mundial do colapso, já foram gastos até o momento, uns três trilhões
de dólares. No Brasil teve início com o governo Collor, continuou com as
privatizações de FHC e com o colapso cambial de 1999, demonstrando uma
incompetência geral.
Com isso, fica claro que cada 30 anos uma
corrente de pensamento econômico surge e desacelera a outra. Antes do
neoliberalismo, tivemos a presença firme dos chamados keynesianos, tendo o
inglês John Maynard Keynes como patrono, que proponha a intervenção do estado
na economia, que eram combatidos pelo austríaco Friedrich Hayek e o americano
Milton Friedman. Para Hayek o planejamento econômico e a ação dos governos eram
o “Caminho da Servidão”, título de sua obra principal, publicada em 1944. No
inicio, foi massacrado por todos. Assim como Keynes o tinha sido antes. Porém ,
em 1974, deram-lhe o Prêmio Nobel de Economia. E, dois anos após era a vez de
Friedman.
Com a segunda crise cítrica do capitalismo nos
anos 70, os Keynesianos saíram de cena. A vitória de governos conservadores
como Pinochet no Chile 1974, Margaret Thatcher na Inglaterra 1979 e Ronald
Reagan nos Estados Unidos 2000, reacenderam as idéias de Hayek e Friedman.
Neste momento, os Keynesianos foram massacrados.
Por ironia do destino, foi um
governo conservador como de George w. Bush, preconizado nas idéias de Hayek e
Friedman, quem tem levado a economia dos Estados Unidos para o buraco e, com
ele, as demais economias nacionais macro globalizadas. No primeiro momento
liberando as práticas da banca em nome da liberdade do mercado. Em seguida,
recorrendo a mais elementar das construções Keynesianas para evitar o desastre
e foi buscar no caixão da viúva o remédio para a crise. Destarte, Hayek e
Friedman em hipótese alguma, defenderiam as políticas de seus discípulos.
Portanto, nestes momentos de
inflexão do capitalismo, mais uma vez, as idéias ressuscitadas de Keynes
ressurgem como salvadora da pátria deles e, consequentemente, nossa no planeta
macro globalizado onde as economias nacionais tornaram-se reféns do mercado
liberal.
Com isso, fica clara a
necessidade de construção de novas alternativas no campo da política e de
surgimento de novos atores com capacidade de organizar no seio da luta de
classe, novos paradigmas de inserção do proletariado na derrubada da estrutura
descrita acima e implementação de projetos coletivos de desenvolvimento da
economia, dando um basta na luta de classe e, consequentemente, no modelo
econômico capitalista.
No entanto, em pleno século XXI, depois de
tantas crises e soluções mirabolantes por parte de teóricos do capitalismo para
resolver os problemas criados por eles mesmos, as idéias delineadas por Karl
Marx continuam mais vivas do que nunca principalmente, a analise que ele fez
sobre essas crises cítricas do capitalismo que, na visão dele, serão superados
pelo próprio capitalismo por determinado momento, até que entre em contradição
com ele mesmo. A contradição na visão de Marx é o momento em que o capitalismo
não superará mais, as contradições que ele mesmo criou então, será superado por
um novo modelo.
Destarte, esperar a superação do capitalismo
pela sua própria contradição, poderá levar muito tempo como diria o próprio
Marx. Por esta causa é que ele coloca o método revolucionário como o mais
eficaz e mais rápido para se chegar ao socialismo. Mas para tal envergadura, é
preciso que se tenha uma massa revolucionária preparada para enfrentar todas as
lutas que se antecederá à tomada de poder. Por isso é que Marx coloca a
preparação ou formação de quadros como fator fundamental de organização de um
processo revolucionário.
No atual momento, em que a
chamada democracia burguesa prevalece sobre um grande contingente de nações, a
tomada de poder através de democracia participativa como a que vem acontecendo
na Venezuela, Bolívia, Equador e iniciando no Paraguai, onde dirigentes de
perfil esquerdista têm chegado ao poder através da chamada democracia burguesa
e depois se utilizam da democracia participativa para fazer as mudanças dentro
da legalidade constitucional sem ferir de certa forma, as suas constituições, é
um bom exemplo de mudanças de mentalidade de povos que há muito, são submetidos
aos saques colônias dos impérios capitalistas, é um bom exemplo aqui para o
Brasil.
Obviamente que quando elegemos o
presidente Lula aqui no Brasil, era essa a nossa expectativa. Destarte, com os
rumos tomados pelo presidente Lula e pelo seu PT, criou um vazio na verdadeira
esquerda brasileira que, se sentiu de certa forma, traída pelo PT e os demais
partidos ditos de esquerda. O fato positivo disto foi à criação do PSOL como
partido de vanguarda das mudanças democráticas participativas que o Brasil
precisa com toda a sua gente. No entanto, temos um longo caminho a percorrer,
pois, não se constrói um partido de vanguarda de mudanças em um curto espaço de
tempo, principalmente com as instituições sociais cooptadas pelo atual governo
como Sindicatos, ONGs, Setores da Igreja, Associações e Movimentos Sociais,
todos cooptados através de distribuições de cargos e outros antagonismos de
cooptação.
No meu humilde entendimento, é preciso que os
camaradas do PSOL busquem, mesmo com todas as dificuldades encontradas na fase
inicial de construção de um partido de vanguarda, ocupar todos os espaços
possíveis de discussão política e de trocas de idéias, para fazer a disputa por
dentro das organizações tanto pública quanto privada de um novo modelo
ideológico centrado em mudanças concretas de mentalidade e de difusão delas. É
necessário também que se faça criticas consistente ao atual governo,
demonstrando os pontos fracos do governo e soluções viáveis para a solução do
problema, pois, a critica pela critica sem mostrar de fato o que podemos fazer
pode se virar contra nós mesmos. Já que o atual governo goza de grande
popularidade por conta de medidas de cunho assistencialista e, principalmente,
por sua identificação com a massa que, vê nele, a sua imagem e semelhança pela
sua própria trajetória de vida.
Como analise final, é preciso dizer que este
artigo tem apenas a pretensão de abrir o debate, e não de ser considerado como
verdade imutável.
*Jeorge Luiz Cardozo é mestre em
políticas públicas e desenvolvimento local sustentável.
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